Grupo Mito e Psique - Suméria - Deusas Inana e Ereshkigal - Primeira Parte


No Grupo Mito e Psique estamos dando a volta ao mundo através dos mitos de várias civilizações, fazendo uma relação com a psicologia, filosofia, história, artes...Neste ano estamos nos dedicando às Primeiras Civilizações que surgiram no Ocidente: Suméria, Egito e Ilha de Creta.

Dedicamos 4 meses ao estudo da Mitologia da Suméria e seria impossível trazer todo este conteúdo aqui. Então contarei apenas o Mito das Deusas Inana e Ereshkigal, que é o mais famoso e representativo desta civilização. Permite muitas amplificações simbólicas.

Está registrado em placas de argila de mais de 5000 anos, conservadas no museu do Louvre (conforme você pode ver na foto acima).

A Suméria existiu onde hoje é o Iraque. Foi uma civilização fascinante; deles recebemos a escrita, a agricultura, técnicas de irrigação, navegação à vela, organização em forma de cidades, um código de leis que é referência até os dias de hoje, astronomia e astrologia...e uma riquíssima mitologia.

Representação gráfica à partir dos achados arqueológicos de como era uma cidade da Suméria há mais de 4000 anos. Vejam como era uma civilização avançada.

O mito é muito, muito longo, tentarei contar resumidamente. Existem outras versões, a que utilizo é a que está nas placas de argila e foi traduzida diretamente para o inglês.

No princípio era o caos do mar primordial. A grande Deusa Namu começou a separar as águas em águas doces e águas salgadas. E entre elas surgiu a terra. Céu e terra se formaram e então surgiu o Sol, trazendo o fogo vital.

A grande Deusa começou a dar origem a outros Deuses, que regeriam cada elemento da natureza. Os Deuses do Ar, das Águas, a Deusa da Terra e o Deus do Submundo.

O Deus do Ar e a Deusa da Terra se casaram e tiveram três filhos: O Deus do Sol e duas gêmeas: As Deusas Inana e Ereshkigal. Elas eram incrivelmente belas.

Um dia, o Deus do Submundo (ou Mundo dos Mortos) chamado Nergal viu a bela Deusa Ereshkigal brincando com outras donzelas e se apaixonou imediatamente.  Ao invés de cortejá-la e pedi-la em casamento aos seus pais, ele a raptou e a levou para seu reino, obrigando-a a tornar-se sua esposa.

Ela gritou desesperadamente pedindo socorro, mas ninguém a socorreu. O Deus Nergal era muito poderoso, representava a morte, e com ele não se brinca...diziam os demais Deuses. Então ela ficou presa no submundo tornando-se a Rainha do Mundo dos Mortos e tempos depois descobriu que estava grávida, lamentando por seu destino.

Enquanto isso, sua irmã Inana, recebeu dos Deuses a semente da árvore da vida, que plantou na terra e dela surgiram todas as plantas vitais para o sustento da humanidade. Um homem chamado Dumuzi passou a cuidar com carinho de cada planta, aprendendo a cultivá-las com a Deusa, dando origem à agricultura. 


Os Deuses ao redor da árvore da vida. A Deusa Inana é representada pela estrela de oito pontas (o planeta Vênus).

Inana apaixonou-se por Dumuzi e eles se casaram. Ele se tornou rei, indo morar no castelo da Deusa. Eles viviam felizes e tiveram dois filhos. 

Ao viver entre os seres humanos, Inana descobriu as paixões: o amor, o desejo, o ciúme e o medo. E o maior medo que os seres humanos tinham: o medo da Morte. Ela passou a amar profundamente a humanidade.

Até que um dia chegou a notícia de que Nergal, o Deus do Submundo, havia morrido. Inana lembrou-se de sua irmã raptada e queria ir visitá-la. 

Mas todos os Deuses a alertam para que não fosse: "Não faça essa loucura, do reino dos mortos ninguém volta." 

"Você é adorada pelos seres humanos, Rainha do Céu e da Terra, por que abrir mão da sua imortalidade?"

Mas ela respondeu: "Exatamente porque sou adorada pelos seres humanos e porque os amo, quero conhecer o destino dos homens. Além disso, minha irmã está lá, quero visitá-la."

Os Deuses então disseram que se essa era sua decisão, que não contasse com eles, daqui para frente estaria por sua conta.


Ninshubur com o Tambor

Inana então foi a um dos seus templos e chamou por sua Sacerdotisa mais devota: Ninshubur. Pediu que Ninshubur fosse com ela até o portal para o Reino Inferior e que lá ficasse tocando seu tambor e cantando os hinos com os nomes da Deusa, para que Inana não se esquecesse de quem era e encontrasse o caminho de volta.

