Feminilidade Consciente


Muitas mães não conseguem passar o amor pelo próprio corpo aos seus filhos, porque elas próprias não aprenderam esse amor.

A maioria das crianças foi criada através do princípio do poder e internaliza uma voz que está o tempo todo dizendo: 

“Quem eu sou realmente não pode ser amado. Devo fazer alguma coisa especial para merecer amor. Não sou bom o bastante, deveria ser melhor: eu deveria ser capaz de tomar decisões mais depressa, ter mais coragem, deveria, tenho de…” 

A pessoa vive numa cobrança constante, sua alma nunca tem repouso. 

A saída é perceber que essa voz é de seu pai e/ou mãe internos. Quando a pessoa passa a diferenciar isso de sua própria voz a cura tem início.

Somente quando aprendemos a nutrir nossa alma, seja por escutar o próprio corpo, refletir sobre o que aconteceu durante o dia, escrever, pintar, colocar a alma no papel ou numa canção, dançar ou esculpir, qualquer que seja sua via de expressão, poderemos encontrar a saída do vício da perfeição.

Temos de descobrir a magnífica consciência de que a matéria está impregnada, de que nosso corpo está repleto. Somos capazes de ver a luz numa roseira, de sentir a energia de uma árvore. Nascemos para viver no amor que permeia toda vida.

Esse é o caminho da cura.

Trecho de nosso encontro de dezembro/2021. Os demais resumos da turma atual (2019 - 2022) estão no Instagram @dra.crismarino.
 
Este grupo está adiantado, seguirá fechado para novas integrantes até o término do livro em dezembro de 2022.

Logo abaixo você encontrará os resumos de todos os encontros da turma anterior (2012-2015).

O último encontro está no topo e os demais se seguem em ordem de publicação. O primeiro está no final da página.

Novembro de 2015
Finalização deste Livro
 
Pessoal, não tenho palavras para expressar minha alegria, depois de 4 anos de trabalho intenso, terminamos a leitura e amplificação deste livro!!! 

Foi uma longa jornada com tantos aprendizados, uma linda troca de experiências que nos enriqueceu demais!

Agora este grupo entrará em descanso para que possamos processar tudo isso...assim como a massa descansa para que o fermento possa agir e crescer, também é assim com esta sabedoria. Que possamos colocá-la em prática em nossas vidas.

Destaco agora os trechos principais de nossa leitura de hoje:
"Onde você tenta encontrar segurança, se não tem mundo interno?"

'É preciso encontrar um cerne interior que valorize a vida, que nos leve a ela, que não  nos faça recuar diante dela. Valorizar inclui o sofrer, mas um sofrer que nos abra para o amor."

Neste trecho discutimos bastante sobre a diferença entre o "bem sofrer"  e o "mal sofrer". No bem sofrer, não nos apegamos ao sofrimento em si, mas tentamos perceber qual é o aprendizado que ele está nos trazendo. Utilizamos esse sofrer como um trampolim para um estado ampliado de consciência.

No mal sofrer, a pessoa fica apegada à sua dor, lamentando-se, patinando  sem sair do lugar e não consegue ver aquilo como uma oportunidade de crescimento.

"A disciplina é uma parte importante do processo. As pessoas não gostam dessa palavra, pois associam a disciplina com opressão. Mas na verdade, disciplina tem a mesma raíz de discípulo, que significa se enxergar pelos olhos do mestre que o ama. Temos esse mestre dentro de nós e temos também o animal selvagem que precisa ser disciplinado com amor. Precisamos de sua energia instintiva e sabedoria."

Este capítulo termina com esta maravilhosa poesia de William Blake: 
"Aquele que quer controlar a alegria,
destrói a vida alada;
Mas quem beija a alegria que esvoaça,
Esse vive na aurora da eternidade."

Este poema fala tudo e fecha com chave de ouro!

Muito obrigada amigas pela companhia nesta jornada, foi um grande presente tê-las encontrado.

Até breve!


Outubro de 2015
 

Neste encontro entramos na parte da entrevista do Capítulo 13 -  Com Sua Própria Voz, onde ela fala mais uma vez sobre a ferida do feminino e masculino pelo patriarcado. 

E neste trecho ela aborda a herança transgeracional de complexos não elaborados que são sempre empurrados para a geração seguinte. E como é importante tomar consciência e cuidar deles se quisermos realmente ganhar liberdade interior. Mas primeiro é necessário extirpar as toxinas físicas e psicológicas que estão nos matando. E depois, imensa energia e coragem para ir em outra direção. Redimir os ancestrais é uma tarefa gigantesca, mas essencial para a feminilidade consciente.

Destaca a importância do cultivo da alma: 

"Cultivar a alma é permitir que a essência eterna penetre e experimente o mundo externo por todos os orifícios do corpo: vendo, sentindo o aroma e o sabor, ouvindo, tocando - de tal maneira que a alma cresça durante sua permanência na terra. Cultivar a alma é descobrir-se um ser eterno habitando um corpo temporal. É por isso que sofre e aprende pelo coração."

Para esse cultivo é fundamental valorizar os sonhos, suas imagens e símbolos, que alimentam a pessoa exatamente onde necessita ser alimentada.

A imagética permite unir corpo e alma. Sair do excesso de mundo mental característico do patriarcado e encontrar outras formas de entender o mundo, à partir dos instintos, das sensações e da intuição.


Setembro de 2015

Iniciamos o Capítulo 13 - Com Sua Própria Voz, este capítulo é tão profundo ou ainda mais que o anterior. Só a introdução e os comentários da jornalista que faz a entrevista renderam discussões e trocas de experiências para o encontro todo! Destaco aqui alguns trechos preciosos:

"A linguagem deixa as mulheres na mão quando elas precisam expressar suas experiências porque foram emudecidas por séculos de treinamento. Estamos acostumadas a uma mentalidade e um estilo de comunicação masculinos."

"O que seria uma escrita feminina? "

"A fala feminina é espiral e não linear. Há dois elementos fundamentais no estilo feminino de comunicar: a colaboração e a história."

"As histórias são poderosos veículos femininos de comunicação. Por sua própria natureza, transportam-nos ao reino imaginário. As histórias nos alimentam a alma, principalmente quando narradas à partir de uma profunda fonte interior de verdade."

Por esta pequena amostra, dá para ter uma idéia da riqueza deste capítulo?

Agosto de 2015

Terminamos o Capítulo 12! Foi um lindo processo estudar este capítulo, tão rico em significados e da transbordante experiência de Marion Woodman.

Faltavam apenas 5 páginas para finalizarmos o capítulo, mas este finalzinho despertou tantos questionamentos e discussões que tomaram o encontro inteiro. Seria impossível compartilhar neste espaço.

Em resposta às grandes questões da vida: Qual é seu propósito? Por que nos mantemos em movimento? Vislumbramos muitos significados nos mitos e no trabalho com as  imagens dos sonhos. 

Destaco este trecho final do capítulo:

"Tudo está coligado em Deus. Quando criamos tornamo-nos deuses. Se nossa energia criativa estiver bloqueada, ela encontrará uma saída em algum tipo de vício. Vícios são religião distorcida. 
A criatividade é divina! Para mim é a alma virgem abrindo-se para o espírito e criando a criança divina. Você não pode viver sem ela. Este é o significado da vida: O Fogo Criativo."

Em setembro iniciaremos o Capítulo 13 - Com Sua Própria Voz.

Junho de 2015
Continuamos no fascinante Capítulo 12, 
no trecho em que ela começa a tratar das projeções inconscientes.

A entrevistadora pergunta o que seriam projeções e Marion responde:
"É como uma flecha. É um feixe de energia psíquica que vê alguma coisa lá adiante pela qual sente atração e....bang! a flecha foi disparada. E se a outra pessoa tem uma flecha vindo em sua direção, isso é apaixonar-se. É a neurose pura e simples. Mas faz parte do crescimento psíquico.
Conforme o tempo passa, você percebe que esses homens ou mulheres por quem esteve apaixonada são muito parecidos em seu cerne. Você esteve apaixonando-se sempre pela sua própria projeção. E essa parte projetada de nós, temos que recolher, para que possamos ver realmente o outro." 

E o que seria recolher projeções?
"É um processo doloroso, porque precisamos reconhecer que aquilo que achamos que existia lá fora na verdade não existe lá, mas sim em nosso próprio interior."

E o que acontece então?
Quando você consegue reconhecer que é o seu deus que esteve projetando no homem, aprende a conter essa divindade em seu interior. Então será capaz de perguntar: "Eu amo esse ser humano?" 

E até pode descobrir que sim. Que este homem está repartindo com você esta viagem e que ele agüenta toda a merda que você tem e que você agüenta a dele, aí então, estarão vocês dois, seres humanos, andando pela vida. 

Vocês não ficam encostados um no outro, caminham por trajetos paralelos, não ficam retendo um ao outro. Isso é uma coisa maravilhosa: amar dessa maneira um outro ser humano.

Este encontro deu margem a tantas discussões,  exemplos clínicos e da mitologia grega que não seria possível descrever aqui. Então deixo vocês com a beleza deste trecho do livro. A leitura foi da página 192 até 199.

