Tributo a Marion Woodman



"O corpo é aquela parte da alma 
que pode ser percebida pelos cinco sentidos."
Marion Woodman
1928 - 2018

Foi muito difícil escrever este post. Como falar de alguém que teve um impacto tão grande em minha vida? 

Ela partiu no começo deste mês. Em agosto completaria 90 anos.

Marion era professora de literatura inglesa e teatro no ensino médio do Canadá. Aos 50 anos, durante uma crise existencial, foi fazer terapia.  O mergulho foi tão intenso que ela decidiu iniciar toda a formação para tornar-se analista junguiana.

Adorava dançar e recitar poesias. Tinha um incrível senso de humor e uma forma deliciosa de passar seu conhecimento, contando histórias e mitos entremeados de passagens de suas próprias experiências de vida. 

Valorizava a espiritualidade como função estruturante da psique e, assim como Santa Hildegarda, teve várias visões de Sophia (a face feminina de Deus) que influenciaram profundamente sua obra.

Em sua carreira como analista desenvolveu um método inovador de integração corpo e mente, o qual tive a felicidade de aprender. 

Dedicou-se ao estudo das questões envolvendo a feminilidade, os distúrbios alimentares e vícios; principalmente o vício da perfeição, que seca a alma. 

Escreveu onze livros após os 50 anos!  Entre eles os aclamados: O Vício da Perfeição, A Virgem Grávida e A Feminilidade Consciente. A leitura de seus livros é um processo iniciático. Um despertar. 

Uma mulher extraordinária que lutou ela mesma, durante a juventude e boa parte da vida adulta, contra a anorexia nervosa.

Enfrentou um câncer devastador aos 70 anos que a deixou numa cadeira de rodas. Mas ela venceu a doença e voltou a andar e a dançar!

Que amor à vida...

Marion, você me ensinou tantas coisas...mas principalmente a permitir que minha alma cante sua própria canção e a acreditar que merecemos ser amadas pelo que somos. 

Com você também aprendi que o Sagrado Feminino é a própria Natureza, e a única maneira de evitarmos o colapso ecológico de nosso planeta é através do resgate e valorização das qualidades do feminino em todos os seres humanos.

Eu me curvo em reverência. Eterna gratidão. 


Marion e Ross Woodman. 
Parceria e inspiração durante 60 anos de casamento, até o falecimento dele em 2014.

Que você esteja com seu amado Ross, dançando livre e feliz, na luz de Sophia.


P.S.: Para quem deseja conhecer sua obra, recomendo "A Feminilidade Consciente", uma coletânea de entrevistas dada por ela ao longo da vida. É escrito de forma dinâmica e mais fácil de ler, porque segue o ritmo das conversas, mas é bem profundo. 

Tudo Isso Sou Eu


Poema e Arte da Loba Iara Morais após vivência com Movimento Autêntico no Curso Correndo com Lobos, turma 2016/17.


Sabe Viver Com Volúpia?

Bailarina Representando a Deusa Volúpia - Pinterest

Volúpia era uma Deusa Grega, filha de Psiquê e Eros. Ela nasceu após Psiquê ter cumprido quatro árduas tarefas impostas por Vênus para recuperar seu amado. 

Chamá-la de Deusa do Prazer é muito redutivo. É bem mais do que isso.  Volúpia se refere a toda a vida que chega pelos órgãos dos sentidos. Conta o mito que "No devido tempo, Psiquê deu à luz Volúpia."

Preste atenção no detalhe: No devido tempo.

Vivemos uma era de excessos: excesso de consumo, de adrenalina, de estímulos, de informações...e por trás disso um imenso vazio... há o  excesso de vivências mas não nos damos o tempo para que se  transformem em experiência. Falta Volúpia, e ela só aparece "no devido tempo".

