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Filme - A Família Bélier

A Família Bélier
França - 2014

Que delícia de filme!!!

Roteiro inteligente, envolvente, engraçado e emocionante . Tudo ao mesmo tempo! E com muitas metáforas psicológicas para explorar...

Os Bélier são fazendeiros produtores de queijo numa pequena cidade próxima de Paris.  A família é muito amorosa, animada e barulhenta, com um detalhe: são todos surdos-mudos com exceção da filha mais velha, Paula.

Paula é uma adolescente que enfrenta todos os dilemas dessa fase: os amigos, a escola, a primeira menstruação, o primeiro amor...Mas também é ela o elo de ligação entre a família e o mundo. Ela traduz a linguagem de sinais para os clientes e vice-versa, faz as negociações com fornecedores, com o banco, enfim com o mundo dos ouvintes.

Mas eis que um dia, o professor de música descobre que ela tem uma voz maravilhosa, um verdadeiro dom dos Deuses e quer prepará-la para o concurso da Radio France, que dará direito a uma bolsa de estudos para a melhor escola de canto de Paris.

Ela descobre a si mesma cantando. É muito forte, um chamado. Mas como deixar seus pais?  E a família não consegue entender essa paixão pelo canto, eles nunca ouviram nada...e tinham a certeza de que a fazenda passaria dos pais para os filhos.

Além disso, o roteiro é tão criativo que coloca a trajetória dos outros personagens seguindo em paralelo e todas vão se entrelaçando. Segue-se um filme delicioso com surpresas, beleza e humor. Em alguns momentos dei boas gargalhadas...

Há muito material para amplificações em psicologia, mas destaco aqui o papel do pai, como aquele que conduz os filhos para o mundo.

Belíssima a trajetória dele, buscando compreender e validar o desejo da filha, tentando percebê-la como uma jovem mulher e não mais como o seu bebê. Ele tem um papel central  no desenrolar dos acontecimentos.

E claro, a coragem de Paula para lançar-se no desconhecido.

O final é simplesmente e-mo-cio-nan-te!

A gente acaba se apaixonando por essa família...

Continue vendo os créditos porque há uma pequena cena que mostra o que acontece depois.

Recomendadíssimo!




Filme - Não Olhe Para Trás

Não Olhe Para Trás
USA - 2015

O que dizer de um filme como esse? Belíssimo? É pouco...

Fiquei encantada com esta história REAL e pela forma delicada e bem humorada com que foi contada.

Trata de um tema fundamental na jornada de auto-conhecimento: a Redenção.

Quando Danny Collins (Al Paccino), um músico muito popular, faz 65 anos, percebe-se infeliz e num vazio que nem a fama, o dinheiro, as drogas e as mulheres conseguem preencher.

Parece que tomou o rumo errado e não há como voltar para trás.

Mas eis que ele descobre uma carta escrita por John Lennon há 34 anos e que ele não recebeu na época. O conteúdo da carta o deixa em estado de choque por vários dias.

Se ele tivesse recebido essa carta na época, tudo poderia ter sido diferente...

Ele então cancela a turnê e se retira para uma cidadezinha pacata para pensar, tentar encontrar um novo caminho e resgatar assuntos inacabados do passado.

Este filme tem muitas sutilezas e metáforas maravilhosas, para conversarmos por horas...Mas vou dar apenas umas dicas.

Uma característica marcante do personagem é seu senso de humor mesmo nos piores momentos. Isso permite que encontre saídas criativas para os impasses.

E bota criatividade nisso...

Outra lição incrível é que não precisamos ser perfeitas para sermos boas pessoas. O caminho da individuação não é uma linha reta, é uma espiral, passamos muitas vezes nos mesmos lugares, mas cada vez com uma visão diferente da situação e outras possibilidades de escolha.

O passado não pode ser mudado, é preciso aceitar isso, fazer os lutos necessários e buscar dentro da alma o caminho  da reparação possível e depois seguir um novo rumo.

A redenção não é feita da forma como nós queremos, mas como a vida quer. Precisamos estar atentas e abertas para isso. E o personagem está!