Em julho estaremos de férias, nos vemos em agosto!


Maio de 2015

Neste mês continuamos a leitura do Capítulo 12 - Um Encontro com Marion Woodman, o trecho abordado (pgs. 184 a 191) fala de como a repressão do feminino na cultura leva ao aumento dos distúrbios alimentares, vícios e outras patologias. Também discute bastante a questão de como isso afeta a sexualidade de homens e mulheres e prejudica os relacionamentos.

"...o feminino em nossa cultura é tido como irracional e estúpido. As mulheres de repente fazem um comentário feminino e logo em seguida acrescentam: "Oh, que bobagem ter falado isso." Mas é dessa maneira sinuosa que o feminino se movimenta. Como uma serpente, para a frente e para trás, em volta, para o fundo e em torno. A maioria das pessoas sente terror da espontaneidade. Elas não sabem como estar no agora. Isso é o oposto do feminino, que vive no presente."

"...para receber um pênis, é preciso que haja um senso realmente profundo de quem você é, para se poder permitir ser penetrada por um outro ser humano. A mulher precisa ter verdadeira noção de sua presença para se entregar ao orgasmo completo porque ela está entrando num estado alterado de consciência."

Por estes trechos dá para ter uma idéia de como foi rico nosso encontro, com grande troca de experiências e discussão de casos clínicos.


Abril de 2015
Árvore dos Sonhos
Pintura de Alice Mason

Neste mês tivemos um encontro muito animado com a chegada de novas integrantes. E os temas abordados despertaram muitas idéias e discussões que seria impossível transcrever aqui.

Iniciamos o belo e profundo capítulo 12 - Um Encontro com Marion Woodman, no qual ela relata seu percurso de vida. Desde  o início da anorexia na adolescência, sua carreira como professora, o vício da perfeição, seu comportamento suicida,  a viagem à Índia e a experiência de quase morte que a transformou e a fez iniciar a análise com Dr. Bennet por volta dos 40 anos.

De forma muito corajosa ela expõe suas feridas e sua luta para cicatrizá-las.

No momento de sua grave doença e quase morte na Índia ela percebe a traição que estava fazendo consigo mesma:

"De repente percebi o que era aquela traição: Ter recebido o dom da vida e achar que não valia à pena viver. Decidi assumir a responsabilidade pela vida que eu havia recebido, não era minha para que eu a jogasse fora."

Ela estava completamente viciada em dançar e ficar sem comer para perder peso e isso lhe proporcionava um estado de euforia. Os jejuns prolongados podem provocar alterações do estado de consciência e até alucinações. 

Depois de ter se curado da anorexia ela relata qual passou a ser a sua busca:
"Agora minha viagem dirige-se para a realidade da vida - para Deus como a dimensão consciente corporificada. Naquela época meu desejo era somente escapar. Agora é entrar cada vez mais fundo na vida. "

Que grande mudança, não é? 


Março de 2015

Voltamos às atividades com muita alegria recebendo as nossas amigas do grupo e novas integrantes. Neste encontro finalizamos o Capítulo 10 - A Energia da Deusa Está Tentando Nos Salvar, que tem um conteúdo muito profundo.

Ela nos fala da importância do resgate do feminino em homens e mulheres, de como isso se reflete nos relacionamentos e da importância de recolhermos as projeções, para que possamos ter um relacionamento real.

Quando podemos finalmente dizer: "Eu te amo o suficiente para dizer quem sou e não fingir ser algo que não sou. Eu te amo o suficiente para ser honesta. É assim que eu sou."

Também falamos da importância de saber diferenciar as vozes interiores, essa demanda que ouço em minha consciência é minha mesmo ou de meus pais, da sociedade...etc? Qual é a minha voz? Não tem sentido "ser honesta comigo mesma"  se não tenho certeza de a qual voz estou dando ouvidos.

Ela nos chama a desafiar velhos limites e a saltar mais além de tudo o que imaginamos. E para isso a feminilidade consciente é fundamental, ela nos dá coragem para confiar no momento. Confiar que alguma coisa nova está nascendo do caos.


Dezembro de 2014

Iniciamos o Capítulo 10 - A Energia da Deusa Está Tentando nos Salvar, no qual ela descreve o processo de desabrochar e se relacionar com sua própria criatividade. Esse processo conduz à entrega a energia transpessoal, que Jung denominou de Si-mesmo.

Ela também começa a explicar como os sonhos participam desse processo, citando exemplos de pacientes. E compartilhamos também exemplos de nossa prática clínica para enriquecer a discussão.

Neste último encontro do ano, assistimos a um trecho do documentário sobre a vida de Marion Woodman “Dancing in the Flames”, no qual ela descreve sua experiência com um câncer diagnosticado em fase terminal quando ela completou 70 anos. E como seu trabalho com as imagens a ajudou a superar a doença.  Também nos conta como o encontro com Sophia a fez sair da cadeira de rodas e dançar. Hoje ela está com 87 anos e saudável. O relato é muito emocionante. Fechamos com chave de ouro este ano de trabalho.

Boas férias a todas, voltamos em março de 2015. Até lá!

Novembro de 2014
Imagem: Pinterest


Neste mês de novembro finalizamos a Oitava Entrevista: A Feminilidade Consciente, uma das mais belas e profundas de todo o livro. Neste capítulo ela explica detalhadamente as bases práticas e teóricas de todo o seu trabalho, usando sua própria vida como exemplo.
Ela mostra a importância da integração corpo-mente, feminino-masculino. O feminino  e o masculino não existem por si sós, mas sempre em relação a um outro.
Ela também nos mostra a importância de nutrir a Virgem e a Velha Sábia em nós, para que alcancemos a possibilidade desse vir-a-ser. 
Por isso nas diversas culturas ancestrais a Deusa tem um caráter tríplice: Donzela - Mãe - Anciã.
Já exploramos bastante o tema da Virgem e seu significado dentro do desenvolvimento psicológico feminino.
Para saber mais clique  aqui e  aqui.
A palavra virgem significa “soberana”, “aquela que não se submete”, indicando que uma das tarefas de nosso desenvolvimento é voltar a esse estado virginal, que não significa ingenuidade nem inocência, por isso que é necessária a presença da Velha.
Conforme vimos no mito de Perséfone, ela só pode retornar à sua mãe se for conduzida por Hécate, ou seja, a Deusa Virgem  precisa ser amparada e protegida pela Deusa Anciã.

Finaliza o capítulo com uma belíssima passagem:

“Se você está na realidade, então sim, você sofre, mas também experimenta o júbilo, a pura felicidade de sair e andar e enxergar aquela árvore. Olhe para ela: é uma maravilha! Você sabe que está aqui, presente no momento! E com as pessoas é a mesma coisa. Você está dando energia; recebendo energia. É um fluxo ininterrupto.
Então, quando você fica diante da morte, quando sabe que viveu sua vida, em toda sua plenitude, está pronto para ir para um novo capítulo. Se você não a viveu, se nunca esteve aqui, nunca esteve presente, estou certa de que sentirá um medo terrível da morte, porque sua vida foi tão somente uma ausência. Você a perdeu. Bom, por todos os céus, eu não pretendo perder a minha.”

Maravilhoso este trecho, não é?

Para o próximo encontro, sugiro que releiam a oitava entrevista para sedimentar este conteúdo porque é muito rico. A Nona entrevista não será lida em grupo, pois é um tipo de currículum da Marion, você podem ler em casa.
Se tiver dúvidas estaremos à disposição. 
O Filme recomendado para este mês é Tarja Branca (veja a resenha aqui), tem muito a ver com o conteúdo que abordamos.
Em dezembro iniciaremos a Décima Entrevista: A Energia da Deusa Está Tentando Nos Salvar. Também é linda demais, aguardem...


Outubro de 2014
Imagem: Pinterest


Neste mês de outubro iniciamos o encontro com a troca de impressões sobre o vídeo: O Que Pode o Corpo? - um diálogo fantástico entre a filósofa e psicanalista Viviane Mosé e a coreógrafa Dani Lima. Foi uma conversa muito rica.
Em seguida retomamos a leitura e finalizamos a Sétima entrevista: O Vício da Perfeição. No final desta longa entrevista ela delineia sua técnica de trabalho com as imagens e o corpo, fazendo a ponte entre o espírito  e a matéria e discutindo o conceito de cura.
Entramos na Oitava Entrevista: O Feminino Consciente, onde ela vai conversar sobre o que é a feminilidade consciente e inicia contando sua própria experiência de integração com o Feminino Sagrado na forma de natureza.
Depois vem o tema da Virgem Negra, que já discutimos bastante (para ver os posts clique aqui e aqui). 
Houve uma intensa troca de experiências, impressões e relatos de casos clínicos que enriqueceram muito nosso encontro. Termino com um belo trecho desta entrevista:

“A feminilidade consciente não é só um estado de graça inconsciente. Ela implica a percepção consciente da harmonia de todas as coisas, do que é viver imerso na alma universal. É perceber a energia de uma pedra e o amor num pássaro, numa árvore, no ocaso. A intuição, a sintonia do corpo, está viva, alerta. A capacidade de estar aberto e receber. Você sente a harmonia do universo inteiro na medula dos seus ossos.”