Nesta era de velocidade, onde o valor está no fazer, ter, produzir, quem consegue parar e apreciar a volúpia de uma fruta suculenta, de uma brisa refrescante, do esplendor do nascer do sol, do aroma de uma flor, do corpo do ser amado, do canto de um pássaro?

Em nossa cultura não há espaço nem tempo para volúpia. E sem ela, a vida fica muito sem graça.

Pare  um pouco, faça menos e seja mais. Pelo bem da volúpia...e da sua alegria de viver.

Para conhecer a Lenda de Eros e Psique - a Mais Bela História de Amor da Grécia antiga - clique aqui.




Filme - The Mask You Live In

The Mask You Live In

Demorei para ver este documentário, mas depois pensei: por que não vi antes? O título em português seria algo como "A Máscara com que você vive".
O movimento feminista vem ganhando impulso e fala-se muito de como o machismo e o sistema patriarcal oprimem as mulheres, mas alguém já parou para pensar que quem educa os meninos somos nós?
Este filme fala da dificuldade que os meninos enfrentam em nossa sociedade, que criou  um estereótipo de masculinidade. 
Eles crescem ouvindo que falar de seus sentimentos ou buscar a cooperação ao invés da competição,  "não são coisas de homem". Que para ser homem devem focar na força física, sucesso financeiro e desempenho sexual. 
Quando não se enquadram neste modelo, a enorme pressão social e o bullying que sofrem podem tornar-se insuportáveis. Talvez isso explique o aumento da taxa de suicídio entre meninos, que pode chegar a ser 7 vezes maior do que entre as meninas, dependendo da faixa etária. 
Além de informações importantes sobre as diferenças entre o comportamento masculino natural e o imposto, são apresentadas várias iniciativas em escolas e ONGs para mostrar aos meninos e rapazes uma outra maneira de ver a vida, grupos onde podem expressar seus sentimentos sem julgamento, onde podem ser acolhidos, e a diferença que isso faz em seu desenvolvimento.
Na sociedade patriarcal tanto o feminino quanto o masculino são feridos, é preciso cuidar e valorizar os dois. 
Um tema importantíssimo e atual. Vamos refletir sobre como estamos agindo com os meninos...
Recomendo a todas e especialmente às professoras, às mães de meninos e terapeutas!

Tem no Youtube e Netflix.




O Que Estou Excluindo? - Histórias que Curam


Depois de muito tempo de meditação não queria mais respostas pequenas; queria a grande resposta. Então pedi ao mestre que me levasse diretamente à Casa de Deus.

Sentei-me, disposto a esperar pela grande resposta. Fiquei em silêncio o dia todo e boa parte da noite. Eu o olhei nos olhos porque Ele estava me olhando nos olhos.

Tarde da noite, achei que tinha ouvido uma voz: "O que você está excluindo?"

Seria minha imaginação? A voz parecia estar em toda parte, sussurrando, rugindo: "O que você está excluindo?"

Estaria enlouquecendo? Levante-me e corri para a porta. Precisava do conforto de um rosto humano ou de uma voz humana. Lá perto havia um corredor onde viviam alguns monges. Bati em uma das celas:

"O que você quer?" perguntou uma voz sonolenta.
"O que estou excluindo?"
"A mim."
Bati na outra porta.
"O que você quer?"
"O que estou excluindo?"
"A mim."
Bati na terceira porta, na quarta, tudo a mesma coisa.
Pensei: Eles só pensam em si mesmos...Saí do prédio desgostoso. 

O Sol estava nascendo. Eu nunca havia falado com o Sol, mas perguntei: "O que estou excluindo?"

"A mim." Foi o que o Sol respondeu. Isso liquidou-me.

Joguei-me no chão. A Terra disse: "E a mim também."

Frei Theophane
monge trapista

Esta é uma das histórias que utilizamos para ilustrar os conceitos básicos da alquimia no Grupo Aion.

Não há felicidade possível se não reconhecermos a unidade de todas as coisas, inclusive dentro de nós...

O que você está excluindo?