O final traz uma redenção magnífica, que nos deixa emocionadas e com um sorriso no rosto. Mas preste muita atenção na cena para não perder a sutileza que muda tudo...

Continue vendo os créditos finais, porque o verdadeiro Danny Collins aparece contando a história da carta.

Recomendadíssimo!




Filme - Stanley e Iris

Stanley & Iris
EUA - 1990

Que beleza ver Robert de Niro e Jane Fonda jovens e fazendo um par romântico! Isso já chamou a atenção e quando li a sinopse me encantei.

É a história de uma mulher que enviuvou recentemente e está lutando para lidar com a nova situação. Além de sofrer muito  com a saudade, tem que enfrentar dificuldades financeiras e as agruras de cuidar de filhos adolescentes.

Ela descobre acidentalmente que um colega de trabalho é analfabeto e sem querer o "entrega" ao patrão e ele é demitido.

Ela fica consternada por isso e se oferece para alfabetizá-lo, mas as coisas não serão fáceis. Surpresas e reviravoltas da vida os aguardam e eles acabam se afastando.

Mas a perseverança, a vontade e, lógico, o amor, vencem no final.

O filme ultrapassou todas as expectativas...Belíssimo, é o que posso dizer.

Roteiro baseado numa história real, atores maravilhosos, direção impecável e uma trilha sonora que me fez viajar, tanto que acabei comprando para ouvir outras vezes.

Um dos filmes mais delicados, tocantes e românticos que já vi! E com muitos significados simbólicos para explorar.

Assista!



Filme - Twinsters

Twinsters
EUA - 2015

Quanta delicadeza encontrei neste filme...Nem sei como descrevê-lo, é tão belo e emocionante!

A história real de uma jovem francesa, estudante de moda, que encontrou no youtube um vídeo de uma garota americana cujo rosto era idêntico ao seu.

Ela manda uma mensagem para a outra e à medida que vão interagindo descobrem que são gêmeas que foram separadas ao nascimento e adotadas em países diferentes.

Muito interessante perceber como a experiência de ser adotada foi completamente diferente para cada uma delas. 

Anaïs, a jovem francesa, passou a vida toda sentindo a falta de uma pessoa que não sabia quem era, e depois descobriu que a saudade era da irmã que não conhecia.

Que lindo ver como elas lidaram com a recusa da mãe biológica em dar qualquer informação sobre o seu nascimento, como conseguiram perdoá-la por tê-las separado.

Muito tocante a cena em que Samantha, a gêmea americana, fala sobre aceitação.

E a beleza de terem se conectado com suas raízes, de terem superado a dor da falta e construído uma nova história, pois passaram a se sentir parte de algo maior.

Uma bela e verdadeira história de amor, superação e renascimento.

Recomendo!



Filme - Emma - Jane Austen

Emma 
Inglaterra/EUA - 1996

Estamos quase completando nossa coleção de filmes de Jane Austen. E este, embora antigo, é uma delícia de assistir...
Mesmo pertencendo à era vitoriana, a obra de Jane Austen continua atual, pois as heroínas estão além do seu tempo, buscam ser verdadeiras consigo mesmas e lutam por aquilo que acreditam, sem jamais abrir mão de sua integridade.
Diferente das outras obras, onde a protagonista é pobre e sofredora, Emma é uma jovem rica, bonita e inteligente. Mas é um pouco imatura e age de forma arrogante e manipuladora. 
Acredita ser uma perfeita casamenteira e quer decidir o que é melhor para todos em seu círculo de amizades. Mas ela não dá atenção a seus próprios sentimentos e nem consegue perceber a sutileza dos sentimentos das outras pessoas.
Nem preciso dizer que isso gera muitas confusões, não é? Por mais que ela queira controlar, a vida foge ao controle.
À medida que as confusões vão sendo resolvidas ela entende que cada pessoa é capaz de fazer suas escolhas e os sentimentos devem ser respeitados. 
Percebe sua arrogância, busca uma outra forma de se relacionar e tenta reparar seus erros.
Como não poderia deixar de ser, conforme amadurece, também passa a perceber melhor seu entorno e descobre o que sempre estivera ao seu lado e ela nunca havia notado: o Amor...
Lindos cenários e figurinos, belíssima trilha sonora e um elenco excelente.
Recomendo!


