Vício da Perfeição: Como Identificar e Cuidar? A Vida Fica Bem Mais Leve!



O vício da perfeição aparece de forma sutil e está tão arraigado em nossas vidas que não percebemos!

Como identificá-lo?

Quando uma voz interior fica o tempo todo dizendo:

"Eu deveria ser melhor."
"Deveria decidir mais depressa."
"Eu deveria ser mais corajosa."
"Não sou boa o bastante."
"Tenho que..."
"É imperioso que..."
"Deveria, deveria, deveria...."

Todas as vezes em que usamos estas palavras: "Deveria, tenho que..." nos distanciamos do desejo da alma, negligenciamos nossos sentimentos.

Essa voz que acreditamos ser a nossa, na verdade é a voz do Vício da Perfeição.

São falas que ouvimos daqueles que nos criaram e que internalizamos ainda crianças.

Como Cuidar?

É importante reconhecer essa voz interna que cobra, julga, critica...
Tomar consciência dela é o primeiro passo para a transformação.

Então, quando ela aparecer com:
"Você tem que..."
"Você deveria..."

Respire fundo e diga para si mesma:
"Ok. Estou percebendo essa cobrança, mas essa não é a voz da minha alma."

Apenas reconheça. Julgamentos e cobranças neste momento apenas reforçam esse padrão!

A única cura possível é através do Amor. Cuidando-se amorosamente.

Conecte-se com seus sentimentos, com seus desejos, e aí a cura começa...

Estamos no final deste capítulo lindo do livro A Feminilidade Consciente, de Marion Woodman, que tem trazido tantas partilhas e insights! 

Foi um encontro maravilhoso! ❤️

Gratidão a todas, mês que vem tem mais...😉



Às Vezes Um Deus Selvagem...


Às vezes um deus selvagem chega à mesa.
Ele é estranho e não conhece as artes da porcelana,
Dos talheres, da mostarda e da prata.
Sua voz transforma o vinho em vinagre.

Quando o deus selvagem chegar à porta,
Você provavelmente vai temê-lo.
Ele lembra algo escuro
Com que você talvez tenha sonhado,
Ou o segredo que você não quer compartilhar.

Ele não toca a campainha;
Em vez disso, raspa a porta com os dedos,
Manchando a tinta de sangue,
Embora as prímulas cresçam em círculos ao redor de seus pés.

Você não quer deixá-lo entrar.
Você está muito ocupado.
É tarde, ou cedo, e, além disso,
Você não consegue olhar de frente para ele
Porque ele o faz querer chorar.

Seu cachorro late; 
O deus selvagem sorri.
Estende a mão,
E o cão lambe suas feridas.
Depois o leva para dentro.

O deus selvagem está de pé em sua cozinha.
A hera tomou conta de seu aparador,
O visco se instalou nos abajures, 
E as carriças começaram a cantar
Uma canção antiga no bico de sua chaleira.

“Não tenho muito”, você diz, 
E lhe dá o que há de pior em sua comida.
Ele se senta à mesa, sangrando, 
Tosse raposas.
Há lontras em seus olhos.

Quando sua esposa chama lá de cima,
Você fecha a porta 
E diz que está tudo bem.
Você não vai deixar que ela veja
O estranho hóspede à sua mesa.

O deus selvagem pede whiskey
E você lhe serve um copo,
Depois serve outro para si mesmo.
Três cobras começam a fazer ninho
Em sua laringe. Você tosse.

Ó, espaço infinito!
Ó, mistério eterno!
Ó, infindáveis ciclos de morte e nascimento!
Ó, milagre da vida!
Ó, assombrosa dança disso tudo!

Você tosse novamente,
Cospe as cobras
E dilui o whiskey, 
Enquanto se pergunta como envelheceu tanto
E onde foi sua paixão.

O deus selvagem enfia a mão numa bolsa
Feita de pele de toupeira e rouxinol.
Tira dela uma flauta de bambus,
Ergue uma sobrancelha
E todos os pássaros começam a cantar.

A raposa pula para dentro de seus olhos.
As lontras correm da escuridão.
As cobras se espalham por seu corpo.
Seu cachorro uiva e, no andar de cima,
Sua mulher se alegra e chora ao mesmo tempo.

O deus selvagem dança com seu cachorro.
Você dança com os pardais.
Um veado branco puxa um banco
E muge, entoando hinos para encantamentos.
Um pelicano pula de cadeira em cadeira.

À distância, guerreiros pulam de seus túmulos; 
O ouro antigo cresce como grama nos campos.
Todos sonham com as letras de canções há muito esquecidas.
As colinas ecoam e as pedras cinzentas soam
Com risadas, loucura e dor.

No meio da dança,
A casa se eleva do chão.
As nuvens entram pelas janelas;
O raio atinge a mesa com força
E a lua se inclina para dentro.

