Capítulo 4 - Manawee - A União Interna e Externa


Neste mês, no Grupo Correndo com Lobos,  entramos no Quarto Capítulo com o conto africano Manawee, uma história divertida que nos mostra a importância do cuidado e atenção à nossa vida instintiva para que possamos continuar a jornada rumo à plenitude. Para ler o conto na íntegra, clique aqui.

O conto tem uma grande riqueza simbólica que não poderia ser resumida num post, mas para terem uma idéia dos temas que ele aborda: 

- o encontro com o outro (dentro e fora de nós), 
- a importância da discriminação, do discernimento,
- a necessidade de dar atenção à intuição, integrar e cuidar de nossa vida instintiva, 
- a importância de nomear as experiências,
- o cuidado com as distrações  que nos afastam do caminho.



Enfatiza também a necessidade de persistência e disciplina para poder alcançar o ideal.

Lembrar que o estranho sinistro quer obter os nomes, ou seja, quer tirar o poder da discriminação e do discernimento do cachorrinho; ele quer tirar o poder da vida instintiva atacando pelo pensamento (nossas ruminações internas).

Se estivermos desconectadas de nosso corpo, de nossos instintos e intuição, seremos presas fáceis para esse predador interno.

Mas o cachorrinho conseguiu deixar de seguir o cheiro da torta e da caça apetitosa, enfrentou o estranho sinistro com unhas e dentes e finalmente conseguiu ajudar o seu dono a se casar com as gêmeas.

Iniciamos com as Práticas de Integração Físio-Psíquicas onde pudemos realizar experiências corporais de equilíbrio, flexibilidade e confiança na relação com o outro de forma bem lúdica. 

Experimentamos também o diálogo sem palavras na dança do espelho e a experiência de ver e ser vista, através do olhar sustentado.

Muitas descobertas...

Depois passamos ao nosso momento com Arte, onde expressamos tudo o que vivemos através de imagens utilizando a técnica de gravura em papel. Para ver os belos trabalhos clique aqui

E finalizamos com a Roda de Conversas, desvendando as chaves do capítulo para aprofundar a jornada pessoal. 

Foi uma delícia estar com vocês novamente, no mês que vem tem mais...




Amor Verdadeiro x Falso Amor


     A palavra Amor, vem do latim amore e tem no radical am sua raiz; raiz essa que está presente em várias palavras como: amizade, amante, amigo, âmago. O radical am traduz aquilo que é de dentro, que é profundo.

     Portanto o amor é o sentimento capaz de conectar o que há de mais profundo e genuíno entre um ser e outro. Essa ligação pessoal e/ou coletiva denomina-se amor verdadeiro

    O amor verdadeiro é um processo em nossas vidas que está intrinsicamente ligado aos movimentos de amadurecimento, transformação, transcendência, compartilhamento, aconchego e solidariedade.

     No outro extremo há o falso amor, que aprisiona, angustia, manipula, controla, reprime, machuca, enlouquece e humilha. Este, é um sentimento francamente disfuncional, que não deveria receber a denominação de amor.

     No entanto, em nossa cultura, muitos atribuem a esse sentimento a denominação de amor, mesmo que venha acompanhado de adjetivos pejorativos como: amor bandido, amor de malandro, amor sofrido, amor vício, entre outras denominações.

    O amor verdadeiro tem um caráter construtivo e tem a capacidade de despertar o que há de melhor em nós, tanto para nós mesmas quanto para os demais. 

Dra. Ana Beatriz Barbosa  Silva
Psiquiatra 
In: Corações Descontrolados


Este post foi publicado há 3 anos, mas está muito relacionado ao tema do nosso encontro de amanhã, então vamos refrescar a memória...




Vai de Copinho?


Na semana passada, um dos Grupos de Whatsapp do Mulheres em Círculo (o grupo do Pic-Nic) estava borbulhando de criatividade e trocas entre todas, foi lindo! 

E numa dessas trocas começamos a conversar sobre nossa relação com a menstruação e sobre os absorventes descartáveis, os reutilizáveis e os coletores. Algumas já usando o copinho, outras ainda com dúvidas.

Todas as que passaram a usar dizem: Por que não comecei a usar antes?

É prático, confortável, ecológico, muito econômico (dura a vida inteira) e não vaza.

Sem falar que evita as irritações de pele, não altera a flora vaginal e não fica nenhum odor, porque o sangue não tem contato com o ar.

Uma das nossas amigas nos passou o link para este vídeo da Jout Jout que é excelente! Com aquele humor característico, que nos faz rir mesmo quando o assunto é sério, ela nos fala de sua experiência com o copinho e ensina como usar. Assista! 



Só temos uma observação com relação ao vídeo: ela fala para jogar o sangue no vaso ou ralo. Se você preferir, tudo bem. 

Mas se quiser saber um pouquinho mais, aqui vai:

Na tradição do Sagrado Feminino, o sangue menstrual é sagrado e não deve ser desprezado simplesmente. Deve ser jogado na terra para fertilizá-la. É um sangue limpo e super nutritivo. Isso ainda é feito em comunidades nativas no Brasil e outros países. Antigamente era feito no mundo todo.