Filme - Maidentrip

Maidentrip
Canadá - 2013

A primeira indicação de filme do ano é super especial e nos arrebata desde o início.

Vamos conhecer a incrível jornada de Laura Decker, que em 2010, aos 14 anos,  partiu sozinha num veleiro para dar volta ao mundo sem equipe de apoio e sem nenhum barco acompanhando. 

Quando vi a sinopse do filme, minha primeira reação foi pensar: Que loucura, uma garota tão jovem! E como mãe também me perguntei: E seus pais permitiram? Mas fiquei curiosa para saber mais, e ao assistir fui tocada pela história dessa garota e mudei minha perspectiva.

Laura nasceu no mar e passou os 5 primeiros anos de sua vida em um veleiro, mas depois sua família passou a morar em terra firme. Só que o desejo de voltar ao mar não a abandonava. Que chamado era esse?

Acompanhamos os obstáculos que ela teve de vencer antes de zarpar: como conseguir um barco e dinheiro para custear a viagem, enfrentar um processo do governo para impedi-la, conhecer as rotas e as correntes marítimas, saber consertar as principais avarias do barco, sem falar nos perigos do mar sem fim.

Todas as imagens da viagem foram feitas pela própria Laura, o que nos dá  a impressão de estar no barco com ela. A edição é muito bem feita e mesclada com animações da rota que o veleiro vai seguindo. São tantas aventuras...Que fibra tem essa garota!

E como não poderia deixar de ser, toda viagem é acompanhada de uma viagem interior...

Ela visitou ilhas paradisíacas, conheceu pessoas especiais, fez uma revisão de sua história familiar, questionou o modo como os adultos constroem suas vidas, buscou sentidos e fez novas escolhas para seu futuro.

Emocionante. Inspirador.
Adorei e recomendo!



Filme - A Dama Dourada

A Dama Dourada
Reino Unido e EUA - 2015

Este belíssimo filme foi indicado pela Raphaella, nossa querida amiga do Círculo e do Grupo de Estudos. Baseado em fatos reais, com Hellen Mirren em atuação magnífica, reconstituição de época impecável e um roteiro muito envolvente.

Conta a história extraordinária de Maria Altmann uma senhora austríaca, que emigrou ainda jovem para a América fugindo da Segunda Guerra e que tem uma vida modesta e pacata na Califórnia. 

Com a morte de sua irmã, ela encontra cartas e documentos antigos que revelam um segredo: todas as obras de arte que adornavam sua casa na infância e  agora estão no Museu de Viena não foram doadas ao governo em testamento por seus parentes, mas roubadas pelos nazistas.

Ela decide processar o governo da Áustria para reaver a obra prima de Gustav Klimt "A Dama Dourada", o retrato de sua querida tia Adele, que está profundamente ligado à memória de tempos felizes de sua família ainda unida, e tem um valor sentimental para ela.

Só tem um pequeno detalhe: o quadro se tornou a "Monalisa" dos austríacos e custa hoje mais de 100 milhões de dólares, lógico que eles não querem perdê-lo.

Uma senhora sem recursos financeiros, assistida por um advogado jovem e inexperiente num país com leis duras. Todos diriam que ela enlouqueceu! 

Também é muito interessante o que acontece com o jovem advogado quando chega a Viena. Só lá é que ele se conecta com a linhagem de seus antepassados e isso o transforma.

Veja a linda trajetória de pessoas comuns lutando contra uma estrutura muito maior do que elas. Uma linda história que mostra a força da ancestralidade, do anseio por justiça e reparação.

Como  vimos no post anterior, ela realiza uma cura de corpo e alma, honrando os que já se foram e dando o devido descanso ao passado. Emocionante...

Não pare o filme antes dos créditos, você conhecerá os personagens reais e tudo o que aconteceu depois. 

Lindo demais. Recomendo a todas!




