O que vemos quando olhamos para nossos entes queridos?
A cegueira se evidencia quando a flagramos em outro mundo, seja encontrando um amigo de infância ou fazendo algo inusitado. É como se fosse outra pessoa!
Nunca abraçamos alguém por inteiro - e nem deveríamos tentar.
Seu/sua companheiro/a nunca foi nem nunca será apenas seu companheiro: é uma pessoa que vive com você. Conectar-se com essa pessoa livre, não apenas com suas identidades, é o melhor jeito de aprofundar a relação.
Conhecer o outro muitas vezes significa congelar o outro. Para conhecer alguém é preciso desconhecê-lo, relacionar-se com o espaço onde surgem suas faces e histórias. Liberar o outro de quem ele é (ou de quem pensamos que seja).
Impedimos as pequenas mortes e renascimentos quando silenciosamente, sem saber, exigimos que o outro encarne de novo e de novo o personagem com o qual estamos acostumadas.
Desejamos suspresas ao mesmo tempo que as dificultamos. Ao controlar, tentamos garantir que a relação dure, que não sejamos abandonadas, que o outro não seja assim tão livre: "Mude, mas somente dentro das mudanças que eu espero."
Conhecer o outro é alimentar sua imprevisibilidade, descobrir não tanto o que a pessoa é ou foi, mas quem não é, quem ainda pode ser.
E isso é lindo...aumenta as possibilidades criativas dos relacionamentos e da vida!
Gustavo Gitti
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