E então, como fica a questão da raiva e do perdão?
A raiva é um sentimento inerente à condição humana. Ela tenta nos avisar que perdemos o controle sobre uma pessoa ou situação. Reflete algo que precisa de atenção. Não é boa nem ruim, depende do uso que faremos dela.
Por trás da raiva geralmente há dor ou medo que temos dificuldade de encarar. Achamos que é mais fácil encobri-los com raiva, já que ela aparentemente nos deixa mais fortes. Só que essa força é uma ilusão, pois a energia é retirada do nosso interior e direcionada para fora, o que nos deixa exaustas.
Quando ficamos bravas com uma pessoa, achamos que estamos recuperando o controle, mas o que de fato acontece é que estamos perdendo o controle de nós mesmas.
A melhor estratégia é ser uma observadora da sua raiva e verificar se está relacionada a algo vital que necessita de reparação. Ou o contrário, se era desnecessária ou fruto de um mal entendido. Afaste-se um pouco e contemple a natureza ou um horizonte mais amplo, permita-se tempo para examinar a questão. As etapas descritas na parte 1 deste post podem ser de grande ajuda.
A raiva sempre pede um ato reparador do outro ou de nós mesmas para que se restaure o equilíbrio e possa acontecer o perdão.
Diferente do ódio, que não busca reparação nem melhora da situação, mas apenas a destruição do objeto ou do outro. E neste caminho a pessoa acaba destruindo a si mesma. O ódio é o polo extremo do princípio do poder e da ausência de amor.
O Perdão é a saída para a raiva. Inclusive e principalmente o perdão de nós mesmas! Ele não é uma graça, algo que cai do céu, nem algo que simplesmente acontece, ele é um ato de criação. Talvez o mais poderoso ato de criação que podemos realizar…
As pessoas acreditam que o perdão é absoluto, ou tudo ou nada, que perdoar é esquecer, ou fingir que não aconteceu e etc…Isto é pura fantasia, talvez seja real para alguns santos iluminados, mas não para a maioria dos seres humanos. Não é à toa que o capítulo diz: os limites da raiva e do perdão...
Por ser um ato de criação, podemos decidir:
se precisaremos de um ato reparador para isso,
se vamos perdoar até que o fato aconteça novamente, dando uma segunda chance,
se perdoamos, mas percebemos que aquela pessoa/situação não nos faz bem e nos afastamos,
se não podemos perdoar agora, mas talvez um dia,
se vamos simplesmente esquecer…
O perdão tem muitas camadas, várias estações, e todas são válidas. O importante do perdão é começar e persistir pois o processo é longo, mas o resultado é profundamente transformador.
Como você sabe que perdoou? Quando passa a sentir tristeza ao invés de raiva. Você passa a compreender o sofrimento que causou a ofensa, prefere se manter fora daquele meio e não espera por mais nada.
Com o tempo passa a não pensar mais tanto naquilo, sente que a vida começa a seguir seu curso e volta a brilhar.
P.S.: Vou fazer um post sobre as camadas e estações do perdão, aguardem.
Oi Cristiane!
ResponderExcluirTão esclarecedor e reconfortante! Perdoar é complicado, né!
Demanda tempo e elaboração de sentimentos, para mim é assim!
Beijo carinhoso! Tenha uma semana linda!
Oi Cris,
ResponderExcluirEu disse que não sinto raiva, mas não disse a verdade, pois sinto raiva de mim quando algo de errado acontece e vejo que eu deixei acontecer. Qdo fiz terapia, um dos itens que meu terapeuta batia muito era sobre o perdão, principalmente o perdão a si mesmo.
Bjs
Cristiane , ainda farei seus cursos . Adoro suas publicações e ouvi-la estando presente fisicamente deve ser reconfortante . Obrigada , sempre . Beijos e bom final
ResponderExcluirde semana .
Cris, que postagem espetacular. Sobre sentir tristeza, depois de perdoar, foi exatamente o que aconteceu comigo. E esta tristeza, é tão lúcida, que percebemos que quem mais precisa de perdão, somos nós.
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