Filme - Nise: O Coração da Loucura

Nise: O Coração da Loucura
Brasil - 2016

Conheci o trabalho da Dra. Nise da Silveira há mais de 20 anos, vi pessoalmente as obras dos artistas do Hospital do Engenho de Dentro. É algo realmente impressionante.

Isso descortinou uma nova trajetória em minha vida profissional e pessoal. Tornei-me uma profunda admiradora dessa mestra e quando soube que seria lançado um filme sobre ela, vibrei de alegria!

Esta grande mulher foi uma heroína e deixou um legado de valor inestimável, mudou os rumos do tratamento psiquiátrico dos doentes chamados "crônicos irrecuperáveis" numa época onde não haviam medicamentos disponíveis para o tratamento das psicoses. E tudo através da arte.

Glória Pires está ótima no papel de Nise e os atores que fazem o papel dos pacientes são excelentes. A reconstituição de época é perfeita e muito fiel aos fatos.

Nise da Silveira (1905-1999) foi presa em 1936, durante a Era Vargas, acusada de ter livros subversivos em sua biblioteca. Ficou 1 ano e meio na prisão por causa disso! E depois ficou 8 anos sem poder trabalhar, até que todo o processo se encerrasse.

O filme começa em 1944, no momento do retorno ao trabalho no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro. Mostra seu trabalho de criação do Ateliê de Arte-Terapia em 1945, chamado na época de Serviço de Terapia Ocupacional. 

Sabia que sua luta contra o sistema manicomial tinha sido difícil, mas não imaginava que fosse tanto. Ela ainda teve que enfrentar muita discriminação por ser a única psiquiatra do sexo feminino e por ser "subversiva". Que fibra!

Este é um filme intenso, mostra a realidade cruel do sistema manicomial na década de 40. Tem algumas cenas impactantes. Hoje não existem mais manicômios.

Mas é emocionante ver a transformação que ela gerou pela humanização do tratamento psiquiátrico e a valorização das imagens do inconsciente mesmo contra todos os obstáculos criados por seus próprios colegas. 

Viveu 94 anos, lúcida e ativa, teve seu trabalho reconhecido dentro e fora do Brasil, inclusive pelo próprio Jung. E criou uma legião de seguidores...

Em 1952 foi fundado o Museu do Inconsciente do Engenho de Dentro que conserva todas as obras dos pacientes e o seu legado. Foi restaurado recentemente, está lindo. Você pode ver um vídeo do museu com um passeio virtual aqui e um pouco da história dela e obras dos pacientes aqui (são vídeos curtos, mas bem legais).

Nos créditos finais há uma pequena entrevista com verdadeira Dra. Nise já bem idosa, e cenas dos pacientes originais fazendo arte.

Um filme essencial para todos os profissionais de saúde mental e para todas as pessoas que queiram conhecer um pouco desta mulher incrível que se dedicou ao próximo com tanto amor.

Recomendo!

Já não está mais nos cinemas, mas é fácil de encontrar on-line.



5 comentários:

  1. Bom dia amiga Cristiane!
    Boa dica, vou assistir ao filme!
    Aqui sempre se aprende e viver é isso, estar sempre acrescentado algo para pensar e repensar a vida!
    Abraços bem apertados!

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  2. Deve ser um filme incrível!
    Adorei a dica amiga, obrigada.
    bjus!

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  3. Olá, Cristiane.
    Os pioneiros são sempre os que mais sofrem, por ter que criar as condições, sem que ninguém, anteriormente lhes tenha deixado testemunho ou meios para vingarem e, como se isso não bastasse, tantas vezes ainda têm que desbravar a floresta das políticas mal intencionadas; da ignorância; dos preconceitos; dos percalços inerentes a tudo o que é novo.
    Naturalmente que não tinha conhecimento da doutora em causa, mas a descrição que você faz de sua vida mostram o quanto foi importante e lutadora. E, com Glória Pires defendendo o papel, há-de ser um filme de duplamente de grande valor.

    bjn amigo

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  4. Oi Cris,
    Eu tenho preconceito contra filme nacional, pois já assisti muitas porcarias e a vida é muito curta para ler livros ruins e filmes péssimos, então estava com o pé atrás quanto a este filme. Você me fez mudar de ideia, vou assistir.
    Bjs

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  5. Já li sobre ela e fiquei encantada, bem como, emocionada pelo trabalho, história e força.
    Não sabia do filme, obrigado Cris.

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