Abandonar o Papel de Vítima

Nesta página você encontrará todos os posts enviados nas mentorias semanais do Grupo de Estudos do Livro "Abandonar o Papel de Vítima". Estão na ordem das aulas.

Como Cuidar Amorosamente de Si Mesma?


Algumas pessoas perguntam: mas afinal, o que é o cuidado amoroso com a existência? Bom, este é um conceito amplo, mas tudo começa do básico, não é?

Então, cuide de você da mesma forma que cuidaria de uma criança pequena: alimente-se de forma saudável, passe algum tempo ao ar livre e tome um pouco de sol, vá cedo para cama.

Permita-se pequenas pausas para descanso, não diga coisas más para si mesma e não se coloque em perigo.

Trate-se com delicadeza.

Aos poucos vamos estendendo este cuidado para outras áreas de nossa vida, e para tudo ao  nosso redor.

Se você conseguir colocar isto em prática já será um bom começo, não é?

Terceiro Ponto
Também chamado de "Ponto Transcendente"  de União Entre Todas as Pessoas. 
Este é um  instrumento fundamental para nossas vivências corporais e muito útil para profissionais que trabalham  com o cuidado de outros em qualquer área. Pode ser utilizado também  em qualquer tipo de relacionamento  e  principalmente quando temos de enfrentar pessoas ou situações difíceis.
As pessoas sempre perguntam: Como você consegue atender tantas pessoas em sofrimento sem ficar contaminada, sem deprimir? E eu digo que além de gostar muitíssimo do que faço, estou sempre ligada a meu Terceiro Ponto.
Aprendi esta técnica através dos ensinamentos do Professor Petho Sandor, durante o processo de formação como analista e também terapeuta corporal.
É um ponto de ancoragem e centramento que nos tira da relação direta Eu-Tu, estabelecendo um terceiro elemento além das duas pessoas, funciona como ponto de conexão entre os dois e ao mesmo tempo  funciona como um filtro. 
Krishnamurti, o grande sábio indiano, na simplicidade e clareza do pensar oriental, conseguiu criar uma imagem de beleza cristalina:
     "... os homens são como moléculas de água num oceano...elas são parte dele e ao mesmo tempo vivem dele e se relacionam entre si..." 
O Dr. Sandor ressaltava a importância de ser considerado o fato de que sempre, entre duas pessoas, existia a presença de um ponto em comum que estava além das vontades e dos pensamentos  da consciência. Esse ponto nas profundezas do inconsciente poderia ser considerado o campo  em comum entre ambas as partes, podendo ser chamado de Terceiro Ponto (para os iunguianos também é chamado de Self - o centro organizador da Psique)
A técnica é muito simples. Imagine que entre você e seu interlocutor  está o seu terceiro ponto, um pouco acima das suas cabeças. Uma linha liga você ao terceiro ponto e dele parte outra linha em direção ao interlocutor, formando um triângulo imaginário. 
Para facilitar a conexão, geralmente sugerimos que a pessoa visualize aquilo que é mais sagrado para ela como sendo seu terceiro ponto.  Uma imagem que lhe transmita a sensação de amor, de paz. Esse elemento é quem faz a ligação entre as duas pessoas. 
Se a pessoa for religiosa, pode  ser uma imagem ligada à sua fé, mas não necessariamente,  pode  também ser um elemento da natureza  ou outra imagem que lhe traga essa sensação de harmonia. 
Você pode visualizar o ponto transcendente inclusive sozinha, essa conexão traz mais presença, calma e concentração em qualquer atividade que estiver fazendo.
Pode por exemplo colocar seu terceiro ponto entre você e um livro para poder se concentrar melhor na leitura, conectar-se através do terceiro ponto a um instrumento ou ferramenta de trabalho...as aplicações são muitas.
À medida que vamos treinando colocar o terceiro ponto em nosso cotidiano, ele vai ficando cada vez mais natural e presente. Você perceberá que efeito interessante acontece: as relações tornam-se menos tensas e mais harmoniosas. Nossa percepção da situação fica mais clara, conseguimos conversar, argumentar e negociar conflitos com muito mais tranquilidade.    
Para aqueles que são cuidadores, o ato de cuidar torna-se muito mais leve.
Atividades complexas podem ser realizadas com fluidez e estado de presença, com menos desgaste físico e mental. 
Experimente! 
Aula 1 do Curso Abandonar o Papel de Vítima
Já se perguntou por que nos sabotamos, adiamos coisas que são importantes para nossa alma ou repetimos situações que nos prejudicam? 

Porque todos temos também aquilo que não é belo e elevado; a destrutividade. Para vivermos de forma íntegra e buscarmos a completude precisamos cuidar disso também.

Quando não é identificado e devidamente cuidado,  esse aspecto destrutivo permanece inconsciente. 

Desta forma podemos encontrar pessoas e situações em nossas vidas que têm as características ideais para receber a projeção do nosso próprio predador interno e nos vemos dentro de uma situação abusiva ou destrutiva.

Conforme disse Jung: 
"Aquilo que negamos em nós mesmos, enfrentamos como destino."

Somos ensinadas desde muito cedo a sermos boazinhas, a ingenuidade é valorizada como qualidade, o que nos torna presas fáceis para esse aspecto negativo.  

