Vamos Falar de Sexo?

"Palavras de virar cabeça meu amado vai usar, 
palavras como se elas fossem mãos."
Chico Buarque

     Falar ou não falar, eis a questão.
    Se na vida em geral já é preciso refletir sobre o que dizer, quando o papo é de cama a coisa ganha nuances delicadas: quando, como e quanto falar.
   Tem o papo pré-cama: a sedução verbal, aquele cineminha cheio de imagens quentes que preparam para o sexo que vai rolar.  Palavras que amolecem as pernas e derretem o corpo todo...
   Tem o papo de depois, em que se elogia aquele jeito, se celebram as delícias que se acabou de viver, gravando aquelas marcas de prazer no corpo e na memória.
  Mas o mais delicado mesmo é o que dizer no durante. Corpos grudados e de repente o ritmo não está bom. O parceiro ali dedicado, mas não acertando. E aí? o que dizer? E se ele não gostar? E se o clima mudar? E se...
  Se você levou anos de exploração dedicada ao próprio corpo até saber do que gosta mais, onde e como;  chega a ser injusto esperar que um homem apareça com as chaves de todas as portas das delícias. Por isso é preciso liberdade para falar, pedir, dar dicas. Porque sexo é parceria, e sem cumplicidade ninguém chega ao ápice.
  Mas isso com um jeitinho especial, sem fazer uma lista de preferências mais parecendo um GPS guiando o parceiro para levá-la ao prazer.  
  E tem o lado de lá: saber ouvir. Porque assim como a gente, eles também tem preferências, gostos, jeitos...e vão falar sobre eles e pedir o que querem.
  Sexo é entrega. Mais corpo que cabeça, mais sensação e menos pensamento, menos razão e mais desvario. É preciso se perder no outro,  deixar as línguas conversarem, as peles se tocarem...
  Sexo é sonho acordado impresso na carne.
 Esqueça a bússola e vá viver o novo, mesmo que com aquele parceiro antigo. Caminhos cheios de setas não dão em praias desertas...
  Se você for sempre o guia só vai chegar onde já conhece e o paraíso pode ser logo alí, depois daquela curva, uma ilha desconhecida que vai nascer daquele encontro, naquela hora, só prá vocês dois.

Adaptado do artigo de  Maria Rezende
Para ler na íntegra: Revista Lola - Julho de 2012.

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