Iluminação

A maior parte do tempo estamos ativas, realizando tarefas e rodeadas de gente. Nos concentramos no que temos diante de nós,  com o tempo apertado num  espaço limitado. Mesmo  à noite, nossa visão do céu está  prejudicada pelas luzes de nossas cidades e a poluição de nossas máquinas.

Permanecemos reclusas  em edifícios, enclausuradas, privadas da natureza circundante. Nos envolvemos de tal forma com nossos assuntos cotidianos que não somos capazes de elevar o olhar e experimentar o assombro do  céu noturno.

 Mas mesmo que não as vejamos, as estrelas estão lá. Há um universo que se  move, infinito, atemporal, em contínua expansão,  e do qual fazemos parte.

Compreender isso intuitivamente, contemplando um fragmento do céu noturno antes de cair no sono, pode ser uma experiência similar à que os estudantes do Zen procuram na meditação: um momento de iluminação repentina, em que se experimenta a visão do Todo.

Jean Shinoda Bolen

Psiquiatra e Analista Junguiana

In: O Tao da Psicologia