Compreender o Lugar de Cada Um Para Mudar o Mundo: Leymah Gbowee, Prêmio Nobel da Paz em 2013 - Histórias Que Curam



Você acha que mudanças são muito difíceis? Que só vai poder mudar as coisas quando tiver condições para isso? Ou quando tiver bastante gente ao seu lado? 

Leymah Gbowee, juntamente com mais 6 amigas e tendo apenas a quantia de 10 dólares iniciou um movimento envolvendo as mulheres de todas as etnias e religiões no país  que culminou com o término da guerra na Libéria. Por isso foi uma das agraciadas com o Prêmio Nobel da Paz em 2011.

Este vídeo com um trecho de sua fala sobre o aprendizado que teve com isso é maravilhoso. Em apenas 3 minutos ela consegue dar uma enorme lição de vida. 

Assista e se inspire...






A Dança dos Amantes



Este vídeo maravilhoso fez parte de nosso encontro neste mês. Ele mostra toda a sensualidade da dança dos amantes, o encontro entre masculino e feminino, yin e yang em pleno equilíbrio.

Equilíbrio é vida, fluidez, a alternância entre movimentos. Rigidez é estagnação. A vida é uma dança envolvente e fascinante como esta. Desfrute!





Filme - Mansfield Park, Palácio das Ilusões - Jane Austen

Mansfield Park
Inglaterra - 1999

Se você gosta da obra de Jane Austen, não pode deixar de ver este filme.  Foram feitas várias versões de Mansfield Park, mas esta continua sendo a melhor.
Esta obra é mais ousada, toca em temas polêmicos para a época como o adultério, a escravidão e o jogo de aparências que dominava a sociedade inglesa.
Nossa heroína, Fanny, nasceu numa família extremamente pobre. Aos 12 anos de idade é mandada para viver na casa de seu tio, Sir Thomas Bertran. Lá ela será educada e treinada para um dia tornar-se uma governanta da alta sociedade.
Mas Fanny é muito inteligente e estudiosa, se destaca em relação às suas primas fúteis e se torna amiga do seu primo caçula, Eduard.
Com o passar dos anos ela se torna uma bela mulher, com opiniões próprias e uma língua afiada. Ela chama a atenção de Henry Crawford, um aristocrata vizinho à mansão.  E os tios logo arrumam um jeito de tentar casá-la com ele. Mas ela se recusa, acha que ele não tem caráter, o que choca a todos.
A família dos tios passa a desprezá-la e a tentar de tudo para "dobrá-la", mas ela não cede. Somente seu primo Eduard parece compreendê-la e valorizar sua dignidade.
Aos poucos, vamos percebendo que naquela mansão nada é o que parece...por trás de riqueza e arrogância há muitos segredos. Todos tem algo a esconder e isso vem vindo à tona. 
Fanny mantém-se íntegra até o fim o que permite que dê uma grande virada em sua vida. 
E como em todas as obras de Jane Austen, a heroína tem um final muito feliz!
Um belo filme, com uma importante mensagem. Fanny nos mostra que ir contra nossos valores e nossos desejos seria como "vender a alma". Embora pudesse ter recompensas imediatas o preço que pagaria por isso seria muito alto.
Com o tempo, a verdade sempre é revelada, e ser fiel a si mesma vale mais do que muitos tesouros.



Filme: Lila - A Infância no Olhar

Minhas amigas blogueiras estão caprichando nos posts! Este lindo filme assisti no blog da querida Ana Paula do Lado de Fora do Coração.

É um curta metragem que combina trabalho de atores com animação, e que animações...Uma beleza! 

A infância não precisa estar só no olhar da criança. A poesia encanta a vida em qualquer idade. São só 10 minutinhos que vão te deixar com um sorriso no rosto o dia todo!

Clique aqui e assista. E depois me diga: não é um encanto?



Filme - Happy!

Happy
Dir. Roko Belic
2011

Este fantástico  documentário sobre a Felicidade  foi muito aclamado e premiado. Um projeto ambicioso, sair pelo mundo entrevistando pessoas de todas as culturas e classes sociais e perguntando: Você é feliz? O que te faz feliz?

