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Bênção Nahuatl - Harmonia e Paz nos Relacionamentos

Cena do Mito do Deus Quetzalcoatl, no México

Esta é uma linda oração dos povos nativos do México que falavam a língua Nahuatl, entre eles os Aztecas. 

Traz grande libertação e paz interior, nossos relacionamentos se tornam mais harmoniosos e felizes. Experimente: 

Eu liberto meus pais do sentimento de que já falharam comigo.
Liberto meus filhos da necessidade de trazerem orgulho para mim; que possam escrever seus próprios caminhos de acordo com seus corações, que sussurram o tempo todo em seus ouvidos.
Liberto meu parceiro da obrigação de me completar. Não me falta nada, tudo está em mim, aprendo com todos os seres o tempo todo.
Agradeço aos meus avós e antepassados que se reuniram para que hoje eu respire a vida. 

Liberto-os das falhas do passado e dos desejos que não cumpriram, conscientes de que fizeram o melhor que puderam para resolver suas situações dentro da consciência que tinham naquele momento. Eu os honro, os amo e reconheço inocentes.

Eu me desnudo diante de seus olhos, por isso eles sabem que nada escondo e nem devo nada além de ser fiel a mim mesma e à minha própria existência.

Caminhando com a sabedoria do coração, estou ciente de que cumpro o meu projeto de vida, livre de lealdades familiares invisíveis e visíveis que possam perturbar a Paz e a Felicidade, que são minhas únicas responsabilidades.
Renuncio ao papel de salvadora, de ser aquela que une ou cumpre as expectativas dos outros.
Aprendendo somente através do AMOR, abençôo minha essência, minha maneira de expressá-la, mesmo que alguém possa não entender. 

Acolho a mim mesma porque vivi e experimentei minha história; porque sei quem sou e o que sinto.

Eu me respeito e me aprovo.

Honro a Divindade em mim e em você. 

Somos livres.


Esta é uma das práticas indicadas para o grupo Correndo com Lobos, especialmente para os Capítulos 12, 13 e 14. E também para a iniciação do Clã das Cicatrizes.



Sobre Lobas, Matilhas e a Grande Jornada

Pintura de Dimitra Milan

Nada sei sobre o exigente dia a dia das formigas e das abelhas. Mas, se me procura para ouvir o que aprendi sobre lobas e matilhas, ah, nesse caso, devo convidá-lo para um chá. Você tem tempo? Que bom! Pois a primeira coisa que precisa saber diz respeito a ele, o tempo. 

Lobas não se deixam oprimir pelo relógio do mundo. Como? Ora, porque aprenderam com as que vieram muito antes delas a auscultar o compasso íntimo e secreto do seu interior. Quando se rendem a ele, você não imagina quanta beleza. Elas bailam e rodopiam nos campos selvagens da liberdade. São livres porque confiam em suas intuições, em sua força vital, nos ciclos de vida-morte-vida impressos em cada Ser sob o Sol. São mulheres que sabem. 

Sabem esperar a hora certa das coisas brotarem. Não precisam de respostas instantâneas. Mais importante é decifrar os movimentos que a vida anseia realizar em seus corações. Por isso, atravessam suas esperas uivando, cantando, pintando, bordando, rezando. Sabem que a abundância se oculta no deserto. E que o crucial é não secar. 

Não confundem bondade com ingenuidade nem firmeza com rigidez. Seus valores mais caros são seus guias. Seguem o faro do discernimento talhado à mão e jamais negociam com o mal. Respeitam seus limites acima de tudo. Mas, fique tranquilo, não há por que temê-las. Isso não. Lobas são calorosas. Sabem acolher o outro com sua presença pura que observa sem julgar. E se abraçam o outro com verdade é porque antes, muito antes, foram capazes de abraçar si mesmas como a mãe que aconchega o filho amado. 

