A consciência da necessidade de praticar exercícios físicos é recente. "No começo era o pé", diz o antropólogo Marvin Harris. O pé e não a mão. A mão nos fez humanos - mas antes disso somos parte do reino animal, e o nosso corpo precisa atender às necessidades que os animais enfrentam, entre elas a do deslocamento. O ser humano evoluiu, tornou-se bípede e continuou caminhando. E passou a usar a caminhada para outros fins que não o de chegar a um lugar específico.
Muito cedo o ato de caminhar adquiriu um significado psicológico, simbólico. O protesto político muitas vezes se fez, e ainda se faz, sob a forma de marchas, de caminhadas, como foi o caso da Marcha dos 100 mil (1968), um dos primeiros protestos organizados contra a ditadura no Brasil. Os filósofos gregos muitas vezes ensinavam a seus discípulos caminhando. "Levanta-te, toma teu leito e anda", diz o evangelho (João, 5:8), ou seja, vá em busca de seu destino, de seus objetivos. E Santo Agostinho cunhou uma expressão famosa "solvitur ambulando" , caminhar resolve (os problemas, as dúvidas). Por quê?
Andar permite "conhecer o mundo através do corpo", ou nas palavras do poeta modernista Wallace Stevens (1879 - 1955): "Eu sou o mundo no qual caminho." Trata-se de uma experiência cognitiva, mas envolve também um processo de autoconhecimento, quando não de inspiração.
"Os grandes pensamentos resultam da caminhada", diz o filósofo Friedrich Nietzsche (1844 - 1900), uma idéia que Raymond Inmon expressa de forma mais poética: "Os anjos sussurram para aqueles que caminham." O escritor francês anatole France (1844 - 1924) faz uma comparação interessante: "É bom colecionar coisas, mas é melhor caminhar. Porque caminhar também é uma forma de colecionar coisas: as coisas que a gente vê, as coisas que a gente pensa". Esse processo é facilitado pela renovação da paisagem. seja ela rural ou urbana, e pelo próprio automatismo do ato de caminhar.
Em suas Confissões, disse Rousseau: "Só consigo meditar quando caminho. Minha mente só trabalha junto com as pernas".
Finalmente, temos um termo usado tanto pelo poeta francês Charles Baudelaire (1821 - 1867) como pelo escritor alemão Walter Benjamin ( 1892 - 1940). Trata-se de flâneur, que vem do verbo flâner, vagar ou flanar. O flâneur vagava por Paris, observando o que se passava ao seu redor, num claro desafio à moral burguesa então vigente, que via isso como uma vagabundagem. Uma vagabundagem da qual resultaram, contudo, textos admiráveis.
Caminhar é a grande aventura.
Muito cedo o ato de caminhar adquiriu um significado psicológico, simbólico. O protesto político muitas vezes se fez, e ainda se faz, sob a forma de marchas, de caminhadas, como foi o caso da Marcha dos 100 mil (1968), um dos primeiros protestos organizados contra a ditadura no Brasil. Os filósofos gregos muitas vezes ensinavam a seus discípulos caminhando. "Levanta-te, toma teu leito e anda", diz o evangelho (João, 5:8), ou seja, vá em busca de seu destino, de seus objetivos. E Santo Agostinho cunhou uma expressão famosa "solvitur ambulando" , caminhar resolve (os problemas, as dúvidas). Por quê?
Andar permite "conhecer o mundo através do corpo", ou nas palavras do poeta modernista Wallace Stevens (1879 - 1955): "Eu sou o mundo no qual caminho." Trata-se de uma experiência cognitiva, mas envolve também um processo de autoconhecimento, quando não de inspiração.
"Os grandes pensamentos resultam da caminhada", diz o filósofo Friedrich Nietzsche (1844 - 1900), uma idéia que Raymond Inmon expressa de forma mais poética: "Os anjos sussurram para aqueles que caminham." O escritor francês anatole France (1844 - 1924) faz uma comparação interessante: "É bom colecionar coisas, mas é melhor caminhar. Porque caminhar também é uma forma de colecionar coisas: as coisas que a gente vê, as coisas que a gente pensa". Esse processo é facilitado pela renovação da paisagem. seja ela rural ou urbana, e pelo próprio automatismo do ato de caminhar.
Em suas Confissões, disse Rousseau: "Só consigo meditar quando caminho. Minha mente só trabalha junto com as pernas".
Finalmente, temos um termo usado tanto pelo poeta francês Charles Baudelaire (1821 - 1867) como pelo escritor alemão Walter Benjamin ( 1892 - 1940). Trata-se de flâneur, que vem do verbo flâner, vagar ou flanar. O flâneur vagava por Paris, observando o que se passava ao seu redor, num claro desafio à moral burguesa então vigente, que via isso como uma vagabundagem. Uma vagabundagem da qual resultaram, contudo, textos admiráveis.
Caminhar é a grande aventura.
Texto de Moacyr Scliar
In: Revista Mente e Cérebro
Ago/2010
Cris, acho muito simbólico o ato de caminhar... Para mim, promoveu grandes mudanças psíquicas. Fortalecendo as pernas, também fortaleci minhas decisões. Na gestação caminhei muito. E agora retomo esse hábito. Não sei se já assistiu o filme "Livre", mas é muito bom. Tem o livro também. É a autobiografia de uma mulher que faz uma trilha sozinha. Mais de mil quilômetros. Ela tem insights incríveis. O filme ressoa com o seu post. Um grande beijo e ótimo dia!
ResponderExcluirAmei esse post!!! Essa sou eu! Eu resolvo tudo caminhando. É o meu exercício para o corpo, mente e sobretudo para o espírito. É caminhando que eu comungo com a Natureza, cuido das minhas árvores, florações e vou cumprimentando meus animaizinhos pelo caminho. É o meu momento de criação, é andando que nascem os meus textos, vêm a mim as ideias...E flanar? Das coisas que se pode levar dessa vida, eu diria que essa é a melhor...e se for beirando o Sena então...é a perfeição! Vou levar essa bela mensagem! Bjs e gratidão
ResponderExcluirBelíssimo texto...e acrescento uma frase de Cora Coralina:
ResponderExcluir"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, no fim terás o que colher."
Boa semana.
Oi Cris,
ResponderExcluirNão conhecia o texto e amei! Pensei que era só eu que precisava caminhar para pensar, para criar! Então estou junto com os grandes mestres?!?
quando enrosco no blog e não sei sobre o que vou falar, uma boa caminhada sempre resolve. Minhas melhores crônicas nasceram de boas caminhadas.
Bjs
Ixiii, perdi muitas coisas por aqui... Não tem problema, vou caminhar por ai e colocar as coisas em dia.
ResponderExcluirObrigada pelo apoio lá, um bj grande.
Oi Cris, que belo texto para reflexão uma bela caminhada para arejar a mente e fortalecer os pés.
ResponderExcluirGostei. Te desejo um belo dia e gostosas caminhadas assim. Bjs
Caminar es el ejercicio más seguro y al alcance de todos, tanto si hace frío frío o calor, jóvenes o mayores.
ResponderExcluirNos sentimos más felices y animados después de un largo paseo y si es acompañados ya es un lujo.
Gracias por compartir.
Feliz día para ti.
Oi, Dra. Cristiane!
ResponderExcluirAmei! Me declaro "caminhante"!
Não tenho carro, por opção! Caminho muito, também sou adepta a corrida!
Adoro ouvir o mundo, sentir o movimento do mundo ao meu movimento!
Beijo carinhoso, feliz semana!