Lobas Graduadas!!! Correndo com Lobos - Turma 2016/17



Chegamos ao final desta linda jornada com mais um grupo de estudos e vivências do livro Mulheres Que Correm Com Os Lobos

Foram 2 anos de trabalho intenso, cada capítulo com  tarefas preparatórias em casa e as vivências em grupo. Aprendemos a trabalhar com foco, disciplina, dedicação e muita criatividade.

Foram tantas histórias partilhadas, tantas descobertas e transformações, barreiras ultrapassadas, dificuldades superadas...amizades que se construíram, o amor e solidariedade que criamos no grupo, as lágrimas e as risadas, as brincadeiras no happy hour após o encontro...

Um grupo muito especial e pela primeira vez com mulheres vindas de outros estados do Brasil.

Ao final, ver cada uma desabrochando em toda sua beleza e plenitude, que satisfação!

Vejam nosso painel de lembranças, quantas coisas lindas!





Maravilhoso....Que alegria...


Esta imagem mostra a força que descobrimos na jornada: agora conectadas com a nossa natureza mais profunda; com nossos recursos internos e instintos representados pelos animais; e com as mãos sujas de terra, mostrando nossa ligação com a natureza e o corpo.

Prontas para deixarmos nossa marca através do cuidado amoroso com a existência.

Parabéns Lobas, vocês são Incríveis!!! 
Espero reencontrá-las no ano que vem nos outros cursos.

Lembrem das frases do livro que repetimos tanto:

"A ingenuidade não é um atributo da mulher selvagem."

"Não deixem sua lamparina debaixo da mesa. Tragam sua luz para o mundo!"

Resumo dos encontros, clique aqui

As fotos, aqui

Informações: aqui

Agora os grupos entram em férias, em março de 2018 uma nova turma começará a jornada...

Até breve!

Filme - A Vida Secreta das Abelhas


   Este filme é lindo,  tocante e com uma redenção final magnífica! É um filme independente, premiado no Festival de Sundance.
   Foi indicado para complementar o trabalho do Capítulo 14 do Livro Mulheres que Correm com os Lobos: A Selva Subterrânea, por isso trago novamente esta postagem.
     Ele é especial por abordar de forma profunda e  poética a questão do resgate do feminino através do encontro com o sagrado. 
    Ambientado no sul dos EUA na década de 60,  numa região apegada a tradições rígidas onde as mulheres e os negros sofriam intensa discriminação e violência. 
    Lilly (excelente interpretação de Dakota Fanning) é uma garota  que sofre com os maus tratos do pai. Ela ainda sente a ausência da mãe, morta num trágico acidente, do qual ela carrega muita culpa.
   Até que um dia Lilly foge com sua empregada Rosalyn e vai parar na fazenda de August (Queen Latifah, ótima nesse papel), uma apicultora bem sucedida, que produz o melhor mel de toda a região. Ela é acolhida por August e suas irmãs.
   August ensina  a Lilly tudo sobre a vida secreta das abelhas,  que nesse processo vai resgatando e cuidando das feridas do seu passado, descobrindo uma nova forma de viver, em conexão com a natureza  e o feminino sagrado.
   Além disso, há vários personagens interessantes cujas histórias vão se entrelaçando e enriquecendo ainda mais a trama, que nos faz experimentar muitas emoções.
     O filme toca também na questão da reparação de um mal. O passado não volta, não pode ser mudado. O que podemos fazer é mudar nosso olhar e nossos sentimentos em relação a ele. Nem tudo pode ser reparado, consertado, mas é possível realizar essa reparação internamente, através do perdão e do cuidado amoroso.
    A seqüência final é magnífica, daquelas em que voltamos o DVD várias vezes para rever. 
    O livro que deu origem ao filme é maravilhoso também.
    Permite muitas amplificações simbólicas, ao final temos a sensação de que algo dentro de nós curou-se também. 
    Recomendo a todas!


     

Correndo Com Lobos - Capítulo 14 - A Donzela Sem Mãos - A Selva Subterrânea

O capítulo 14 é baseado num conto impactante dos irmãos Grimm. Se você não tem o livro, poderá ler o conto aqui.

É longo e complexo, seria impossível abordar todo o conteúdo na forma de post, mas vou destacar alguns pontos.

Um dos pontos principais é o pacto sinistro que às vezes fazemos enganando à nós mesmas, levando à mutilação da alma. A donzela perde as mãos, significando que a partir daí todo o processo estará fora do controle da consciência, perdeu-se a capacidade de moldar a própria vida.