Aprenderam que habitar esse templo chamado corpo é um ato sagrado. Por isso, o amam como ele é. Imperfeito e deslumbrante. Cheio de viço e vigor. Um corpo vivo, que aceita o fluxo da existência e se permite fluir com ele. Ah, isso é muito importante. Lobas agradecem sempre. Sabem que cada respiro é um milagre. 

A certa altura da jornada, elas também descobriram que não há nada, absolutamente nada, que não possa ser perdoado. E que, ao contrário de apequenar, o perdão liberta. Purifica. Amplifica a visão. Sem ele, não há alegria - o néctar que fertiliza a vida. Apesar de tudo? Sim, garanto, apesar de tudo. 

Um dia elas compreendem que sua luz é muito mais forte do que aquilo que as feriu e que certas descidas, frias e escuras, são absolutamente necessárias. Das profundezas sombrias retornam mais completas. Donzela, mulher, velha. Ciclo após ciclo vão embalando em seus corações o mais profundo amor. Amor por si mesmas e por todas as criaturas. A fonte primordial da cura. 

Por tudo isso e muito mais, dou-lhe um conselho: Se encontrar uma loba pelo caminho, dobre o pescoço em reverência. Elas são raras. E incríveis!

Raphaela de Campos Mello
jornalista e escritora

Confira seus talentos
as lindas crônicas: Farelos São Chão
o belíssimo trabalho para noivos:  Nosso Amor, Nossa História

Recebemos este texto maravilhoso da nossa querida Rapha ao final da jornada 2017. 

Que possa inspirar a todas no Ano Novo!


Para ver a agenda de cursos em 2018, clique aqui.



Mulheres em Círculo - Poema

Nosso grupo no momento da dança circular
Em roda
As mulheres se reúnem
Ainda hoje
Sobretudo, hoje

Milagre

Dão as mãos e dançam com suas saias esvoaçantes
Bandeiras multicoloridas ao vento
Da dor
Para
A cor

Travessia

Cada mulher
Uma nau
Colosso

Se me mostra a sua força,
me reconheço forte
Se me presenteia com a sua beleza,
me vejo bela
Se me banha com a sua liberdade,
me autorizo a ser livre

Desde a primeira brisa do tempo
É assim que as mulheres partilham
Espelhos, sonhos, segredos

É assim que elas se lembram
De si mesmas

Raphaela de Campos Mello
jornalista e escritora

Confira seus talentos
as lindas crônicas: Farelos São Chão
o belíssimo trabalho para noivos:  Nosso Amor, Nossa História

Nossa querida Loba nos presenteou com este poema no dia do fechamento do Curso Correndo com Lobos. Foi muita emoção...


Correndo Com Lobos - Capítulo 14 - A Donzela Sem Mãos - A Selva Subterrânea

O capítulo 14 é baseado num conto impactante dos irmãos Grimm. Se você não tem o livro, poderá ler o conto aqui.

É longo e complexo, seria impossível abordar todo o conteúdo na forma de post, mas vou destacar alguns pontos.

Um dos pontos principais é o pacto sinistro que às vezes fazemos enganando à nós mesmas, levando à mutilação da alma. A donzela perde as mãos, significando que a partir daí todo o processo estará fora do controle da consciência, perdeu-se a capacidade de moldar a própria vida.

Para podermos sair desta situação é necessário um longo mergulho dentro de si mesma, uma jornada na floresta escura repleta de perigos. Se formos bem sucedidas, poderemos recuperar as mãos como a donzela, ou seja, recuperar a capacidade de cuidar da própria vida, mas agora numa condição diferente, num outro nível de consciência.

Essa volta se dá através do reencontro do Rei com sua esposa e o filho, mostrando que nesse processo houve o resgate de um aspecto íntegro e amoroso (o Rei) e o nascimento de novas possibilidades de existência (o bebê).


Este conto nos alerta que não existem atalhos para o caminho do auto-conhecimento, aquilo que parece um “ótimo negócio” à primeira vista, pode ser uma grande armadilha. 