Ao invés de brigar com ele, ou de reprimi-lo, nós o desarmamos.

Preste atenção à sua intuição, faça perguntas, seja curiosa, veja o que estiver vendo, ouça o que estiver ouvindo e depois aja com base no que seu coração sabe ser a sua verdade.

Assim é possível direcionar a força desse aspecto negativo a favor da vida. 

O veneno transforma-se em remédio. 

Entendeu? 😉

Um resuminho do nosso encontro do Grupo de Estudos e Vivências do Livro "Abandonar o Papel de Vítima", de Verena Kast. Mês que vem tem mais...


O Poder Terapêutico dos Círculos de Mulheres

"Um Círculo é um lugar igualitário de aprendizado, que lhe dará apoio se você suprime ou sufoca seus sentimentos, minimiza ou nega o que vê, ou não diz o que quer e ninguém ao seu redor parece notar. 

Apenas estar lá.

Um Círculo confiável tem um centro espiritual e respeito pelos seus limites. É um agente poderosamente transformador. 

Círculos também funcionam como grupos de apoio: se você quer transformar algo em sua vida ou em você mesma, o Círculo é uma base segura para suas tentativas. 

... Ele pode ser como uma ilha onde se pode falar livremente e rir. 

Também nos faz conscientes sobre o que fazemos para perpetuar o status quo e como podemos alterá-lo.

Cada mulher, em cada Círculo, que se transforma através de sua experiência nele, leva estas mudanças para outras relações. Até que em um determinado dia, um novo Círculo se formará e ele será o Milionésimo Círculo - aquele que faz a diferença e nos levará a uma era pós patriarcal. "

Jean Shinoda Bolen 
O Milionésimo Círculo

Trecho da Aula 3 do Curso de Formação de Facilitadoras de Círculos de Mulheres e Grupos Terapêuticos Femininos, onde trabalhamos Centramento de Grupos e como sustentar espaço para que a transformação aconteça.


O Que é Sustentar Espaço? Por que é tão Importante?


Você é uma boa anfitriã para si mesma? 

Esta pergunta costuma causar espanto, pois a maioria das pessoas pensa em ser boa anfitriã para os outros, mas esquece de si.

Mas para transformar algo, desde uma mudança de hábitos no cotidiano, elaborar uma perda, acompanhar a jornada de outra pessoa, ou realizar algo que tenha impacto positivo, é necessário primeiro sustentar espaço para si mesma. 

Sustentar espaço é estar presente, sem julgamento, e sem necessidade de uma resposta imediata.

Assim é possível acolher emoções, dúvidas e conflitos internos, e aguardar para que cada coisa encontre seu lugar dentro de nós. É algo que podemos aprender e cultivar.

Para começar, conecte-se com a respiração sempre que precisar de centramento. Relaxe a língua dentro da boca e perceba como isso muda o padrão respiratório. Ao soltar a língua, naturalmente a garganta, o diafragma e o assoalho pélvico relaxam permitindo uma respiração suave e profunda. 

Faça pequenas pausas ao longo do dia para simplesmente existir.  Olhe pela janela,  veja o céu ou algum detalhe da paisagem, respire. Apenas alguns minutos já ajudam a desacelerar.

É algo tão simples, mas reduz a ansiedade e traz clareza mental. Permite a auto-regulação emocional. O primeiro passo para aprender a sustentar espaço.

Inclua este pequeno cuidado no seu dia a dia e perceba a diferença.

A partir daí é possível aprender a sustentar espaço para lidar com as emoções, sintonizar com a intuição, a criatividade e principalmente para a alegria de viver, como vou explicar no próximo post.

Como Abrir Espaço Interno e Sustentá-lo


Como abrir espaço interno e sustentá-lo? 
 
Isso podemos aprender. É um exercício de amor.

Lembre-se de ancorar na respiração e relaxar a língua sempre que precisar de centramento (como ensinei no post anterior) 😉

Dicas para este aprendizado:
  
1 - Ofereça-se somente a quantidade de informação e estímulos com a qual é capaz de lidar em cada momento. 

2 - Afaste-se do que te sobrecarrega emocionalmente ou drena sua energia.

3 - Se houver sobrecarga emocional, procure um lugar seguro e deixe as lágrimas fluirem; se estiver com raiva, soque uma almofada. 

4 - Com os passos 1, 2 e 3 a tensão interna se reduz bastante, assim é possível se conectar com a intuição. 

5 -  Deixe o Ego fora disso. Permita-se errar. Onde não há espaço para errar, não há espaço para criar.

6 - Permita que cada pessoa viva sua história, isto tira um peso enorme dos nossos ombros.

7 - Quando estiver atravessando momentos difíceis busque inspiração na natureza, artes, música, boas leituras. 

8 - Encontre formas criativas de expressar suas emoções: faça uma colagem, pinte, escreva num diário, dance, cante...

9 - Aceite que outras pessoas sustentem espaço para você quando necessário. Aceite ser cuidada. 

Vá treinando cada passo com paciência e amor até que se torne um hábito. Então será uma boa anfitriã para si mesma e poderá sustentar espaço para sua alegria de viver e para ajudar outras pessoas.

"Se a sua compaixão não te inclui , ela é incompleta"
Buda Sakyamuni

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