Para podermos sair desta situação é necessário um longo mergulho dentro de si mesma, uma jornada na floresta escura repleta de perigos. Se formos bem sucedidas, poderemos recuperar as mãos como a donzela, ou seja, recuperar a capacidade de cuidar da própria vida, mas agora numa condição diferente, num outro nível de consciência.

Essa volta se dá através do reencontro do Rei com sua esposa e o filho, mostrando que nesse processo houve o resgate de um aspecto íntegro e amoroso (o Rei) e o nascimento de novas possibilidades de existência (o bebê).


Este conto nos alerta que não existem atalhos para o caminho do auto-conhecimento, aquilo que parece um “ótimo negócio” à primeira vista, pode ser uma grande armadilha. 

O que moveu os pais da donzela a fazer o pacto foi a avidez. A avidez nos coloca no estado de velocidade, de desconexão com nossa essência, pois quem está ávido por algo, quer aquilo logo, não é? E acaba não medindo as conseqüências. 

Sem falar que a separação entre o desejo e a obsessão é uma linha muito tênue. É preciso atenção e cuidado para não ultrapassarmos essa linha.

Como podemos evitar esse engano? 

Através do estado de Presença. Sair do piloto automático, permitir-se parar, respirar, refletir, reconectar-se com seu centro. Essa é a saída. 


Como estamos chegando ao final de uma longa jornada, fizemos uma vivência em duplas com massagem de extremidades, bem relaxante. Depois celebramos com as danças circulares que aprendemos durante este curso.

Queridas amigas, é maravilhoso realizar este trabalho com vocês, um grande aprendizado para mim também. Este grupo é muito especial, por sua característica de acolhimento amoroso, respeito e alegria. Vocês poderão ver as fotos do nosso grupo aqui.

No próximo encontro finalizaremos o livro com o Capítulo 15 - Canto Profundo. 



Grupo Mito e Psique - Suméria -Deusas Inana e Ereshkigal - Final

Ao voltar, a primeira pessoa que ela encontra é Ninshubur, sua fiel sacerdotiza, que lutou para salvá-la. Os soldados querem levá-la, mas Inana os impede. Não pode enviá-la ao submundo, tem um débito de gratidão com ela.

Seguem para seu castelo e ao chegar, ao invés de encontrar luto por sua morte,  há uma festa. Dumuzi sentado em seu trono cercado de belas dançarinas. Que traição! Ela manda que os soldados o levem para o submundo.

A irmã de Dumuzi, Geshtinana (a Deusa do Vinho) fica transtornada com o destino do irmão e pede à Deusa que possa revezar com ele no submundo. Ela concorda. Cada um deles passa metade do ano na superfície e outra metade no mundo dos mortos.

Quando corre a notícia do retorno de Inana, acontecem celebrações em todos os templos para Aquela que por amor aos seres humanos, escolheu viver na terra e quis conhecer o destino dos homens, desceu à Mansão dos Mortos e ressuscitou no terceiro dia (essa frase do poema original foi depois copiada pelo cristianismo como parte da oração do Credo).

Ela recebeu o título de Redentora da Humanidade. Pois trouxe um sentido para a morte no ciclo da vida e mostrou que o amor nos conecta com a eternidade e de forma simbólica nos possibilita transcender a finitude.

Ficou durante quarenta dias na terra orientando seus devotos e depois ascendeu aos Céus, mas estava sempre atenta aos seres humanos e suas súplicas.

Ereshkigal estava presa no Submundo, mas encontrou uma redenção através de sua filha Lilith, que era livre para transitar entre os mundos e visitar o Reino dos Deuses. Como Lilith era belíssima e amorosa, era cortejada por todos. Acabou casando-se com Enki, o Deus das águas doces, e teve duas filhas. Duas Deusas muito belas, corajosas e fortes, cada uma delas casou-se com um filho de Eva* e deram origem aos Sumérios e à linhagem dos Reis da Suméria.

*A lenda de Adão e Eva teve origem com os Sumérios. Para eles, Eva foi feita de barro pelo Deus dos Céus e colocada no ventre da Deusa da Terra para que ganhasse vida. Eles quiseram dar-lhe um companheiro, então depois Adão foi criado da mesma forma. Eles eram humanos, feitos do barro, mas filhos dos Deuses. Na história original, Eva foi criada primeiro! Só depois de muitos séculos outros povos inventaram a história da tal costela de Adão...