O que moveu os pais da donzela a fazer o pacto foi a avidez. A avidez nos coloca no estado de velocidade, de desconexão com nossa essência, pois quem está ávido por algo, quer aquilo logo, não é? E acaba não medindo as conseqüências. 

Sem falar que a separação entre o desejo e a obsessão é uma linha muito tênue. É preciso atenção e cuidado para não ultrapassarmos essa linha.

Como podemos evitar esse engano? 

Através do estado de Presença. Sair do piloto automático, permitir-se parar, respirar, refletir, reconectar-se com seu centro. Essa é a saída. 


Como estamos chegando ao final de uma longa jornada, fizemos uma vivência em duplas com massagem de extremidades, bem relaxante. Depois celebramos com as danças circulares que aprendemos durante este curso.

Queridas amigas, é maravilhoso realizar este trabalho com vocês, um grande aprendizado para mim também. Este grupo é muito especial, por sua característica de acolhimento amoroso, respeito e alegria. Vocês poderão ver as fotos do nosso grupo aqui.

No próximo encontro finalizaremos o livro com o Capítulo 15 - Canto Profundo. 



Correndo com Lobos - Capítulo 13 - Marcas de Combate: O Clã das Cicatrizes


Este capítulo pede um mergulho individual. Ele trata dos segredos que as mulheres guardam por medo, culpa ou vergonha.

Se a mulher não consegue olhar seu segredo, nem sequer chegar perto dele, cria defesas e evita entrar em contato com qualquer coisa que a lembre desse segredo. Mas isso tem um preço: a isola de sua natureza instintiva que  é livre e alegre e cria-se uma zona morta na psique.

Porém nem tudo é tão sombrio quanto parece. Mas para reverter isso é importante seguir estes passos: 

Primeiro: falar do segredo com alguém (seja num diário, com uma pessoa de extrema confiança ou um terapeuta). 

Segundo: Aqui entra a importância do lamento. É fundamental fazer os lutos necessários.

Terceiro: Usar o conhecimento que recebemos no capítulo 12, praticando Os Estágios do Perdão (aqui).

Porque não há nada, absolutamente nada, que esteja fora dos limites do perdão.

Se for bem sucedida nessa tarefa, encontrará luz na escuridão. A ferida se fechará e dará lugar a uma cicatriz, sua marca de combate. Permita que o tempo faça seu trabalho.

Este capítulo traz ainda a história da Mulher dos Cabelos de Ouro, se você não tem o livro, pode ler o conto aqui.

Ele mostra o milagre da psique selvagem, que é capaz de se recuperar não importa a profundidade da “morte” da mulher. E o caminho para essa extraordinária recuperação é o pneumao ar que passa pelos juncos soprados pelos pastores que denuncia o verdadeiro estado da psique e o que precisa ser feito em seguida.

Para essa recuperação é importante trabalhar a respiração, que nos ancora no estado de presença. O exercício recomendado é a Respiração da Árvore. Em seguida faça a Bênção dos Chakras (os posts sairão na próxima semana). Repita diariamente, até que a ferida esteja cicatrizada.

Do ponto de vista expressivo, você pode fazer uma mandala (desenho ou colagem) que represente suas marcas de combate. Essa mandala se tornará uma lembrança da sua força, um motivo de orgulho.

Veja este lindo trecho do capítulo:

Seria uma boa idéia se as mulheres contassem a sua idade não pelos anos, mas pelas marcas de combate. 
“Qual é a sua idade?” perguntam-me às vezes. 
“Tenho dezessete marcas de combate” respondo.

Lembre-se: nossas cicatrizes, sejam no corpo ou na alma, significam que somos mais fortes do que o que nos feriu. Sobrevivemos e seguimos em frente.

Você poderá ver as lindas mandalas feitas especialmente para este trabalho de transmutação das cicatrizes em condecorações (aqui). 

"A jóia está na ferida."
C.G.Jung

Bem Vinda ao Clã das Cicatrizes!


A Outra Face da Raiva - Trecho do Filme - Inesquecível...