“Não finjo que entendo o mistério, mas sem dúvida sinto algo de assombroso acontecendo entre eu e as outras coisas vivas: uma unidade e uma totalidade que registro em meus ossos. E disso resulta uma ampliação do campo de minha consciência. As sementes não germinam a menos que estejam cultivadas, seja em pintura, na dança, escrevendo um diário. Por maior que seja o esquecimento em que me encontro, tanto dançar e escrever diariamente."



Setembro de 2014

Já estamos no finalzinho da sétima entrevista e neste encontro além do texto, comentamos vários casos clínicos. 
Este trecho se inicia com a constatação de que muitas mães não conseguem passar o amor pelo próprio corpo aos seus filhos, porque elas próprias não aprenderam esse amor.
“Temos de descobrir a magnífica consciência de que a matéria está impregnada, de que nosso corpo está repleto. Somos capazes de ver a luz numa roseira, de sentir a energia de uma árvore. Nascemos para viver no amor que permeia toda vida.” 
A maioria das crianças foi criada através do princípio do poder e internaliza uma voz que está o tempo todo dizendo: “Quem eu sou realmente não pode ser amado. Devo fazer alguma coisa especial para merecer amor. Não sou bom o bastante, deveria ser melhor: eu deveria ser capaz de tomar decisões mais depressa, ter mais coragem, deveria, tenho de…” 
A pessoa vive numa cobrança constante, sua alma nunca tem repouso. 
A saída é perceber que essa voz é de seu pai/mãe inconsciente, atormentando dentro da cabeça. Quando a pessoa passa a diferenciar isso de sua própria voz interior a cura tem início.
Somente quando aprendemos a nutrir nossa alma, seja por escutar o próprio corpo, refletir sobre o que aconteceu durante o dia, escrever, pintar, colocar a alma no papel ou numa canção, dançar ou esculpir, qualquer que seja sua via de expressão, poderemos encontrar a saída do vício da perfeição.
Em seguida ela ensina a técnica da imagética para o trabalho com os complexos e utilizamos vários exemplos da prática clínica para ilustrar.
Para complementar a compreensão deste rico conteúdo sugerimos que as participantes assistissem ao filme “O Sonho de Wadjda”.

Agosto de 2014

Estamos já na metade da sétima entrevista: O Vício da Perfeição. Esta entrevista é muito bonita e profunda. Nos mostra o que é a vida anímica e os mecanismos que levam aos vícios, inclusive ao vício da perfeição.

“Alma é essência corporificada. O corpo é a porção da alma percebida pelos cinco sentidos. Através dos orifícios do nosso corpo, nossa alma interage com o mundo externo. A alma é aquele ponto em que se cruzam o temporal e o eterno.”

Enquanto as pessoas buscarem alcançar o céu, distanciando-se da Terra e arremessando-se no espírito, serão como heróis entalhados na pedra, em pé sozinhos no alto da pilastra, cegos às fezes dos pombos. Em vez de nos transcender precisamos nos dirigir para dentro de quem somos, e aceitar nossos fracassos, nossas feridas, nossos limites. Isto leva à completude. Em oposição, a busca pela perfeição violenta a alma.

Complementamos a leitura com exemplos da mitologia grega, comparando os modos de ser apolíneo e dionisíaco e com exemplos da vida cotidiana e casos clínicos. 

As sugestões de filmes para complementar o tema foram: Janela da Alma (lindo documentário brasileiro cuja a resenha está na página Filmes) e o novo filme japonês: Pais e Filhos.

Julho de 2014

Neste encontro finalizamos a Sexta Entrevista e chegamos  à metade da Sétima - O Vício da Perfeição (páginas 100 até 110).
O final da sexta entrevista é muito profundo. Aborda a questão da entrega. Uma palavra que  a maioria das mulheres não compreende. Acreditam que entregar-se é ser passiva, ceder,  ou entendem que se trata de entregar-se a um homem.
Mas a entrega é o verdadeiro poder. É preciso muita coragem para a entrega consciente.

“Se eu me entrego para o que você está dizendo, se assumo o papel de ouvinte enquanto você fala, então posso receber suas palavras. Momentaneamente eu paro de falar e recebo. Existe nesse receber, porém, imensa energia. Eu recolho, assimilo, processo e depois será sua vez de escutar quando eu lhe der alguma resposta. Ha um equilíbrio yin/yang acontecendo: a abertura feminina como uma energia real recebe a assertividade masculina. Quando se faz amor, a entrega é uma imensa energia positiva. Quando você recolhe, pode ser alimentado pelo que deixou entrar.”

Discutimos amplamente a diferença entre entrega e sujeição. Para que ocorra a entrega é necessário que exista  um vaso forte (uma personalidade bem construída),  e liberdade de escolha.

Muitas vezes nos vemos diante di situações que a vida nos impõe e parece que não temos escolha, como uma doença ou uma perda. Mas na verdade temos. Somos forçadas a enfrentar um momento difícil, mas podemos escolher como iremos viver esta experiência.

Para ilustrar estes conceitos comparamos dois filmes: Cisne Negro - como exemplo de sujeição e destruição, e Invictus - como exemplo de liberdade e entrega.

Outro destaque no final desta entrevista é a questão sobre o aspecto mais debilitador da nossa cultura: a confusão entre as energias pessoais e transpessoais. Isto acontece pela falta de identidade, deixando-nos muito suscetíveis às projeções. Como exemplo citamos o filme Noiva em Fuga, em que a personagem, por falta de uma estrutura interna se dilui no modo de ser dos parceiros e como consequência foge do altar pois por não estar inteira, não pode se unir ao outro.

A cena com os ovos é emblemática de seu processo de construção de identidade. Com cada namorado ela passava a gostar dos ovos no café da manhã preparados da mesma maneira que ele. Então ela prepara ovos de todas as formas para tentar descobrir qual é a sua preferência e acaba descobrindo que nem gostava de ovos!

A identidade vai se construindo nas pequenas coisas do cotidiano: perceber quais são seus gostos, seus talentos,   suas limitações, seus valores éticos. Conhecer a si mesma é o caminho para a liberdade e o poder da entrega.


Junho de 2014

Neste mês, iniciamos o encontro com uma conversa sobre aspectos práticos dos atendimentos clínicos, como contatos telefônicos com pacientes, cobrança de honorários, usar ou não o divã e quando, relações transferenciais, entre outras coisas…
Depois passamos à leitura da sexta entrevista (pags. 92 a 100). As questões abrangeram a questão da consciência feminina no planeta e nas pessoas. 
Ela inicia mostrando como o masculino saudável nasce da feminilidade consciente, ilustrado através do arquétipo da criança divina que nasce da virgem. Este arquétipo está presente em todas as culturas desde as eras mais remotas e foi  apropriado e literalizado no mito cristão, perdendo muito de sua força simbólica.
Lembramos que sempre que um mito é tornado literal ele perde seu poder simbólico e transformador.
Outro aspecto interessante é o nascimento da criatividade à partir da união entre o feminino (alma, que é a luz corporificada) e o masculino (espírito puro, sem matéria). Ilustrando através das práticas de conexão entre o sexto e o sétimo chakras com o primeiro e o segundo.
Quando há desconexão entre corpo e vida mental, a vitalidade começa a desaparecer, as coisas perdem o sentido. Neste momento algumas pessoas recorrem a vícios, incluindo compulsão alimentar e consumo para preencher um buraco que é de outra ordem.
As pessoas perderam a capacidade de celebrar o Ser e apenas brincar, permitir que a luz e o calor da imaginação possam colorir o mundo. Isto se reflete nos relacionamentos.
As pessoas perderam o contato com o símbolo, com a metáfora, que é a linguagem da alma. 
Lembrando a definição de Metáfora no campo da psicologia:  é um princípio organizador que permite à alma ter contato com o símbolo e gerar transformação através do calor da imaginação. Qualquer coisa pode ser metáfora, dependendo do momento e das circunstâncias de vida de cada um.
“Quando digo brincar, quero dizer ter uma relação muito próxima com a imaginação, que constantemente você está criando. Cada minuto é novo, espontâneo. Esse é o princípio feminino. A vida nunca é aborrecida porque sempre existe uma coisa nova acontecendo. Sem isso nós simplesmente morreríamos. No casamento, ambos devem individualmente dizer: Vamos imaginar de que maneira poderemos brincar.” Não é preciso dinheiro, apenas um gigantesco salto de fé.
Recomendamos que assistam à bela entrevista do fotógrafo Sebastião Salgado no programa Roda Viva (é só acessar o site da TV cultura), onde podemos ver um homem com o feminino e o masculino bem integrados e alguém que superou uma fratura de espírito, sem falar nas incríveis experiências de vida que ele compartilha conosco.



Maio de 2014

Em maio, continuamos na sexta entrevista, e tivemos no início uma pequena aula teórica sobre a estrutura básica da psique, mostrando as principais semelhanças e diferenças entre o ponto de vista psicanalítico e o junguiano.
Estes conceitos são muito importantes para a compreensão do texto, pois ela vai aprofundar a questão dos complexos e arquétipos na dinâmica psíquica.
Na sequência ela aborda da questão da importância de um feminino forte e flexível para podermos acolher o princípio masculino, e isto se reflete em vários aspectos da vida, desde o sexual até a criação artística.