O deus selvagem aponta em sua direção.
Você sangra muito.
Você sangra há muito tempo,
Talvez desde que nasceu.
Há um urso na ferida.

“Por que você me deixou morrer?”
Pergunta o deus selvagem e você diz,
“Eu estava ocupado sobrevivendo.
As lojas estavam todas fechadas;
Eu não sabia como. Sinto muito.”

Escute-os:
A raposa em seu pescoço 
E as cobras em seus braços,
A carriça e o pardal
E o veado ...
As grandes bestas inomináveis
Em seu fígado e seus rins e seu coração ...

Há uma sinfonia de uivos.
Uma cacofonia de conflitos.
O deus selvagem balança sua cabeça e
Você acorda no chão
Segurando uma faca,
Uma garrafa e um punhado de pelo preto na mão.

Seu cachorro dorme na mesa.
Sua esposa se agita lá em cima.
Lágrimas lhe correm pela face;
Sua boca dói de rir e gritar.
Um urso negro está sentado junto ao fogo.

Às vezes um deus selvagem chega à mesa.
Ele é estranho e não conhece as artes da porcelana,
Dos talheres, da mostarda e da prata.
Sua voz transforma o vinho em vinagre
E ele traz os mortos de volta à vida.

Autor: Tom Hirons
Tradução: Lourdinha Heredia


Harmonize-se com o Inverno


E chegou o Solstício de Inverno!

Foi a noite mais longa do ano, contendo em si a semente da luz -  que começa a aumentar juntamente com a duração do dia - até chegarmos ao equinócio da primavera, quando o dia e a noite terão a mesma duração.

Na antiguidade esta data era extremamente importante, marcando o Renascimento do Sol e a Regeneração da Terra. Havia muitas festas e danças ao redor do fogo, e o costume de pular a fogueira, que consideravam uma forma de purificação. Os solteiros que pulassem a fogueira acreditavam que encontrariam seu amor.

Estes costumes sofreram várias mudanças ao longo do tempo. No Brasil temos as festas juninas, uma lembrança desta época. Não é à toa que se canta: “Pula a fogueira Iaiá, pula a fogueira Ioiô..."


Com relação à saúde: as temperaturas mais frias são propícias para exercícios  vigorosos que ativam a circulação do sangue e aquecem o corpo. Também é preciso cuidar dos rins, o órgão chave desta estação, tomando muitos líquidos como sopas, caldos, chás…


Use  e abuse do gengibre nos chás e sopas, ele desintoxica o fígado e tonifica os rins, aumentando o fluxo da energia vital. O cravo e a canela, o mel e o limão também são bem vindos, ajudam a esquentar e a combater infecções.

O Inverno é o tempo do conforto, da boa comida, do aquecimento, do toque da mão amiga, da conversa ao pé da lareira: é o tempo do lar.


Do ponto de vista espiritual é uma época de regeneração, purificação e recolhimento. Quando refletimos sobre nosso caminho e fazemos as correções necessárias na trajetória para seguirmos na direção correta. O momento de vislumbrar o futuro, meditando e confiando nas orientações da nossa voz interior. É a incubação.

“A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós – os humanos – não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queríamos?”

Khalil Gibran


Limpe a Luz! Vídeo Encantador..



Inspiradora experiência da Dra. Bertice Berry, que faz lembrar a frase da Clarissa, no Livro Mulheres que Correm com os Lobos: 

"Não deixe sua lamparina debaixo da mesa!"

Lindo demais...

Legendado em português. 






Casa Para Uma Mulher Arquivelha

 

Quando criança
Sentia-me ao mesmo tempo
Uma menina solitária,
franzina

E uma velha muito sábia,
Muito digna,
Que conhecia coisas humanas e divinas.

Nessa casa,
Cheia de quartos e quinas,
Viverá esta velha,
Arquivelha que sou eu.

Será uma casa silenciosa
Onde realizarei trabalhos simples
Como acender lampiões
no fim da tarde.

Será uma casa quase casulo,
Onde aceitarei as condições da existência,
Tecerei fios de seda
Em direção ao infinito.

Será uma casa resistente
Capaz de suportar blocos gigantes
Que desabem
Em avalanche
Sobre o teto.

Nessa casa
Serei cada vez mais antiga,
Prudente,
Erudita,
Fiel ao espírito que me agita
E ao qual cedi a palavra.

Nessa casa
Nada perturbará a alma de meus ancestrais,
A atmosfera de prece:
Vida que se cumpre
E desaparece.

Raquel Naveira
In: "Casa e Castelo". São Paulo: Escrituras, 2002. p.51,52.


Essa poesia me toca tão profundamente.
Sinto como se ela falasse de mim. 

Para superar adversidades que enfrentei desde cedo, 
precisei ser menina e velha ao mesmo tempo. 

Na verdade, acho que nasci arquivelha e agora estou rejuvenescendo...