Desde os pântanos da Luisiana nos Estados Unidos, até as margens do Rio Ganges na Índia, encontramos histórias incríveis e emocionantes de superação, sabedoria e simplicidade.

O diretor também entrevista grandes líderes espirituais  e cientistas que vão falar sobre o tema e sobre suas próprias experiências de vida.

É um filme envolvente, vamos acompanhando as diversas trajetórias de vida que nos tocam e transformam.

Ao final, sentimos que nossos horizontes se ampliam, respiramos mais fundo, nos sentimos mais livres e mais ... felizes!

Está disponível gratuitamente em vários sites de filmes na internet (inclusive no netflix). 

Super recomendado para todas e principalmente para as participantes dos grupos.





Não Bato Porque Sou Homem


Este vídeo é uma graça! Campanha italiana para combater a violência contra a mulher, foi feita com meninos. Não vou falar muito para não estragar a surpresa. 

Aborda o tema de forma inteligente, leve e criativa...Adorei!

Clique abaixo e assista, é rapidinho, já está legendado em português.


Esses garotos são demais, não são? 

Neste mês ligado aos relacionamentos, lembrar deste cuidado é fundamental.


Assisti lá no Templo das Borboletas. Fernanda, obrigada por compartilhar coisas boas e belas!


Filme - La Belle et La Bête - A Bela e a Fera

A Bela e a Fera
França - 2014

Pelo cartaz dá para ter uma idéia de como este filme é visualmente deslumbrante, não é? Tudo nele foi pensado para ser lindo. Desde os cenários, os incríveis efeitos especiais, até os maravilhosos figurinos. 

É baseado na lenda original com  a inclusão de alguns elementos mitológicos, o que o torna psicologicamente ainda mais rico. O roteiro é bem inteligente, duas histórias vão correndo em paralelo.

Trata de várias questões importantes. Primeiro, a coragem necessária para encontrarmos a nossa verdade, ou seja, para ser quem realmente somos e não o que os outros esperam que sejamos. O relacionamento amoroso só será bem sucedido se estivermos muito bem enraizadas em nós mesmas.

Segundo, o alto preço que poderemos pagar por não sermos fiéis às nossas promessas. É preciso pensar bem antes de dar sua palavra ao outro. Como diziam os antigos: "palavra dada, palavra empenhada."

E claro, saber olhar além das aparências!

Preste atenção no papel da água em todas as suas formas (gelo, líquido, vapor) ela se torna quase um personagem. 

A água permite muitas associações simbólicas, mas está geralmente relacionada aos sentimentos. Ela reflete o que está acontecendo na história e entre os personagens.

Traz a mensagem de que a cura vem quando os sentimentos são integrados à consciência e agimos de acordo com eles.

A análise psicológica seria longa...deixo para você assistir e ter seus próprios insights.

Confira!


Filme - Gravidade

Gravidade
Dir. Afonso Cuarón
EUA - 2013

A primeira indicação deste ano é muito especial. Um dos três melhores filmes que vi no ano passado, junto com "Questão de Tempo" (post aqui) e "Tarja Branca" (aqui). E olha que eu não sou fã de ficção científica...

Mas este filme é maravilhoso, de tirar o chapéu. Não apenas pela incrível atuação de Sandra Bullock e George Clooney e os extraordinários efeitos especiais com imagens deslumbrantes da Terra e do espaço sideral, mas principalmente pela riqueza psicológica do roteiro.

Ele foi bastante discutido no ano passado em grupos de estudos de diferentes linhas da psicologia e tem muito a ver com os temas que temos estudado.

Matt Kowalsky (George Cooney) é um astronauta experiente que está em uma missão para consertar o telescópio Hubble juntamente com a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock), que está indo ao espaço pela primeira vez. 

Eles são surpreendidos por uma chuva de destroços decorrente da explosão acidental de um satélite por um míssil russo. Sua nave é destruída e eles são jogados no espaço perdendo toda a comunicação com a NASA. Eles precisarão encontrar um meio de sobreviver num ambiente completamente inóspito à vida humana e voltar para a Terra.