Pediu ainda que se ela não voltasse em três dias, Ninshubur deveria ir até os Deuses do Céu pedir ajuda.

Assim então inicia-se a descida de Inana para o Reino dos Mortos,  a parte crucial do mito.

O que acontecerá...? Você saberá no próximo post.



Para ler a segunda parte, clique  aqui.

Filme - Colcha de Retalhos


Colcha de Retalhos
(How to Make an American Quilt)
Dir: Jocelyn Moorhouse
USA - 1995


Este foi o filme indicado para complementar o trabalho do Capítulo 13 do Livro Mulheres que Correm com os Lobos: O Clã das Cicatrizes. Por isso trago novamente esta postagem.

Vamos viver a história de Finn (Winona Ryder), uma jovem que precisa terminar sua tese de mestrado, mas está com um certo bloqueio para escrever. Ela também recebeu uma proposta de casamento e está noiva, mas está em dúvida se deve se casar ou não.

Ela se pergunta: Como viver essa coisa chamada casal e ter espaço para si mesma?

No meio desse turbilhão ela decide ir para o interior, passar o verão na casa da avó e da tia, onde acredita que terá paz para escrever e pensar…

Só que lá ela conhece Leon, um jovem muito sedutor, que a deixa ainda mais dividida!

Encontra o grupo de amigas de sua avó, que se reúne regularmente para fazer quilt (a mão!). Cada trabalho deve ter um tema, contar uma história.

Elas ficam sabendo que Finn está noiva e decidem que seu próximo projeto será uma colcha, como presente de casamento. O tema será: Onde  vive o Amor?

A medida que ela convive com essas mulheres fortes e especiais, algo dentro dela se transforma…ela passa a ouvir seus instintos e  a ter coragem para manter suas escolhas.

Ao mesmo tempo, ao recontar suas histórias através da colcha, as mulheres passam a encarar suas vidas de forma diferente.

Talvez muitas já tenham assistido, mas este é aquele tipo de filme que a cada vez que vemos nos emocionamos e  temos um novo insight.

Um dos filmes mais lindos que já vi. Inesquecível


Um Olhar Psicológico
Para Quem Deseja Aprofundar a Experiência:
sugiro que assista ao filme primeiro, 
e depois use estes tópicos para reflexão

Fazer um post como este envolve muita pesquisa e trabalho, ficarei feliz se me der um retorno dizendo se este olhar psicológico a ajudou a ter uma experiência mais profunda das mensagens do filme.

Finn, uma mulher jovem e voltada para o mundo das idéias, para o mundo racional, está com dificuldades para dar continuidade ao seu trabalho, busca uma perfeição inatingível, e quando vê que não conseguirá alcançá-la, troca o tema da tese. 

Trocou de tema três vezes, e agora irá falar sobre trabalhos manuais realizados por mulheres de diversas culturas. Não é por acaso que decidiu ir para a casa da avó, pois cresceu vendo aquelas mulheres fazendo quilt (uma tradição americana).

Ao voltar para a casa onde passou grande parte da sua infância, busca se reconectar com os sentimentos e suas raízes.

Existe também a questão das escolhas: para escolher bem, é necessário saber perder. Pois escolher algo, é abrir mão das outras alternativas, que poderiam ser boas também…

Cada uma das mulheres do filme tem uma história de amor peculiar, todas as formas de amor aparecem: o amor dos amantes, de mãe e filha, de irmãs, por um animal de estimação, por uma atividade… cada uma delas representada por um dos quadrados da colcha.

Mas também há mágoas e assuntos  não resolvidos entre elas. E o filme mostra como o perdão pode ser libertador e ressignificar toda uma vida que parecia desperdiçada. E na maioria dos casos, não se trata apenas de perdoar o outro, mas a si mesma.

Ao perdoarmos, uma grande quantidade de energia (que era usada para manter a mágoa) é liberada, podendo ter outros usos criativos. O filme representa esta transformação de forma muito poética, através da força do vento, que  mudou tudo de lugar.

Inclusive, espalhou as folhas da tese para todo lado, o que foi um grande teste para Finn: desistir de novo ou lutar para recuperá-la? A avó tem um papel importante neste momento quando questiona a neta sobre “seu desapego”.

Quando ela escolhe lutar pela tese que já tinha escrito, percebemos que realmente amadureceu, e somente agora poderia encarar uma relação duradoura, que exige muitas reconstruções ao longo da vida.