Esta é a última postagem da série referente ao capítulo 12 do livro Mulheres que Correm com os Lobos, que trabalhamos no mês de agosto.

A fala da filha caçula ao final do filme recomendado para este capítulo é tão profunda e provocou tantos insights no grupo que compartilho com vocês. Vejam que sabedoria numa garota de apenas 15 anos!

"As pessoas não sabem amar. Elas mordem ao invés de beijar. Batem ao invés de acariciar.

Talvez porque percebam como é fácil o amor se deteriorar, de tornar-se impossível ou impraticável. Portanto, as pessoas o evitam e procuram consolo na raiva, medo e agressão, que estão sempre à mão e disponíveis.

Raiva e ressentimento podem bloquear nosso caminho. Agora eu sei. 

Para incendiar a raiva, bastam o ar e a vida que ela traga e abafa. 

Mas é real. A fúria. E mesmo quando não é, ela pode mudar você. Moldá-la em algo que você não é.

Assim, a outra face da raiva é a pessoa que você se torna.

Se Deus quiser, você acorda um dia e percebe que não tem mais medo da sua jornada. Porque sabe que a verdade, na melhor das hipóteses, é uma história parcialmente contada.

Sabe que a raiva, assim como o crescimento vêm em jatos e em seu caminho deixam uma nova possibilidade de aceitação.

E a promessa de calma."

Não é maravilhoso este texto? E o filme, então... 

Se ainda não viu, veja o post aqui. Deixei lá o link para o filme no youtube dublado em português.

Os Estágios do Perdão


 O perdão não é uma graça que cai do céu, mas um poderoso ato de criação. Ele é um processo que envolve etapas básicas que valem tanto para o perdão de si mesma como de outros:
1 - Deixar a questão em paz por um tempo.
O perdão não é algo imediato, é necessário dar algum tempo a si mesma, com se desse umas pequenas férias ao assunto.
Isto evita que você acabe com suas forças ruminando o tema e faz com que se fortaleça por outros meios, que  se permita outras alegrias na vida.
Toda vez que o assunto voltar, deixe-o de lado, diga a si mesma que precisa deste tempo e volte a fazer algo que te nutra como tecer, escrever, dançar, nadar, pintar, contemplar a natureza, etc… Isto é medicinal.



2 - Controlar-se, renunciar à punição.
Esta segunda etapa é muito importante: durante esse tempo, desista de punir a si mesma ou à pessoa que cometeu a ofensa. 
Evite resmungos e reclamações, atitudes hostis consigo mesma e com os outros. Isto evita que a negatividade se espalhe e contamine toda a sua alma.
Se tiver necessidade de falar sobre este assunto, escreva um diário ou procure alguém de confiança ou um terapeuta.
Controlar-se é um ato de generosidade consigo mesma, mas se houver momentos de raiva incontrolável, soque uma almofada ou travesseiro até a raiva passar. 
Permita que o tempo faça seu trabalho. 




3 - A Reparação
 Ouça sua alma, ela vai lhe mostrar quando já foi tempo suficiente. Então, com menos energia dispersa pela raiva, pode-se pensar na possibilidade de reparação do ato. Se for possível, busque a reparação sem causar mais sofrimento a si mesma ou ao outro. Mas nem sempre é possível; e se não for, é necessário criar uma reparação simbólica. Se tiver dificuldade com isso, a ajuda de um terapeuta pode ser importante.



4 - Esquecer, afastar da memória, recusar-se a repisar
Passado o tempo de fortalecimento, da reflexão e da reparação, é hora de esquecer o assunto ou pelo menos recusar-se a repisá-lo vezes sem conta. 
Cada vez que você remói algo, fortalece os circuitos neuronais que o mantém na memória, e ativa o sistema límbico (responsável pelas emoções) que produz uma grande quantidade de neurotransmissores que fazem seu corpo reviver todo o sofrimento. 
Se evitar conscientemente fazê-lo, afastando a cena da mente e buscando outros interesses, você deixa de reforçar esses circuitos e o assunto deixa de ocupar o plano principal da sua vida. Desapegue, deixe ir. Pratique esta etapa durante o tempo que achar necessário.