“A mulher precisa ser consciente, tem de ser um vaso muito forte para ser penetrada pelo masculino. Pois acontece um arrebatamento.
O artista tem de ser arrebatado pelo inconsciente arquetípico, ou não existe arte. É a feminilidade dele que é arrebatada pela energia arquetípica. Por isso o vaso tem de ser forte,e ao mesmo tempo muito flexível. Tem d ser capaz de aumentar para receber a energia do arquétipo, mas somente enquanto dura o arrebatamento. Depois que cessar, o vaso se contrai e o Eu retoma novamente sua identidade."

É preciso força e flexibilidade. Se não houver uma constituição forte, coremos o risco da fragmentação e psicose. Se não houver flexibilidade, cairemos no fenômeno da inflação do Ego.


Abril de 2014

Neste mês iniciamos a Sexta Entrevista: Conversa com Marion Woodman. 
É uma entrevista muito bonita, em que ela aborda vários temas: os efeitos do patriarcado em homens e mulheres, a volta da Deusa e o que isso significa do ponto de vista simbólico, sobre a questão da dinâmica do crescimento psíquico, qual é o verdadeiro poder, e o que significa a entrega.
Neste mês estudamos principalmente a questão do patriarcado e seus efeitos. Discutimos casos clínicos que enriqueceram bastante.

Destaco a ótima definição de patriarcado e do princípio feminino que ela nos oferece:
“O patriarcado é um sistema baseado no princípio do poder, para o qual o objetivo é tudo - o produto perfeito. No entanto, não há amor pelo processo e tudo o que não contribua para o produto perfeito é aniquilado. Isso contraria tudo o que o princípio feminino defende."

“No patriarcado o arquétipo feminino está cindido: é um mundo de “ou isto ou aquilo”, “ou preto ou branco”. Porque no princípio feminino é possível “Isto e aquilo”, “preto e branco e todas as gradações de cinza”. O Feminino é sistêmico.

Para pensar…



Março de 2014
Iniciamos as atividades deste ano com a quinta entrevista: "Curando pela Metáfora". Contamos com a presença de novas integrantes no grupo, o que nos deixa muito felizes!

Neste ponto do livro Marion Woodman fala da importância da metáfora, da linguagem poética,  para a cura da alma.

Esta linguagem aparece nas histórias, nos sonhos, na literatura, música e nas artes. E não é necessário ser um artista  para usar esta ferramenta, o olhar poético para a vida está disponível a todos.

Ela destaca a importância de trabalhar com a metáfora principalmente nos atendimentos: diante de um sonho contado pelo paciente a atitude do analista faz toda a diferença. Se quisermos ficar buscando significados para cada elemento do sonho, perderemos a visão de totalidade. 

É importante perguntar-se: para o que isso aponta? Qual é a metáfora que esse sonho traz? Qual é o caminho que a energia psíquica  está fazendo?

Ilustramos estes pontos com exemplos clínicos e de nossa experiência pessoal.

Como disse Hillman: Imagem é Psique, Psique é Imagem. Quando dizemos rosa, o que vem à mente? Imediatamente vemos uma flor, uma imagem. Não vemos uma lousa ou uma página com a palavra rosa escrita, vemos a imagem.  A psique produz imagens a todo momento e são elas que nos apontam o caminho.

"Se a metáfora realmente atinge a pessoa, ela fica toda arrepiada; você dia: Ah! É isso mesmo! O ser inteiro é momentaneamente levado a vivenciar a totalidade e, se ela consegue sustentar essa percepção, duas ou três semanas depois recebe outra metáfora que novamente reúne a totalidade do seu ser...E esse é o processo da cura - você vai de uma vivência da totalidade a outra, por meio das metáforas."


Dezembro de 2013
Encerramos o ano finalizando a Quarta Entrevista, que tem na sequência final os trechos mais belos e profundos. 
Abordamos a criança ferida e o gesto inacabado, e como eles se refletem na vida adulta e no processo de terapia.
Numa profunda compreensão da alma humana ela destaca a importância de não ocuparmos o lugar da vítima: "Meus pais foram vítimas de uma cultura, assim como os pais deles e os destes também. Eu não serei uma vítima. Assumo  a responsabilidade por minha própria vida. Viverei de maneira criativa. Viverei o agora.”
Em seguida ela aborda várias formas de cuidar dessa criança, e das resistências internas e externas que emergem diante da possibilidade de uma nova ordem na psique.
Também fala da importância e dos riscos dos períodos de transição, quando cruzamos um limiar, comparando-o a um canal de parto. 
Depois destaca a cura através da corporificação da alma, na contramão desta era de velocidade, a alma se faz com tempo, num ritmo lento. É necessário nadar contra a correnteza.
“A menos que algo seja levado ao campo da consciência, nada acontece na alma. Tem de ser objeto de reflexão, anotado, pintado, dançado, transformado em música. Em outras palavras, deve se mover do nível literal para o simbólico, para que possa ser assimilado ao desabrochar da alma.”
Numa cultura que prega a realização/literalização de todos os desejos e fantasias, que espaço existe para fazer alma? Criar em nós esse espaço de possibilidades é uma tarefa fundamental para a vida criativa.


Novembro de 2013

Estamos continuando a quarta entrevista : Vicio e Espiritualidade, uma das mais belas do livro.

Iniciamos na página 64, onde a entrevistadora pergunta sobre a relação entre os vícios  e a negação do corpo. E Marion Woodman ressalta que o cerne do problema é o que fizemos com o corpo, a matéria, em nossa cultura.

Matéria vem de mater, que em latim significa mãe. Quando a mãe não aceita o/a filho/a em sua totalidade animal, com sua urina, fezes e etc…ele/ela também repudiará o seu corpo.

Na ausência de uma mãe nutridora (em nível pessoal ou arquetípico) a pessoa tentará concretizá-la em coisas, gerando o que chamamos de vícios: comida, consumo, sexo, trabalho, fanatismo religioso, alcoolismo...numa tentativa de preencher um vazio que nunca se completa, porque é de outra ordem.

A maioria das pessoas não alimenta a alma porque não sabe como.

Pense nos milhares de turistas que chegam a um lugar  que inspira o assombro, o maravilhamento, como o Grand Canyon, mas ficam tirando inúmeras fotos e não se abrem à experiência. A alma não foi nutrida, embora tenha uma coleção de imagens do local no seu computador.

Em seguida ela dá uma pequena amostra de como ela própria nutre sua alma: Sento-me e olho pela janela, aqui no Canadá as árvores no outono parecem douradas contra um céu azul. Posso sentir esse “alimento” chegando até os meus olhos e descendo, descendo, interagindo dentro de mim e me sinto repleta de dourado. Minha alma está alimentada.

E continua:
Vejo, sinto odores, sabores, toco e ouço. Pelos orifícios do meu corpo dou e recebo. Não fico tentando capturar o que está ausente.É esse intercâmbio entre a alma encarnada e o mundo externo que é o processo dinâmico. É assim que o crescimento acontece. Isso é a vida.

Prosseguimos até a página 73, onde ela destaca que um instante de real Presença pode nos fazer despertar para o eterno, e assim sair do funcionamento neurótico viciante.  É quando você consegue ver a manhã de um azul acobreado, consegue sentir o silêncio de seu filho dormindo.

Isso nos faz retornar para Casa, para a Fonte.


Outubro de 2013
Corvos no campo de trigo
Van Gogh



Finalizamos a terceira entrevista "O Objeto em Análise" com o estudo da Obra: Corvos em um Campo de Trigo de Van Gogh, aprendendo como Marion Woodman trabalharia um material expressivo/artístico com um paciente.

Essa entrevista fala bastante da questão do bloqueio criativo e do impacto sobre a alma, algo que é vivido com grande sofrimento e como uma morte.

"Algumas pessoas nunca experimentaram a morte da alma porque nunca sentiram a alma vivendo."

Entramos na Quarta Entrevista: "Vicio e Espiritualidade", onde ela aborda a questão dos diferentes vícios (álcool, drogas, comida, sexo, perfeição e etc...) sob uma ótica muito interessante, a da tríade: corpo-alma-espírito.

A entrevista se inicia com um pequeno relato sobre a criação dos Alcoólicos Anônimos em 1935 nos Estados Unidos, por dois homens que sofriam com o alcoolismo e decidiram criar um grupo de auto-ajuda para se manterem sóbrios.

Este trabalho é fundamentado nos doze passos da cura. E tem uma das maiores taxas de sucesso de tratamento, principalmente quando associado ao tratamento médico e psicoterápico.

Para quem quiser conhecer visite : www.alcoolicosanonimos.org.br clique na plaquinha "Princípios" no cabeçalho para ver os Doze Passos na íntegra.

O mesmo trabalho foi adaptado para o vício em drogas criando os Narcóticos Anônimos. Visite: www.na.org.br.

Essas duas organizações também têm um serviço de apoio para familiares de pessoas dependentes de álcool ou drogas (independente do adicto estar frequentando os grupos ou não).
São  o ALANON : www.al-anon.org.br e o NARANON www.naranon.org.br

Vale a pena conhecer esses trabalhos para poder indicar quando necessário.