Muito interessante também o diálogo entre Finn e Constance sobre o que acham mais difícil em ser mulher, como isso muda de acordo com a idade e o momento de vida de cada uma.

Outro detalhe poético é que somente quando a colcha está pronta, ou seja, quando ela recebe a prova concreta do amor daquelas mulheres (que ficaram 72 horas trabalhando sem parar para terminá-la), ela pode ir ao encontro de Sam. E ela o encontra enrolada na colcha, ou seja, ela interiorizou todas aquelas  experiências de vida que lhe foram transmitidas por elas e todas as diferentes formas do amor.

Preste atenção ao papel do corvo, que é fundamental. Uma bela metáfora para a ligação com os sentimentos e com os instintos. O pássaro conduz a mulher para o amor da sua vida, mostrando que quando ela deixa a racionalidade um pouco de lado e ouve seu coração, terá mais segurança de suas escolhas e coragem para mantê-las.

São sete mulheres trabalhando na colcha que será ofertada para a oitava mulher (Finn). O  número sete tem um significado especial: um ciclo que se completa (uma semana), um trabalho realizado (sete dias da criação). O número oito aponta para a transcendência: do ordinário para o extraordinário, do cotidiano para o sagrado. 

E todas as mulheres, ao final do filme, transcenderam seu estado de consciência inicial, ampliando a rede de significados de suas vidas.

Atente para a maravilhosa cena final: o mergulho de Sofia (cuja amargura a havia afastado de sua paixão: o salto ornamental). Uma bela metáfora para a força do perdão,   que nos liberta do passado e nos liga ao amor e o momento presente.

O nome desta personagem, Sofia (Sabedoria em grego) não é por acaso, pois somente quando transformamos nossas aflições em sabedoria é que podemos  "mergulhar” na vida, com toda sua beleza e intensidade. 


Não copie nem publique este conteúdo sem autorização expressa da autora.








A Respiração da Árvore - Prática de Cura e Bem Estar

Esta  é uma prática maravilhosa que utilizamos bastante nos grupos. Inclui visualização e  técnica respiratória. 
Ótima para acalmar a mente, restaurar as energias num dia exaustivo, para quem sofre de dores crônicas ou está convalescendo de uma doença  e também para ter clareza antes de tomar decisões importantes. 
Pode ser feita em qualquer lugar, dura apenas alguns minutos e pode ser repetida ao longo do dia e antes de dormir.
Se puder, evite que o celular e outros estímulos te perturbem durante estes preciosos momentos.

Instruções:
1 - Fique em pé (se puder ficar sem sapatos é melhor). Se não puder ficar de pé, pode fazer também sentada em uma cadeira.

2 - Sinta bem o contato dos pés com o chão.

3 - Alinhe o topo da cabeça com o céu. Sinta seu corpo e tente liberar as tensões.

- Feche os olhos e imagine-se como uma árvore. De seus pés saem as raízes que se aprofundam na terra.  Imagine suas pernas , abdome e tórax como o  tronco. Os braços, o pescoço e a cabeça como os galhos e folhas. Pode imaginar sua árvore com flores ou frutos se quiser.

5 - Inspire suavemente pelo nariz e leve o ar para os pés, sentindo que o oxigênio e a luz do sol  captados pelas folhas banham todo seu corpo e chegam às  raízes mais profundas.

6 -  Expire suavemente pelo nariz (ou pela boca se preferir), visualizando os nutrientes e a água captados pelas raízes subindo por todo seu corpo, chegando até as folhas nutrindo,  trazendo vitalidade e eliminando as toxinas. Visualize as toxinas saindo junto com o ar. 

Se for o caso, pode visualizar a energia da doença ou dor saindo como uma fumacinha junto com o ar e entrando na terra para ser transformada.

- Repita  os passos 5 e 6  algumas vezes (no máximo 10  em cada série).

8 - Ao terminar, antes de abrir os olhos, esboce um sorriso e envie amor para todo seu corpo. Abra os olhos lentamente e perceba como está agora. 

9 - Espreguice-se suavemente, vá movendo seu corpo e voltando às atividades com essa gostosa sensação de paz e bem estar.

Quando puder fazer ao ar livre ou perto de uma árvore será ainda melhor. 

Já a utilizo há anos e também já a ensinei a várias pessoas, o resultado tem sido excelente.

Com o tempo você vai se sentir cada vez mais centrada, tranqüila e vitalizada.

Se puder, compartilhe conosco suas experiências com esta técnica.

Então, feche os olhos e deixe sua árvore respirar...