5 - Abandonar a dívida
Nesta fase, você vai fazer a decisão consciente de deixar de abrigar o ressentimento. É você que decide quando perdoar, e qual a dívida que agora não precisa mais ser paga. 
Você decide também o como: se vai perdoar só por enquanto, ou se vai perdoar mas não vai dar outra chance, ou vai dar uma segunda chance, ou se vai perdoar mas precisa se afastar daquela situação que a prejudica, ou se consegue perdoar  apenas uma parte da ofensa, ou se vai perdoar totalmente. É você quem decide.
Você também decide qual o ritual simbólico que vai marcar este evento. É muito importante marcar simbolicamente a finalização deste processo.


E como saber que perdoou?
Você passa a sentir tristeza ao invés de raiva, e compaixão ao invés de irritação. Você compreende o sofrimento que provocou a ofensa e prefere se manter fora daquele meio. Você não espera por nada.
Aos poucos, você pára de pensar no assunto, a vida volta a seguir e a brilhar.


Clique aqui para reler o post anterior, onde falamos dos limites da raiva e do perdão.

Há duas práticas muito úteis nestes momentos: A Invocação da Luz Divina (aqui) e a Prece do Perdão, que publicarei a seguir.



Os Limites da Raiva e do Perdão - Parte 2


E então,  como fica a questão da raiva e do perdão?

A raiva é um sentimento inerente à condição humana. Ela tenta nos avisar que perdemos o controle sobre uma pessoa ou situação. Reflete algo que precisa de atenção. Não é boa nem ruim, depende do uso que faremos dela.

Por trás da raiva geralmente há dor ou medo que temos dificuldade de encarar. Achamos que é mais fácil encobri-los com raiva, já que ela aparentemente nos deixa mais fortes. Só que essa força é uma ilusão, pois a energia é retirada do nosso interior e direcionada para fora, o que nos deixa exaustas.

Quando ficamos bravas com uma pessoa, achamos que estamos recuperando o controle, mas o que de fato acontece é que estamos perdendo o controle de nós mesmas.


A melhor estratégia é ser uma observadora da sua raiva e verificar se está relacionada a algo vital que necessita de reparação. Ou o contrário, se era desnecessária ou fruto de um mal entendido. Afaste-se um pouco e  contemple a natureza ou um horizonte mais amplo, permita-se tempo para examinar a questão. As etapas descritas na parte 1 deste post podem ser de grande ajuda.

A raiva sempre pede um ato reparador do outro ou de nós mesmas para que se restaure o equilíbrio e possa acontecer o perdão.

Diferente do ódio, que não busca reparação nem melhora da situação, mas apenas a destruição do objeto ou do outro. E neste caminho a pessoa acaba destruindo a si mesma. O ódio é o polo extremo do princípio do poder e da ausência de amor.


O Perdão é a saída para a raiva. Inclusive e principalmente o perdão de nós mesmas! Ele não é uma graça, algo que cai do céu, nem algo que simplesmente acontece, ele é um ato de criação. Talvez o mais poderoso ato de criação que podemos realizar…

As pessoas acreditam que o perdão é absoluto, ou tudo ou nada, que perdoar é esquecer, ou fingir que não aconteceu e etc…Isto é pura fantasia, talvez seja real para alguns santos iluminados, mas não para a maioria dos seres humanos. Não é à toa que o capítulo diz: os limites da raiva e do perdão...

Por ser um ato de criação, podemos decidir: 

se precisaremos de um ato reparador para isso, 
se vamos perdoar até que o fato aconteça novamente, dando uma segunda chance,
se perdoamos, mas percebemos que aquela pessoa/situação não nos faz bem e nos afastamos,
se não podemos perdoar agora, mas talvez um dia,
se vamos simplesmente esquecer…

O perdão tem muitas camadas, várias estações, e todas são válidas. O importante do perdão é começar e persistir pois o  processo é longo, mas o resultado é profundamente transformador.