Setembro de 2013

Continuamos a terceira entrevista "O objeto em análise", na qual ela começa a discorrer sobre seu método de trabalho, falando um pouco de sua formação em Zurique.

Ela inicia falando dos casos de artistas que procuram análise devido a um bloqueio na sua criatividade e de como isso significa uma morte para eles, citando que alguns artistas cometem suicídio quando se vêem impossibilitados de criar.

A entrevista fala especificamente de como trabalhar com material artístico produzido pelo paciente, dentro ou fora da sessão.  Independente de o paciente ser artista ou não. Neste caso, não podemos encarar o material como obra de arte, mas sim como imagens mentais do paciente.

Ela deixa bem claro de que não se trata de arte-terapia, mas de utilizar o objeto artístico em análise, trabalhando-o como trabalharia com sonhos ou imagens mentais. Em todos estes casos, o foco do trabalho é tentar descobrir onde a energia está bloqueada e para onde quer ir. Neste caso, o trabalho artístico torna-se um símbolo.

Em seguida ela faz uma clara distinção entre terapia e análise, que discutimos bastante no encontro.

A partir daí, são mencionados artistas que possuiam distúrbios mentais como Van Gogh, Sylvia Plath, Jackson Pollock entre outros, e como seria errado reduzir suas obras apenas à manifestação de uma neurose ou psicose. Pois a  verdadeira obra de arte é muito maior do que seu autor.

Toda esta discussão foi ilustrada com diversos casos clínicos  trazidos por nossas colegas de grupo. E pudemos compartilhar nossas experiências e diversidade no fazer analítico.

Quem quiser ver um filme legal sobre o bloqueio criativo do artista, assista ao "Sejam Muito Bem Vindos", um filme francês lindo e muito delicado sobre um pintor famoso que de repente sente que ficou repetitivo, que a fonte secou. Ele se deprime, pensa em se matar, mas algo acontece no caminho que o faz recuperar a alegria de viver e iniciar uma nova fase em sua arte. Ilustra bem tudo o que discutimos no encontro. Recomendo.


Agosto de 2013

Voltando das férias renovada para mais um encontro do grupo, finalizamos a segunda entrevista: "Adorando Ilusões". 

Lemos o trecho em que ela fala do medo que paralisa a psique, e quando não elaborado leva a comportamentos destrutivos e vícios.  E aborda o papel da análise para ajudar a alma a sair desse estado de estagnação, de perceber onde está o bloqueio e qual a direção que a energia quer tomar.

Utilizamos o mito da Medusa e de Perseu. É impossível olhar para a medusa sem virar pedra. Ele então consegue usar o reflexo de sua imagem no escudo para matá-la sem ter que olhar diretamente para ele.

O mesmo se aplica aos arquétipos. É impossível lidar com eles diretamente, então precisamos de uma interface  através da qual possamos ter um vislumbre. Geralmente essa interface vem através de um símbolo: uma metáfora, poesia, arte....

Fala desse trabalho utilizando a alegoria de um parto, de dar à luz à nossa própria alma, e da importância de alguém que nos ajude nesse processo.

A entrevistadora  então diz que duas alternativas viáveis de ajuda nesse trabalho seriam o da espiritualidade/religião e o da análise. Ela então pergunta à Marion Woodman se haveria alguma outra alternativa para esse trabalho de auto-conhecimento, visto que a análise é dispendiosa e as religiões caíram em descrédito na sociedade atual.

Marion Woodman então nos diz que embora a ajuda de um analista seja importante, este trabalho pode também ser realizado por outros meios como por exemplo a arte. Criar algo apenas pelo prazer de criar, permitindo à alma sua livre expressão, é um caminho, como também fazer um diário de sonhos, de pensamentos, sentimentos e sensações. 

E para isso não é necessário ser artista, basta colocar uma música e afastar os móveis da sala para dançar, ou pegar lápis e papel e deixar a mão rabiscar e pintar solta, sem julgamentos. Depois que esse momento de catarse aconteceu, então é necessária a elaboração, uma reflexão sobre o que se viveu. Neste momento de elaboração a presença do  olhar de uma outra pessoa, como o terapeuta, é importante.

Discutimos alguns casos clínicos que exemplificam bem estes aspectos. E algumas de nossas amigas do grupo compartilharam suas experiências, o que foi muito enriquecedor.

Entramos na Terceira Entrevista: O Objeto em Análise. Nesta entrevista ela fala de como lida com o material artístico produzido pelos pacientes. Ela nos conta que não olha como uma obra de arte, mas como a expressão da alma, e tenta observar  qual o caminho que a energia quer seguir.

Não existe interpretação, pois isso seria redutivo, seria tentar fazer algo extremamente individual e único caber dentro de um rótulo. 

Apresentei um caso de uma análise de adolescente em que os desenhos tiveram papel fundamental.

Fomos até o momento em que ela começa a diferenciar terapia de análise. No próximo encontro vamos ampliar mais estes conceitos.


Julho de 2013

Continuamos na segunda entrevista:  "Adorando as Ilusões".

No encontro passado finalizamos no parágrafo que explicava   que    a matéria é feminina, e o espírito é masculino.

Iniciamos este mês no parágrafo onde ela explica a necessidade de união espírito/matéria, ou masculino/feminino:

"O espírito não pode viver em nenhuma outra parte a não ser no corpo. Ele tem de ser recebido. E aí entra a consciência. Você não pode colocar espírito na matéria densa. É preciso que haja consciência para receber o espírito. O que estou chegando a compreender cada vez mais através dos sonhos, é que a consciência existe na matéria e ela se abre para receber o espírito."

Este único parágrafo rendeu quase uma hora de conversas, onde relembramos conceitos já discutidos no ano passado como as definições de  alma, espírito, Self (Si Mesmo) e corpo.

O complexo do Self é o centro organizador da Psique, está entre o Ego e o Inconsciente, mas não faz parte de nenhum dos dois. 

Esclarecemos a confusão que geralmente é feita entre alma e espírito (a maioria das pessoas acha que se trata da mesma coisa) e abordamos a definição de espírito de Winnicot: "O espírito é uma área de silêncio no núcleo do Self. O espírito não é desenvolvido, ele apenas se realiza ou não".


Alma é a interface que permite a relação entre o espírito e a matéria. É composta pela totalidade de nossa psique (consciente e inconsciente) com todos os seus complexos.

O que realizamos em terapia é trabalhar para que a alma permita que o espírito se realize. Ou seja, para que cada um se torne o que realmente é.

Abordamos também a diferença entre estes conceitos na psicanálise na psicologia analítica e a crise que essa diferença gerou na relação entre Freud e Jung. 

Lembramos do filme "Um Método Perigoso" que mostra bem esse momento. E também a contribuição de Sabine Spielrein para a teoria analítica. 

Discutimos também o filme "Jornada da Alma", que trata mais especificamente dela e de sua relação amorosa com Jung.

Para as que ainda não assistiram a estes filmes, fica a nossa  recomendação.

Junho de 2013


No encontro passado, finalizamos no momento em que a autora descrevia certas dinâmicas psíquicas relacionadas aos vícios. Houve certa confusão entre os conceitos de hábito e vício. Iniciamos este mês esclarecendo esta questão ilustrando com casos clínicos.

Depois passamos à leitura da segunda entrevista, iniciando no trecho em que ela fala da questão do princípio de poder na relação mãe e filho/a. Destacando os aspectos negativos da relação e suas conseqüências.

Utilizamos trechos do filme "Cisne Negro", para ilustrar o aspecto destrutivo desta relação. 
Este tema suscitou uma discussão bastante interessante sobre a relação mãe e filha.

Indiquei dois livros muito interessantes sobre o tema:
" Me larga"  - separar-se para crescer de Marcel Rufo e "A Relação Mãe e Filha" de Malvine Zalcberg.

No seguimento da leitura, chegamos ao trecho onde ela fala da matéria como símbolo do princípio feminino, e o espírito  ligado ao masculino. E da necessidade de integração de ambos.

Sendo assim, nossos corpos (tanto de homens como de mulheres) revelam o princípio feminino. Ela relata ainda suas observações sobre a relação dos homens com seus corpos durante sessões de trabalho corporal.

Na continuidade, segue-se a abordagem do princípio masculino e foi sugerido que todas assistissem ao filme "Ganhar ou Ganhar", para ilustrar esses aspectos no próximo encontro.

Maio de 2013


No mês passado finalizamos o encontro falando sobre o amor transferencial entre terapeuta e paciente. Sobre as dificuldades dessa relação. 
Então, neste encontro assistimos a uma entrevista recente com Marion Woodman, falando a respeito da sua relação com seu analista, Dr. Bennett. 
Antes, contei um pouco da sua biografia , o que ajudou a entender o contexto do que ela relata no vídeo.

Clique no link abaixo para assistir (infelizmente não está legendado em português, fiz a tradução simultânea na hora).
Seria impossível registrar aqui a riqueza das discussões que se seguiram, bem como os casos clínicos compartilhados. Foi uma experiência muito enriquecedora.

No mês que vem tem mais...