Dessa forma, os Sumérios acreditavam ter origem divina através do casamento das netas de Ereshkigal (filhas de Lilith)  com os filhos de Eva, consideradas suas ancestrais. Em seus templos, eles cultuavam Lilith, como Deusa da Beleza e do Amor e também Inana por seu Cuidado, Proteção e Fertilidade.

Depois de milênios, surgiram as religiões monoteístas que combatiam o culto à essas Deusas e criaram outras histórias sobre elas para denegrir sua imagem. 

Lindo esse mito, não é? 
Tem muitos significados simbólicos e psicológicos importantes para nosso desenvolvimento.
Você consegue decifrar algum? 

Se perdeu a primeira parte, clique aqui. A segunda parte (aqui).



Grupo Mito e Psique - Suméria - Deusas Inana e Ereshkigal - Parte 2

Inana passando pelo portal para o Submundo


Inana inicia a descida para o Reino dos Mortos, mas Ereshkigal, tendo ouvido que sua irmã estava a caminho do submundo, fica furiosa: "Quando gritei e implorei por ajuda, ninguém me ouviu! Agora ela vem me fazer uma visita? Como assim?" 

"Este é o Reino dos Mortos! Ninguém vem aqui a passeio."

Inana chega no primeiro portal e encontra um juiz, um guardião, que a impede de passar a menos que deixe sua coroa de Deusa. Ela aceita, entrega a Coroa e continua seu caminho.

No segundo portal, outro guardião pede que deixe seus brincos e seu colar. Caso contrário não poderá prosseguir. Ela os entrega e continua.

No terceiro portal, deixa seu colar de contas de orações.

No quarto portal ela entrega seu escudo peitoral de ouro.

No quinto, seus braceletes.

No sexto, seu cetro de lápiz lázuli, sua barra de medição.

No sétimo, todas as suas roupas. Ela chega diante de Ereshkigal nua e curvada.

Deusa Inana, também chamada de Ishtar, seu símbolo é a serpente e a estrela de oito pontas.

Inana encontra Ereshkigal furiosa e prestes a dar à luz. Ela diz à irmã: "Sacrifiquei tudo para chegar até aqui." Mas Ereshkigal responde: "Não entendeu que você é o sacrifício?" E lança sobre a irmã o olhar da morte. Inana morre, e Ereshkigal manda que pendurem-na pelos pés em uma árvore, para que apodreça.

Três dias se passam e como a Deusa não retornou, Ninshubur vai aos Deuses dos Céus pedir ajuda. Eles a ignoram. Ela fica desesperada e vai até Enki, o Deus das águas doces e suplica por ajuda. Ele se compadece, e com o barro que estava debaixo de suas unhas cria duas criaturinhas minúsculas, sopra-lhes a vida e lhes entrega o pão e a água da vida.

Deusa Ereshkigal

Essas criaturas são tão pequeninas que passam despercebidas pelos guardiões dos portais e chegam rapidamente ao submundo, encontrando Ereshkigal em dores de parto, gritando e lamentando. Eles ficam ao seu lado pacientemente, apenas ecoando seus lamentos.

Ela grita: "Ai minha dor!"....e eles ecoam: "Ai, sua dor!"...

"Ai, meu destino...." e eles: "Ai, seu destino"....

E assim ela pode lamentar-se, sofrer e gritar diante desses seres que a acolhem sem qualquer julgamento, sem necessidade de dar uma resposta. Ao final do trabalho de parto, ela dá à luz uma linda menina, uma Deusa chamada Lilith (depois o monoteísmo deturpou totalmente a história de Lilith).

Deusa Lilith

Ela fica tão agradecida a esses seres, que oferece a eles o que quiserem. Eles dizem que querem apenas o corpo de Inana e ela concorda.

Eles retiram o corpo de Inana da árvore e colocam o pão e a água da vida em sua boca. Ela volta a viver! 

Eles iniciarão a jornada de volta à superfície, mas antes Ereshkigal os avisa de que alguém deve tomar o lugar de Inana, pois a quantidade de almas no reino dos mortos não pode mudar. Ela envia um grupo de soldados com Inana para garantir que trarão um substituto.

E agora? 

Na terceira e última parte...Já, já...Aguarde.


Se perdeu a primeira parte (aqui).