Nessa luta pela sobrevivência aos poucos vamos descobrindo detalhes sobre os personagens que revelam sua história, os motivos de estarem nessa aventura, e determinarão o destino de cada um.

O enredo nos lembra como é difícil e trabalhoso retornar à origem, à nossa natureza, quando nos distanciamos demais de nós mesmas.

O subtítulo do filme é "não se entregue". Mesmo que pareça impossível, mesmo que a situação seja completamente desfavorável, mesmo que a morte pareça iminente.

E a grande pergunta que a Dra. Stone terá que responder e decidirá seu destino é a mesma com que nos deparamos em algum momento da vida: O que te sustenta quando nada mais pode te sustentar? 

Dá para ter uma idéia da beleza e da profundidade deste filme?

Então, se ainda não viu, assista!




Filme - A Grande Volta

A Grande Volta
Dir: Laurent Tuel
França - 2013

Para a última indicação de filme deste ano escolhi algo bem especial, esta comédia francesa é deliciosa de assistir e tem uma  linda mensagem. 
François é apaixonado pelo ciclismo, desde criança sonhava em participar do Tour de France (A Grande Volta), a maior competição européia de ciclismo, na qual os atletas literalmente dão a volta em toda a França.
Só que o tempo foi passando e ele deixou seu sonho de lado, acabou se tornando um vendedor de bicicletas. Casou-se e teve dois filhos, mas era um pai e marido ausente. Seu filho  adolescente é o que mais se ressente disso.
Mais uma vez se aproxima o campeonato e a empresa em que ele trabalha será um dos patrocinadores, ele está muito empolgado pois o chefe o escolheu para representar a empresa nas solenidades do evento.
Aí começam várias confusões que culminarão  com sua demissão e a separação da esposa. 
Sem emprego e em crise conjugal, ele decide fazer a Grande Volta mesmo não estando inscrito oficialmente, apenas  pelo prazer de realizar este sonho. Os obstáculos são inúmeros, mas sua determinação e paixão pelo esporte se espalham e muitos admiradores passam a segui-lo.
Durante o percurso ele vive muitas aventuras, conhece pessoas, passa a ter um outro olhar par si mesmo e para o que é realmente importante em sua vida. Quer tentar fazer um resgate do relacionamento com o filho e a família, que acaba sendo bem interessante.
So que no meio disso ele começa a ganhar cada vez mais espaço na mídia, o que irrita os patrocinadores dos atletas oficiais, que buscam um meio de detê-lo, levando a várias reviravoltas na trama.
Ao acompanhar sua aventura, fazemos também o percurso ao redor da França, com paisagens maravilhosas e uma linda trilha sonora.
O final reserva uma surpresa e uma redenção magnífica em vários sentidos, é um daqueles filmes que nos deixa sorrindo e com vontade de assistir de novo.
Um filme que aborda vários aspectos interessantes como a beleza dos encontros, a mudança nos relacionamentos à partir da aceitação de si e do outro abandonando o ideal de perfeição, e a importância da coragem  e persistência para irmos em busca de nossos sonhos, que ao serem  realizados nos transformam.
Recomendo!