Abril de 2013

Começamos este encontro discutindo a literatura erótica, devido à onda de lançamentos de livros deste gênero  escritos supostamente para o público feminino.

Comentamos sobre essa onda cinzenta que assola a mídia e faz com que pacientes cheguem ao consultório justificando-se por ainda não terem lido a trilogia cinza, como se isso fosse torná-las melhores ou bem resolvidas.

Há literatura erótica de muito melhor qualidade e sem essa mensagem subliminar de que se a mulher se submeter totalmente ao desejo do outro ela o transformará, curará suas feridas e ele acabará casando com ela e viverão felizes para sempre. 

Sem falar na parte das exigências estéticas quase que irreais que a autora coloca no livro, enfatizando um padrão que só aumenta a insatisfação das leitoras com seus próprios corpos. Quem é que hoje pode frequentar academia  quatro vezes por semana e viver sempre magra, malhada, depilada, cheirosa e produzida? 
Conforme prometi, seguem algumas sugestões de livros com esse tema:
Para as que querem ter um primeiro contato sugiro o clássico:  O amante de Lady Chaterley. Maravilhoso, muito bem escrito e atual, embora tenha um século.  O sexo torna-se quase que um personagem e é o caminho de libertação da protagonista. Está disponível também em filme, que foi muito bem adaptado, é lindo (a resenha está na página Filmes).
Outro clássico: Lolita de Nabokov. Escrito no século XX. Uma profunda análise da face sombria da natureza humana através do envolvimento sexual do protagonista com sua enteada. Polêmico e intenso.
Para quem já tem certa familiaridade com o tema: Cem escovadas antes de dormir. É um relato autobiográfico do que a autora viveu durante sua adolescência. Tem descrições mais fortes, há trechos intensos, com vários comportamentos que fogem do que é considerado "normal". Aqui o sexo aparece como um sintoma  da alienação da protagonista, que se perde de si mesma  e percorre um longo caminho de iniciação rumo à maturidade. Muito bem escrito, com profundidade psicológica. É lindo!
Este também existe em filme, mas não vi.
Para quem quer se aventurar para conhecer todos os tipos de perversão no comportamento sexual: O Delta de Vênus de Anais NinUma seleção de contos eróticos incrivelmente bem escritos. São fortes, bem pornográficos.
Autores nacionais: Os cem melhores contos eróticos do século. Uma seleção dos melhores contos eróticos escritos por grantes autores brasileiros. 


Março de 2013


Começamos nosso encontro compartilhando impressões e insights dos encontros passados e iniciamos a segunda entrevista: "Adorando as Ilusões".

 Ela começa já dizendo que vivemos na era da performance e como isso nos desconecta de nossa essência.

"Se você vive por um ideal de perfeição, tanto no trabalho como no papel de esposa ou mãe - você perde o ritmo natural, lento, da vida. Passa a existir apenas a correria, a tentativa de atingir o ideal. O ritmo mais lento da  pulsação da terra, aquele estado em que você simplesmente é, fica relegado ao esquecimento."

Discutimos este tema amplamente, com vários exemplos do cotidiano e de casos clínicos.

Passamos então à questão  da negação da raiva. E da grande confusão que existe entre expressar e atuar a raiva (que são coisas bem diferentes). As pessoas têm tanto medo  da raiva, por não saber expressá-la, que a reprimem, e sofrem as consequências em seus corpos: como úlceras, doenças de pele, dores de cabeça e etc...

Também foi abordada a questão do princípio do poder, e como essa dinâmica famíliar leva ao vício da perfeição, ao sentimento de vazio e infelicidade.

Para evitar isso, os pais precisam ser capazes de aceitar e amar seu filho tal qual ele é. Isso só é possível se foram capazes de amar a si próprios.

"É onde a coisa começa. Você primeiro tem de se perdoar por ser humano, porque ser humano é ter muitas falhas; por isso, você tem de perdoar, e então o amor fluirá."


Dezembro de 2012

Iniciamos nosso encontro trazendo um pouco das novidades sobre as palestras que assisti na Itália sobre a Distorção da Imagem Corporal na Contemporaneidade, e o papel da arte-terapia no resgate da integração Corpo/Mente.

Sobre isso vejam os posts: Um Fato no Mínimo Intrigante, Ame Seu Corpo, Nem tudo é o que Parece (estão na lista de postagens antigas)
         
Depois retomamos a leitura e  finalmente  terminamos a Primeira entrevista!

Alguns destaques da leitura:

Sobre o foco na cultura física em detrimento da consciência do corpo:

"Algumas pessoas podem fazer exercícios e estarão somente estendendo os braços para cima. Outras expandem-se à partir do plexo solar e com isso seu corpo inteiro torna-se vivo. Há os que dançam de forma mecânica e técnica, outros, ao dançar estão rezando. Depende se o foco da consciência está dentro ou fora do corpo."

O que acontece quando se ouve o corpo:

"Quando as pessoas ouvem o corpo também desenvolvem uma aguda sensibilidade para com a natureza."

Quando se inicia esse diálogo, como se dá a comunicação:

"O corpo emite mensagens vindas de diferentes camadas, conforme você vai alcançando  diferentes níveis de conscientização. Sinais de adertência devem ser ouvidos e obedecidos. Ao invés de ser ignorado, deixado à míngua, entupido ou embebedado, o corpo deve receber uma verdadeira atenção."

"Quando o corpo está inteiramente aberto, podemos confiar em nossos próprios sentimentos e atos; eles nos ancoram  em nosso domicílio interior. O corpo protege-nos e nos guia - seus sintomas são os sinais que nos religam à nossa própria alma perdida."


Depois do Café, onde comemoramos o aniversário da Vanessa, compartilhei  algumas fotos da visita ao Vaticano e do encontro com o Feminino Sagrado de forma muito interessante num lugar improvável.



Ao entrar no palácio do Vaticano, centro da cultura cristã, caracterizada pelo patriarcalismo e monoteísmo, me deparei com uma das representações mais primitivas da Deusa, a imagem da  fertilidade, caracterizada por  múltiplos seios. Ela está de braços abertos recebendo os visitantes.

Outra curiosidade é que não há crucifixos nem santos em toda extensão dos museus do Vaticano. A única sala com imagens religiosas é a dedicada à Nossa Senhora da Imaculada Conceição, justamente uma das representações do Feminino Sagrado...



Vocês acham que é uma mera coincidência? Eu acho que não...



Outubro de 2012


   Neste ponto da entrevista, Marion Woodman começa a falar de uma nova feminilidade que surge através do corpo. "A Deusa está chegando à Terra através do corpo físico." E ela adverte: "Precisamos criar com ela uma relação consciente, de outra forma poderemos ser tragados de volta ao matriarcado inconsciente."
       
      Em seguida ela é questionada sobre qual é a essência do feminino nos homens e nas mulheres. E responde prontamente: É o amor. "O feminino é  a amorosidade em cujo bojo cabem todos os conflitos, todos os processos físicos e psicológicos, que não devem ser rejeitados, mas amorosamente acolhidos. O único meio de crescer é entrando em conflito. Conforme a vida se desloca de uma fase para a seguinte você deve sofrer a morte de uma para que haja o nascimento de outra."
    
     Neste momento fizemos uma reflexão sobre as muitas mortes e nascimentos que enfrentamos durante nossa vida e sobre o sofrimento envolvido. O sofrimento será maior quanto maior for o apego a cada fase e quanto menor for a confiança no fluxo da vida.

       Observamos que, segundo Winnicot,  o estado de confiança não é inato no ser humano. Ele é construído através da relação primordial mãe-bebê. Se a criança tem uma necessidade ou desconforto e é atendida dentro de um tempo razoavelmente curto ela passa a confiar que o desconforto tem fim. Se o bebê é deixado sem atendimento, ele desconhece a possibilidade de fim desse sofrimento e entra no que é chamado de agonia impensável.  

         Portanto, se estamos aqui hoje, é porque alguém nos amou.

     Ela segue o texto destacando novamente a importância da Madona Negra (que já abordamos no encontro de Julho de 2012 - dê uma olhada abaixo) como símbolo redentor da dissociação corpo-mente.
   
     "Recebemos a vida através dos orifícios  do nosso corpo:
       olhos, nariz, ouvidos, poros, vagina.
       Quando conseguimos verdadeiramente receber ,
       crescemos continuamente."


     E finalizamos a leitura deste mês com o parágrafo em que ela fala sobre a ênfase dada  na atualidade no condicionamento físico, na forma e etc... e sobre o estado de Presença.  

     "Penso que algumas pessoas podem correr e estar em íntimo contato com seu corpo, enquanto outras estão só correndo de alguma coisa. Há os que dançam de forma mecânica e técnica; outros, ao dançar, estão rezando. Depende se o foco da consciência está dentro ou fora do corpo, ou só na cabeça."

          
Setembro de 2012
     Neste mês iniciamos o encontro falando sobre abordagem corporal, uma longa conversa sobre as funções do escalda pés do ponto de vista fisiológico da medicina tradicional e  da medicina chinesa, suas indicações e cuidados. Veja o Post Escalda Pés na página Corpo e Mente.