Mas aqui na cidade, se você quiser se conectar com esse lado sagrado, sempre que puder despeje o sangue em um recipiente,  dilua com um pouco de água e jogue no jardim ou em vasos de plantas. 

Desta forma você estará se conectando com esta sabedoria ancestral, honrando a Mãe Terra com sua oferta sagrada e suas plantas vão ficar lindas!!!

Achou estranho esse costume? Pois é....como nos afastamos da nossa natureza...Agora esta prática está voltando com força à medida que as mulheres estão se conscientizando de sua importância.

Conte para nós, já teve alguma experiência com o copinho ou com os absorventes reutilizáveis?


Amigas queridas do Grupo Pic-Nic, este post foi inspirado em vocês! Obrigada!



Nada de Nada.....Histórias Que Curam


Este lindo conto é de Kurt Kauter, traduzido aqui em versão livre.

Sabes me dizer quanto pesa um floco de neve? perguntou um pardal a um pombo silvestre.

Nada de nada... – foi a resposta.


Nesse caso vou lhe contar uma história maravilhosa – disse o pardal.

Eu estava sentado no ramo de um pinheiro quando começou a nevar.

Não era nevasca pesada ou furiosa. Nevava como em um sonho: sem ruído nem violência. Já que não tinha nada melhor a fazer, pus-me a contar os flocos de neve que se acumulavam nos galhos e agulhas do meu ramo. Contei exatamente 3.741.952.

Quando o floco número 3.741.953 pousou sobre o ramo – nada de nada como você diz – o ramo se quebrou.

Dito isso, o pardal partiu em vôo.

A pomba, uma autoridade no assunto desde Noé, pensou um pouco na história e finalmente refletiu:

Talvez esteja faltando uma única voz para fazer a diferença e trazer paz ao mundo.
       
        Talvez a minha ou a sua... 



Filme - Nise: O Coração da Loucura

Nise: O Coração da Loucura
Brasil - 2016

Conheci o trabalho da Dra. Nise da Silveira há mais de 20 anos, vi pessoalmente as obras dos artistas do Hospital do Engenho de Dentro. É algo realmente impressionante.

Isso descortinou uma nova trajetória em minha vida profissional e pessoal. Tornei-me uma profunda admiradora dessa mestra e quando soube que seria lançado um filme sobre ela, vibrei de alegria!

Esta grande mulher foi uma heroína e deixou um legado de valor inestimável, mudou os rumos do tratamento psiquiátrico dos doentes chamados "crônicos irrecuperáveis" numa época onde não haviam medicamentos disponíveis para o tratamento das psicoses. E tudo através da arte.

Glória Pires está ótima no papel de Nise e os atores que fazem o papel dos pacientes são excelentes. A reconstituição de época é perfeita e muito fiel aos fatos.

Nise da Silveira (1905-1999) foi presa em 1936, durante a Era Vargas, acusada de ter livros subversivos em sua biblioteca. Ficou 1 ano e meio na prisão por causa disso! E depois ficou 8 anos sem poder trabalhar, até que todo o processo se encerrasse.

O filme começa em 1944, no momento do retorno ao trabalho no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro. Mostra seu trabalho de criação do Ateliê de Arte-Terapia em 1945, chamado na época de Serviço de Terapia Ocupacional. 

Sabia que sua luta contra o sistema manicomial tinha sido difícil, mas não imaginava que fosse tanto. Ela ainda teve que enfrentar muita discriminação por ser a única psiquiatra do sexo feminino e por ser "subversiva". Que fibra!

Este é um filme intenso, mostra a realidade cruel do sistema manicomial na década de 40. Tem algumas cenas impactantes. Hoje não existem mais manicômios.

Mas é emocionante ver a transformação que ela gerou pela humanização do tratamento psiquiátrico e a valorização das imagens do inconsciente mesmo contra todos os obstáculos criados por seus próprios colegas. 

Viveu 94 anos, lúcida e ativa, teve seu trabalho reconhecido dentro e fora do Brasil, inclusive pelo próprio Jung. E criou uma legião de seguidores...

Em 1952 foi fundado o Museu do Inconsciente do Engenho de Dentro que conserva todas as obras dos pacientes e o seu legado. Foi restaurado recentemente, está lindo. Você pode ver um vídeo do museu com um passeio virtual aqui e um pouco da história dela e obras dos pacientes aqui (são vídeos curtos, mas bem legais).

Nos créditos finais há uma pequena entrevista com verdadeira Dra. Nise já bem idosa, e cenas dos pacientes originais fazendo arte.

Um filme essencial para todos os profissionais de saúde mental e para todas as pessoas que queiram conhecer um pouco desta mulher incrível que se dedicou ao próximo com tanto amor.

Recomendo!

Já não está mais nos cinemas, mas é fácil de encontrar on-line.