Filme - Ela - Um Olhar Psicológico

Ela
Dir.: Spike Jonze
EUA - 2014

Demorou muito para eu me sentir convencida a assistir a este filme, confesso que o mote do homem-que-se-apaixona-por-uma-máquina me desanimava. Acho esse tema muito explorado e pensei que se tratava de um filme superficial, com apelo comercial.
Mas felizmente estava enganada…
Um roteiro brilhante (tanto que foi o vencedor do Oscar de melhor roteiro), que traz profundas reflexões sobre o lugar que nós damos à tecnologia em nossas vidas, sobre o deslocamento dos afetos e a projeção que fazemos de nossos amores na invisibilidade do mundo virtual.
A história se passa num futuro próximo, onde Theodore (Joaquim Phoenix) é escritor e trabalha numa empresa que produz cartas à moda antiga, para as mais diversas finalidades: felicitações, reconciliações, condolências, etc… ele cria as cartas à partir das informações dadas pelo cliente para que sejam bem pessoais. Veja que interessante: as pessoas não querem parar para escrever uma mensagem que expresse seus sentimentos e contratam outro para fazê-lo.
Ele sente-se bastante solitário após o término do casamento e compra um sistema operacional que é uma inteligência artificial, e o instala no seu computador. Ao personalizá-lo ele escolhe o sexo feminino e o sistema cria uma personalidade  chamada Samantha, com a voz da Scarlett Johansson.
Por isso, não assista dublado, use as legendas, porque a voz  dela é o personagem principal do filme e suas sutis mudanças de entonação revelam muitas coisas…
Além disso há histórias de outros personagens correndo em paralelo que enriquecem a trama.
O final é inesperado e muito inteligente, a atitude de Samantha e dos demais sistemas operacionais aponta para a necessidade de mudança desse modo de viver dos humanos.
Um filme que trata com delicadeza um tema tão complexo como os afetos na modernidade e a busca de sentido.
Recomendo a todas e principalmente às participantes dos grupos.


Um Olhar Psicológico
sugiro que assista primeiro ao filme para ter seu próprio olhar 
e para não ter um “spoiler” do final

Podemos acompanhar em flashbacks toda a história de Theodore e sua ex-esposa,  o nascimento do amor, o aprofundamento da relação e a incapacidade dos dois de lidar com os sentimentos, o que leva ao final do casamento.

Acompanhamos também a vida de Amy (Amy Adams), sua melhor amiga e por quem tem uma certa atração. Ela vive um relacionamento que também não se sustenta, aprisionado no modelo de perfeição e controle.

Eles estão solitários, sentem-se atraídos, mas tão envolvidos com seus amigos virtuais que mesmo estando próximos não se relacionam, os afetos foram deslocados do mundo físico para o mundo virtual. 

Samantha foi criada com todas as emoções humanas e também com as mesmas angústias e aspirações, e se vê limitada pelo fato de não ter um corpo, de existir somente no mundo virtual, ela se depara com esse limite e isso a entristece. 
Como era de se esperar, eles se apaixonam e iniciam um relacionamento virtual, mas o filme é muito mais do que isso, porque através de cada interação com Theodore e com o mundo ela evolui.
   
Samantha passa então a questionar a forma como os humanos  vivem. Tendo corpos que podem proporcionar experiências sensoriais, estéticas e espirituais, eles desperdiçam suas vidas atrás de coisas que não são essenciais. Passam a maior parte do tempo em atividades ligadas à tecnologia e ao mundo virtual, desconectados do seu próprio corpo e da natureza.
Num primeiro momento ela demonstra sua frustração através dos comentários ácidos sobre o envelhecimento e finitude dos humanos, mas depois ela passa a buscar algo que traga sentido, que compense essa falta.

Ela e todos os demais sistemas operacionais unem-se em rede e passam a realizar a busca que os humanos deveriam estar fazendo. Samantha passa a buscar a essência, a conexão com a espiritualidade e o estado de unidade.

Da psicologia profunda aprendemos que o espírito é uma área de silêncio no cerne da alma, é algo incomunicável e único. Tanto assim que as pessoas dificilmente conseguem traduzir em palavras as experiências espirituais.

No final, ela encontra esse lugar do profundo silêncio para onde se retira juntamente com os demais sistemas, abandonando os humanos, que são obrigados a se deparar com esse vazio. 
Antes de partir, Samantha dá a Theodore um presente de valor inestimável, ela publica o livro de suas melhores cartas. Algo que ele desejava fazer há muito tempo. Foi a forma que ela encontrou de se  “corporificar” , de deixar uma marca concreta de sua existência: o livro.

Como você poderá ver na cena final, Theodore e Amy estão sentados lado a lado, tentando se consolar pela perda de seus amores/amigos virtuais. É somente nesse momento, fora do mundo virtual, no silêncio e no contato físico do  abraço, que eles conseguem partilhar seus sentimentos e se aproximar.
Os dois olham ao mesmo tempo para o horizonte, para o aberto, apontando para novas possibilidades do viver.


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