           Falamos  também das diversas dinâmicas psíquicas instaladas a partir de hábitos criados como resposta a situações do passado que não existem mais, mas que se tornaram um padrão de comportamento e uma visão de mundo que traz sofrimento. Utilizamos o exemplo dos soldados  japoneses escondidos nas matas durante anos e que não acreditavam que a guerra havia terminado. E também qual seria o papel do terapeuta diante desses casos.



      Depois  passamos a discutir o filme sugerido no encontro passado: "Caramelo" que mostra os desejos, fantasias e sonhos de um grupo de mulheres que freqüentam um salão de beleza na Beirute dos dias atuais. E como o caramelo usado para a depilação, o filme apresenta em suas personagens tanto a doçura quanto a dor de viver  com suas escolhas, bem como a lealdade e a cumplicidade diante do amor com suas  frustrações, encontros e desencontros. O retrato do cotidiano destas amigas é feito de forma delicada  e poética, com sutilezas de gestos e trocas de olhares muito significativos.  Um lindo filme, que  fala de questões  atuais e fundamentais do universo feminino. Nos coloca diante do que é a verdade de cada uma e  das muitas formas de ilusão.




     A discussão deste filme nos fez refletir sobre o papel da arte como propulsora de movimentos e transformações psíquicas e  também sobre a sua característica  de símbolo que nunca se esgota, pois cada pessoa irá perceber na arte aquilo que ressoe com seu próprio Universo  ou o que cause estranhamento;  permitindo a identificação projetiva e a elaboração de conteúdos inconscientes.


Agosto de 2012
   
     Começamos o encontro deste mês comentando o artigo da Revista Mente e Cérebro que aborda a relação entre Psiquismo e a Menstruação. O artigo aborda a fisiologia, história, antropologia e a  influência da mídia.
    Também comentamos os ritmos circadianos de acordo com a medicina tradicional chinesa e a ocidental e as correspondências entre as duas. 
     Depois prosseguimos ainda na primeira entrevista, quando ela responde a pergunta sobre o que acontece quando não utilizamos completamente o corpo, dizendo que assim nos desconectamos da alma, pois a alma é uma entidade com que temos que viver em nosso corpo humano. A vida é uma questão de encarnação. 
      Viver no mundo mental é um perigo real, o corpo começa a gritar. As pessoas podem desenvolver sintomas ou vícios. O extremo deste polo seria a psicose, onde a libido é totalmente retirada do mundo externo e passa a ficar retida no mundo interior, o mundo das idéias, que deixam de ser vistas como fantasias e passam a ser vividas concretamente.
     Outro exemplo disso são os casos de inflação cujo desfecho inevitável é cair de cara no chão, ou recuperar o contato com a terra por meio da depressão ou de outra doença.
     Para ilustrar esse assunto, abordamos o Mito Grego da Queda de Faetonte. 
     Faetonte, filho de Apolo e da ninfa Climene, quis conduzir a carruagem do Sol (tarefa que era de seu pai Apolo). Tarefa para a qual ele não estava preparado. Contra todos os argumentos, ele pegou escondido a carruagem e tentou conduzir o sol pelo céu, mas não conseguiu,  acabou despencando das alturas e morrendo.
     Depois passamos ao parágrafo em que ela aborda a diferença entre masculinidade e patriarcado. Muitas pessoas fazem confusão entre esses conceitos, associando o patriarcado aos homens. No entanto pudemos ver que o Patriarcado seria um sistema de valores baseados no princípio do Poder. Não importando se esse poder é exercido por um homem ou uma mulher.   Um exemplo recente foi o filme "A Dama de Ferro", que fala da vida da ex-primeira ministra britânica Margareth Tatcher. O Matriarcado, por sua vez,  seria um sistema de valores baseado nos relacionamentos, nos vínculos. 
     Sugerimos que todas assistissem ao filme "Caramelo", disponível em DVD, que fala dos Desejos, fantasias e sonhos de um grupo de mulheres que frequentam um salão de beleza na Beirute dos dias atuais. E como o caramelo usado para a depilação, o filme apresenta em suas personagens tanto a doçura quanto a dor de viver a lealdade e a cumplicidade diante do amor com suas  frustrações, encontros e desencontros. O retrato do cotidiano destas  quatro amigas é feito de forma delicada  e poética, com sutilezas de gestos e trocas de olhares muito significativos.  Um lindo filme, que  fala de questões  atuais e fundamentais do universo feminino
    
     
Julho de 2012

      Retomamos os assuntos do encontro anterior compartilhando as referências de livros sobre a maternidade e sobre as várias formas de trabalho com imagética.
       Continuamos  firmes e fortes na primeira entrevista: seguindo a explicação da técnica da imagética ela destaca a importância do ancoramento na respiração e como ela reflete os diversos estados da alma. 
     O exemplo dado foi o do medo da rejeição, que  faz com que o tórax fique arqueado, os ombros voltados para a frente, tornando a respiração mais superficial e localizada no quadrante superior. Essa postura ainda dificulta os relacionamentos, pois impede que a pessoa se abra realmente para um abraço e para o outro.
    Um tema que despertou bastante interesse foi o da mobilização dos líquidos corporais que acompanha os movimentos psíquicos. Falamos dos líquidos que  surgem durante a sessão à medida que um complexo se desprende do corpo do paciente: lágrimas, coriza, salivação, bexiga cheia. E da importância de estarmos atentas a esses acontecimentos.
     Além disso observamos a relação da boca e garganta com a área vaginal, se algo aparece  acima, acionará a energia na outra extremidade. Esta afirmação lembra um aforismo da Alquimia: "Assim com é acima, também  será abaixo." 
     Outra questão importante foi a dos relacionamentos amorosos em que a mulher deseja que o parceiro seja mãe/pai/amante, e como isso afeta  o homem e impede que ele possa exercer plenamente seu papel. Isto acontece porque a maioria das mulheres tem dificuldade de contato real com o feminino.
      Falamos também de como esse contato com o feminino no corpo pode aparecer em sonhos, e  de todo o simbolismo relacionado à Virgem Negra ou à Deusa Negra que aparece em todas as tradições e culturas ao redor do mundo em todas as épocas. 
 Abaixo estão algumas imagens da Virgem Negra:

 Na França

Na Espanha

No Brasil

     Falamos ainda de como o corpo nos ensina, por exemplo através da síndrome pré-menstrual. O corpo incha, o que simbolicamente pode significar que o corpo está se enchendo de conteúdos inconscientes que podem emergir através de sonhos e imagens, tendo a oportunidade de elaboração. Como se o corpo dissesse: "mergulhe em minhas águas de cura e eu lhe indicarei os símbolos que lhe possibilitarão ingressar em uma nova vida, em um novo ciclo." No entanto, em nossa cultura, não existe um tempo dedicado a esse período, não se dedica o menor respeito, chegando ao ponto de alguns médicos prescreverem hormônios para abolir o ciclo menstrual.
     Ela aponta também como nossa cultura, através do culto à juventude eterna, transformou a morte em um tabu. Fazendo com que as pessoas fujam a todo custo das fases de crisálida. 


 "O feminino que é genuíno sabe que a vida é cíclica, que a lagarta deve morrer para que a borboleta apareça."

 "As mulheres são detentoras do imenso potencial de oferecer ao mundo um modo inteiramente novo de compreender o padrão cíclico da vida. Mas se continuarem insistindo em percorrer a linha reta da perfeição e das performances, o corpo vai lhes dar uma rasteira, é uma questão de tempo." 

Junho de 2012

Quando inspiro, o divino entra em mim.
Quando retenho o ar, o divino está em mim.
Quando expiro, vou em direção ao divino.
E com os  pulmões vazios, eu estou nele.
T. Krishnamacharya

     Continuamos na primeira entrevista, quando ela começa a descrever um de seus métodos de trabalho: a Imagética, ou o trabalho com as imagens associado à respiração.                  
     Identificamos uma imagem positiva, e a enviamos ao corpo,  através da imaginação durante a  fase da  inspiração, ao expirar, mantemos a imagem no local escolhido.
        
      Esta técnica já era utilizada na antigüidade, na Grécia e também no Oriente. O que Marion Woodman faz é integrá-la à prática da Psicologia Clínica.
    Na Grécia antiga, os doentes iam em peregrinação ao templo de Asclépio onde passavam por uma série de preparações  para dormir no templo a fim de sonhar. Acreditavam que o sonho continha a solução daquela doença, e as imagens oníricas eram utilizadas na cura.
        Na Medicina Tradicional Chinesa há uma máxima que diz: "Onde a consciência for, o Qi a seguirá." Nesta prática de cura utiliza-se a atenção e a visualização de determinadas imagens de acordo com cada tipo de doença. 
         
         Abordamos também a  importância de nos abastecermos com imagens saudáveis, pois as imagens que recebemos tornam-se parte de nós, assim como o alimento.
      Falamos sobre a dificuldade de alimentar a alma, pois as pessoas não conseguem receber, e como isso está intimamente ligado à respiração.
     