Como você sabe que perdoou? Quando passa a sentir tristeza ao invés de raiva. Você passa a compreender o sofrimento que causou a ofensa, prefere se manter fora daquele meio e não espera por mais nada. 

Com o tempo passa a não pensar mais tanto naquilo, sente que a vida começa a seguir seu curso e volta a brilhar.


P.S.: Vou fazer um post sobre as camadas e estações do perdão, aguardem.

Correndo com Lobos - Capítulo 12 - O Urso da Meia Lua - Os Limites da Raiva e do Perdão - Parte 1

Tela de autoria de Eliana Atihe

Chegamos ao Capítulo 12, o ponto culminante de todo o livro! 

Ganhamos este lindo presente da querida amiga Eliana Atihe: a tela ilustrativa da história que você pode ver logo acima.

Foram quatro horas de trabalho intenso, e seria impossível resumir aqui tudo o que discutimos e experimentamos nas vivências, mas vou tentar dar umas dicas.

Baseado no folclore japonês do século VI, é um Conto de Revelação, que permite um grande salto na consciência. Se você não tem o livro, pode ler o conto aqui.

Do ponto de vista simbólico, todos os personagens são aspectos da personalidade de uma única pessoa, portanto o conto nos ensina as etapas que devemos percorrer para cuidar dos aspectos feridos de nossa alma.


1 - encontrar uma força calma e restauradora dentro de si mesma através do silêncio, do aquietamento, do contato com a natureza ou do contato com alguma pessoa sábia. No conto, esta força é representada pela curandeira.

2 - acolher e amar seus aspectos feridos, o que se traduz em coragem para aceitar o desafio necessário para a cura. No conto, isto é representado pelo amor da mulher ao seu marido ferido na guerra, e a coragem para subir a montanha e encarar o urso.

3 - reconhecer as ilusões, agradecer e deixá-las ir. Perceber quais crenças limitadoras nos acompanharam até aqui e permitir a abertura para uma compreensão mais profunda sobre nós mesmas. No conto, isto é representado pela reverência que  a mulher fazia a tudo, e as árvores afastavam seus galhos para que ela passasse.

4 - dar descanso aos nossos mortos: velhos sentimentos, arrependimentos, possibilidades não vividas…é preciso fazer o luto do que não pudemos realizar e permitirmos o desapegar, para que a vida continue e algo novo possa surgir, e isto exige tempo.  É representado no conto pelos fantasmas dos mortos que não tinham família para sepultá-los, e o gesto da mulher que pára no caminho para orar e dar descanso a cada uma dessas almas, mesmo que atrasasse um pouco sua jornada.

5 - agradar ao grande Self e o reconhecimento do lado selvagem da psique. No conto, isto é representado pelo cuidado e pela estratégia na aproximação ao Urso. Lembrando que o Self tem o polo abstrato (mental) e o polo instintivo (físico - representado pelo Urso), e ambos precisam ser honrados.

6 - trazer todo este conhecimento para a vida real. Simbolizado pela curandeira que queima o pelo branco do urso e manda a mulher repetir com o marido tudo o que tinha aprendido nessa jornada.


Todas as vivências foram realizadas com base em práticas de cura ancestrais, fizemos um aquecimento para liberar as tensões e a raiva contida, harmonização com a respiração da árvore e depois passamos para o movimento autêntico.

Você pode ler o lindo poema coletivo que surgiu à partir da vivência aqui.

Terminamos com uma vivência para a criação de um talismã para cada uma. 

Lembrando o sentido original dessa palavra: talismã é um objeto que nos lembra de um aprendizado de valor inestimável, que nos lembra da nossa própria conexão com a totalidade.

Mas afinal, onde entram os limites da raiva e do perdão? Você vai ver na segunda parte!