P.S.: Este post foi publicado em 2015, mas trago de volta pois é uma prática importante que estamos fazendo nos grupos e tem trazido excelentes resultados.



Correndo com Lobos - Capítulo 13 - Marcas de Combate: O Clã das Cicatrizes


Este capítulo pede um mergulho individual. Ele trata dos segredos que as mulheres guardam por medo, culpa ou vergonha.

Se a mulher não consegue olhar seu segredo, nem sequer chegar perto dele, cria defesas e evita entrar em contato com qualquer coisa que a lembre desse segredo. Mas isso tem um preço: a isola de sua natureza instintiva que  é livre e alegre e cria-se uma zona morta na psique.

Porém nem tudo é tão sombrio quanto parece. Mas para reverter isso é importante seguir estes passos: 

Primeiro: falar do segredo com alguém (seja num diário, com uma pessoa de extrema confiança ou um terapeuta). 

Segundo: Aqui entra a importância do lamento. É fundamental fazer os lutos necessários.

Terceiro: Usar o conhecimento que recebemos no capítulo 12, praticando Os Estágios do Perdão (aqui).

Porque não há nada, absolutamente nada, que esteja fora dos limites do perdão.

Se for bem sucedida nessa tarefa, encontrará luz na escuridão. A ferida se fechará e dará lugar a uma cicatriz, sua marca de combate. Permita que o tempo faça seu trabalho.

Este capítulo traz ainda a história da Mulher dos Cabelos de Ouro, se você não tem o livro, pode ler o conto aqui.

Ele mostra o milagre da psique selvagem, que é capaz de se recuperar não importa a profundidade da “morte” da mulher. E o caminho para essa extraordinária recuperação é o pneumao ar que passa pelos juncos soprados pelos pastores que denuncia o verdadeiro estado da psique e o que precisa ser feito em seguida.

Para essa recuperação é importante trabalhar a respiração, que nos ancora no estado de presença. O exercício recomendado é a Respiração da Árvore. Em seguida faça a Bênção dos Chakras (os posts sairão na próxima semana). Repita diariamente, até que a ferida esteja cicatrizada.

Do ponto de vista expressivo, você pode fazer uma mandala (desenho ou colagem) que represente suas marcas de combate. Essa mandala se tornará uma lembrança da sua força, um motivo de orgulho.

Veja este lindo trecho do capítulo:

Seria uma boa idéia se as mulheres contassem a sua idade não pelos anos, mas pelas marcas de combate. 
“Qual é a sua idade?” perguntam-me às vezes. 
“Tenho dezessete marcas de combate” respondo.

Lembre-se: nossas cicatrizes, sejam no corpo ou na alma, significam que somos mais fortes do que o que nos feriu. Sobrevivemos e seguimos em frente.

Você poderá ver as lindas mandalas feitas especialmente para este trabalho de transmutação das cicatrizes em condecorações (aqui). 

"A jóia está na ferida."
C.G.Jung

Bem Vinda ao Clã das Cicatrizes!


A Outra Face da Raiva - Trecho do Filme - Inesquecível...



Esta é a última postagem da série referente ao capítulo 12 do livro Mulheres que Correm com os Lobos, que trabalhamos no mês de agosto.

A fala da filha caçula ao final do filme recomendado para este capítulo é tão profunda e provocou tantos insights no grupo que compartilho com vocês. Vejam que sabedoria numa garota de apenas 15 anos!

"As pessoas não sabem amar. Elas mordem ao invés de beijar. Batem ao invés de acariciar.

Talvez porque percebam como é fácil o amor se deteriorar, de tornar-se impossível ou impraticável. Portanto, as pessoas o evitam e procuram consolo na raiva, medo e agressão, que estão sempre à mão e disponíveis.

Raiva e ressentimento podem bloquear nosso caminho. Agora eu sei. 

Para incendiar a raiva, bastam o ar e a vida que ela traga e abafa. 

Mas é real. A fúria. E mesmo quando não é, ela pode mudar você. Moldá-la em algo que você não é.

Assim, a outra face da raiva é a pessoa que você se torna.

Se Deus quiser, você acorda um dia e percebe que não tem mais medo da sua jornada. Porque sabe que a verdade, na melhor das hipóteses, é uma história parcialmente contada.

Sabe que a raiva, assim como o crescimento vêm em jatos e em seu caminho deixam uma nova possibilidade de aceitação.

E a promessa de calma."

Não é maravilhoso este texto? E o filme, então... 

Se ainda não viu, veja o post aqui. Deixei lá o link para o filme no youtube dublado em português.