     "A maioria das pessoas mantêm-se respirando tão superficialmente quanto possível porque a  irrupção de sentimentos é intensa demais quando inspiramos profundamente. A respiração é muito importante porque se trata de uma maneira de receber, o que é justamente o princípio feminino encarnado."
      Marion Woodman

      Para podermos respirar verdadeiramente, é necessário expirar, soltar o ar para esvaziar os pulmões ao máximo. Se os pulmões realmente esvaziarem, a inspiração é fácil e profunda. 
      Nos estados ansiosos, com respiração curta e rápida,  a fase mais prejudicada é a da expiração. Com isso, sobra maior quantidade de ar residual e ao inspirar vem aquela sensação de  não conseguir respirar. Isso gera um ciclo vicioso, aumentando ainda mais a frequência respiratória. 
       Portanto, a dificuldade em receber, em respirar, é decorrente da dificuldade em expirar, soltar, entregar.  
     É freqüente  a confusão entre o ato de  receber e ser passiva, submissa, subjugada. Essa confusão precisa ser desfeita.



Uma Xícara de Chá
     Nam-in, um  mestre japonês que viveu durante o período Meiji (1868-1912), recebeu um professor universitário que lhe visitou para fazer perguntas sobre o Zen.
     Nam-in serviu chá.  Ele encheu completamente a xícara de seu visitante e depois continuou a despejar chá nela.
      O professor observou que o chá transbordava da xícara e ia escorrendo pelo chão e disse: "Já está derramando, não cabe mais nada!"
      "Como esta xícara", disse Nam-in, "sua mente está cheia. Como posso lhe mostrar o Zen?"
   

Maio de 2012

 Abrimos nosso encontro com o poema do Livro Coming Home to Myself 
(Capítulo 22 - Vivendo com o Paradoxo)

O que  é a rosa no fogo?
É a alma sofrendo
no fogo da paixão e da dor física.
É o espírito minguando
à medida que desce 
em direção aos limites físicos.
É a matéria elevando-se 
em direção ao espírito.
É a criação do corpo sutil.
É o tempo na eternidade.
É a luz na matéria.

Fazer alma
é permitir que a essência eterna viva
 e experimente o mundo exterior
através dos sentidos
-visão, olfato, audição, paladar e tato -
de forma que a alma cresca 
durante seu tempo na terra.

Fazer alma
é confrontar constantemente 
o paradoxo
de um ser eterno
que vive em um corpo temporal.
É por isso que sofre.
É por isso que precisa aprender pelo coração.
________________



Terminamos a leitura da Introdução com o conceito de União

"Essa união transcende os gêneros, mas sem negá-los; gênero é a manifestação diferenciada da unicidade que o transcende."

"O feminino é o instrumento do reconhecimento do masculino, assim como o masculino é o instrumento do feminino. Um está presente no outro como instrumento da própria consciência."

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Entramos finalmente na primeira entrevista: Anorexia, Bulimia e Vício

     Destaco alguns trechos que estimularam nossas discussões:
     
"Anorexia e  bulimia são  mais comuns porque as mulheres estão mais distantes que nunca de seu corpo. Essa distância instiga uma ira íntima profunda, que vai se acumulando de geração em geração."

"A matéria é feminina. A matéria está forçando muitas pessoas a tomar consciência de sua natureza sagrada. De modo que somos acossados pelo flagelo dessas doenças como mensagens dos deuses."

"Anorexia e bulimia dizem-nos que nossa alma está morrendo à míngua. E também que nosso corpo se tornou por demais cerebral. Essas pessoas estão seccionadas ao nível do pescoço. As vidas que tiveram foram performances. "

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Abril de 2012

     Iniciamos este encontro com a leitura de um belo texto escrito pela Grinis Miashiro, a partir de nossas leituras e discussões do mês passado.


Alma e Glicose: o dia em que a fome devoradora foi devorada.

Era uma fome dum tanto assim. Fome de quê, não sabia - ou esquecia?
Desde o passado, era a Fome – crescendo mimosa, comendo faminta, num crescente que só se ia crescendo. Comendo num gerúndio sem fim, a Fome nunca se via particípio. Também não se considerava abstrata - para além de concreta, era A Fome, de vontade própria e tudo.
De tão fora da lei, de tão de regras próprias, a gramática nunca lhe cabia bem, e nunca lhe era servido um lugar para se aconchegar. Foi assim - tanto se escondendo que se encontrou assim mesmo, escondida. E, lá aprisionada, a vontade de ser vista e resgatada foi engordando imperiosa.
Um dia, lá de dentro, dum grande vazio, O Vazio-que-era-habitado, pediu comida assim:
- Fome afetiva!
- Fome monetária!
- Fome de doce!
E assim foi se substanciando.
- Fome de paz!
- Fome de amor,
de pai, de mãe!
Nossa, mas que vazio tão cheio de tanto!
- Fome assim!
- Fome, fome..
. ?
- Fome de alma!
- Fome de mim!
- Fome de Eu!
A fome que já havia se substanciado de tantas outras coisas, tão revestida de peles e enormes retalhos de tantos outros nomes: tanto tempo alimentada, sem ser nutrida! Tão solitária e selvagem, tão amiga, tão minha, tão-eu.
Vez ou outra, quando Ela bate na porta, logo me certifico de que sejam servidos uma gostosa xícara de chá e um bom lugar para que Ela se sente ao meu lado, e pergunto: “Hoje, você está com fome de quê?”.
Por hoje, fim (de glicose)!
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Após este belo texto continuamos a leitura da introdução e nos deparamos com estas questões: "Por que perder tempo com meus sonhos quando estou correndo o risco de perder o emprego? Por que permitir-me ler sobre a alma quando meu casamento está por um fio? Por que dar-me o incômodo de refletir sobre amorte quando mal consigo dar conta da hipoteca?"

E a resposta veio em seguida:
"O ponto é que a perda de ligação com a nossa alma, a perda da ligação com a nossa feminilidade, pode ser a causa real de nossa angustiada situação de vida. Se não temos ponte que nos leve até as profundezas do inconsciente que nos impulsionam a agir, nossas tentativas racionais de retificar a situação em que nos encontramos são pífios paliativos. Só funcionam enquanto mantemos distância do fogo vivo que arde em nosso íntimo. Quando essas chamas explodem à tona, nossos band-aids são icinerados.

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A seguir lemos o trecho sobre o Memorial à Guerra do Vietnam, projetado por Maya Lin.




Em 1981 o governo americano lançou um concurso para a construção deste Memorial. O concurso era cego, cada projeto recebia um número e o nome do autor era desconhecido até o final. Maya Lin, uma estudante de arquitetura 21 anos, descendente de chineses, ganhou o concurso entre 1400 projetos.  Ela criou um memorial extraordinário, que é ao mesmo tempo uma crítica às mortes inúteis da guerra.


     É um dos mais reverenciados monumentos dos Estados Unidos,  neste Memorial em Washington, há um imenso monolito de granito negro onde estão inscritos os 58.183 nomes dos soldados mortos na guerra. Ele é incessantemente tocado . Não há gesto mais pungente do que o da mão humana que acaricia o nome amado.


    
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Março 2012
Marion Woodman aos 80 anos em um workshop


 Estamos fazendo a leitura em grupo do livro "A Feminilidade Consciente" de Marion Woodman.

Iniciamos nosso encontro com o poema Espiral


A linearidade não  vem  naturalmente para mim.
Ela mata a minha imaginação.
Nada acontece.

Nada de sinos tocando.
Nenhum momento de "Aqui e Agora".
Nenhum momento que me diz "Sim".
Sem isto, eu não me sinto viva.

Prefiro o prazer
da jornada através da espiral.

Relaxe.
Aprecie a espiral.
Se você perder algo na primeira volta,
não se preocupe.
Você pode pegá-lo 
na segunda -  na  terceira - ou na nona volta.
Não importa.

Relaxe.
O momento é tudo.
Se o sino tocar,
ele ressoará
por todas as voltas da sua espiral.
Se ele não tocar,
é a espiral errada,
 o momento errado, 
ou simplesmente,
não há um sino.

Marion Woodman e Jill Mellick
In : "Coming Home to Myself"


   Começamos a leitura da Introdução que traz a pergunta: "O que é a feminilidade consciente?

      E ela continua:
   "A resposta formula a pergunta. Enquanto me mantiver fazendo a pergunta, sei que a resposta existe, e que luta para falar de uma maneira que eu finalmente consiga entender. "

     "Não posso conhecer Sofia, a natureza feminina de Deus, até haver experimentado seu amor irradiando em minhas células."

      Conversamos sobre a figura de Sofia e seu significado dentro da cultura e das religiões.

     Na Capela Sistina, a pedido do Papa Julio II, em 1508, Miguelangelo realizou pinturas com cenas bíblicas. No centro do teto, vemos a figura de Deus  e de Adão tentando se  encontrar. Deus está em uma nuvem abraçado a uma figura feminina. É Sofia. A pedido do papa, Miguelangelo teve que reduzir os seios  dela, para que não parecesse uma mulher e fosse confundida com os anjinhos que os rodeiam.
   
    Clique no link abaixo para visitar a Capela Sistina em 3D.     É só clicar no centro da tela e ir movendo o mouse para passear por dentro da capela.  Você também pode aproximar as imagens com o mouse. Precisa esperar um pouquinho para que a imagem fique nítida.  Você se sente lá.  É lindo!   
  

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